terça-feira, 21 de julho de 2009

XVI

De cada vez que um de nós morre
há uma faca apontada às jugulares:
o silêncio como mantimento.

A morte equilibra-se em nossos corações
com o deslumbramento.

Há-de haver um corpo que transite de alma em alma
e em cujos olhos se alumie a força brutal da mesma vida.
Há-de haver uma voz desvairada que se derrame como napalm
sobre a noite que nos envolve.

Por agora não sei como tocar a distância de onde nos falam.


de O vento soprado como sangue, Cosmorama, 2009.

11 comentários:

  1. Música. Ridiculamente tonal. Há que tomar precauções apocalípticas e dar solução ao piano. Nada de sétimas diminutas que, de tão românticas, esbofeteiam qualquer nazi que se preze. Não. A retórica da solução final é trocar o piano pela bateria e fazê-la explodir na jugular do ouvido. Dá-lhe gás que não quero ouvir mais nada. Quando o som não consegue legitimidade torna-se patológico. É uma forma de silêncio como outra qualquer. Colcheias a torto e a direito, com toda a força, que a pauta é de cinco em linha e estou farta de melodias lamacentas de Dalai felicidade, dependuradas em claves de sol. Ah Ah Ah!
    Tá bem abelhas – diz a vítima, de auscultadores em cada tímpano a curtir o belo do Requiem de Mozart. Morri por hoje.

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  2. Escreves bem mas és estúpido.

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  3. Eu sou UMA GAJA! Respeito!

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  4. João,

    recebe o meu melhor abraço. Já sabes o que penso. Já sabes o que sinto. Continua, a escrever...a escrever...a ser escritor!

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  5. Lindíssimo. Inquietante também.

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  6. Sem nada com nada quanto dá?

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  7. E tu, Isabel, quando é que nos presenteias com um dos teus belos textos?

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  8. anónimo, escreves sempre com os cotovelos?

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  9. mas com cotovelos ou com os dedos a diferença está restrita aos membros superiores...
    Quanto chegar à cabeça não depende de quem escreve, mas de quem lê...
    E presente está mais ausente do que a casca da castanha quando abre o ouriço.

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  10. Respostas sábias do mestre às três frases atrás situadas

    1ª Frase: “O que há a fazer, é não fazer nada, fazendo tudo.”

    2ª Frase: “Se já lá estivesses, nunca lá chegarias. Se já lá não estiveres, nunca lá chegarás.”

    3ª Frase: “Aparece desaparecendo.”

    PB

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