Poetas da profecia e da divina loucura
à procura da índia ainda distante
encontram se numa infinita despedida
na ponte do tolo de Amarante
e lembram as ruínas do continente
célticas e gregas pedras no sol-pôr
e falam das hecatombes e da dor
da ignorância do dia impertinente
que alvoreceu na Europa desencantada
onde os gritos do mercado derrubam o mito
que era tudo mesmo e que é não mais nada
do que uma velha e gorda vaca bem acabada
na lembrança, remota, do rito
com o touro divino numa praia dourada.
Pascoaes e Pessoa visionam e efectuam um novo rapto de Europa, já não para Creta, mas para as "Índias espirituais", no voo largo e célere da divina I-lusão... São os poetas-profetas do futuro oculto no eterno instante e deixam a léguas de atraso todos os velhos do Restelo que se debatem ainda nas falsas questões do Velho Mundo, terra gasta que só reflorescerá pelo seu abandono. Com eles caminhamos, não já para Ocidente, como pretendia a jovem ingenuidade de Thoreau, mas para a re-Orientação vertical, essa que mais do que nunca hoje desponta no Finisterra, esse "Oriente ao oriente do Oriente" do "Opiário" de Álvaro de Campos.
ResponderEliminarO teu alemão é cada vez mais luso. Uma revisão e fica perfeito.
Havemos de dizer este e outros poemas, a retinir saúdes e taças de verde tinto, "na ponte do tolo de Amarante". Pascoaes e Hölderlin comparecerão e dançaremos a divina loucura com todas as ninfas do Tâmega, arrebatadas e amadas até ao infinito do que não tem nome!
Saúde, Dirk!
posso ir convosco a amarante?
ResponderEliminarSaúde!
A avaliar pelo poema, sim.
ResponderEliminarJá lá fomos várias vezes. Havemos de voltar e todos são bem-vindos.
ResponderEliminarTambém posso ir?
ResponderEliminarTambém sei alguns poemas, gosto de pontes, de Pascoais e Holderlin, de loucuras divinas, de vinho verde, de verde campo, de contemplação e de cantar.
Venham todos e tragam amigas e amigos. Estamos à vossa espera...
ResponderEliminarSaúde!
ResponderEliminarDirk, recordo que no "Diálogo", Hölderlin e Pascoaes encontram-se numa "floresta verde"... falam sobre a Grécia e os deuses. Sobre a Índia como "uma era perdida das ideias" e como uma "terra perdida na margem da Saudade"... tu ouves e prometes que sempre que os encontrares nos contarás os diálogos de ambos... desta vez foi em Amarante. E o próximo diálogo será já na "Índia ainda distante"?
ResponderEliminarTão amorosos!
ResponderEliminarAs baleias podem ir?
E as velhas com buço?
ResponderEliminarEu também tenho direito?
ResponderEliminarÉ preciso levar merenda?
ResponderEliminarTenho uma enciclopédia grande. Acham que vai fazer falta?
ResponderEliminarSomos um conjunto de trigémeos. Será que vamos caber?
ResponderEliminarÓ Paulito, eu sou mesmo muito magra. Tou com medo de ir e ninguém notar...
ResponderEliminarSó vou se a aurora me disser os poemas que sabe!
ResponderEliminarSomos animais. Podemos ir?
ResponderEliminarNão digo poemas às naifas.
ResponderEliminarSó às ninfas.
Quando é que vamos?
ResponderEliminarReunimos todos e resolvemos que somos complexados e, por isso, não vamos. Temos medo. Temos medo que tenham medo. Isto é respeito.
ResponderEliminarAlém disso, a aurora é racista.
Medo?! Medo de quem? O que haverá no Tâmega que possa assustar alguém?
ResponderEliminarSomos tímidos.
ResponderEliminarOhhhh, toco e canto para vós... vinde e deixai a timidez
ResponderEliminarTocais bem?
ResponderEliminarNaifas arrepiam.
ResponderEliminarQuero esconder-me nos caniçais enquanto estrafegas no ar, sibilante.
Medo, sim, das naifas e dos vossos egos. Na ponte de Amarante só compareço se estivermos todos incognitamente em delírio poético.
Delicadamente, na ponte, dançarei para todos vós. Vinde para a Festa. Apressai-vos...
ResponderEliminarOs poetas são ruínas.
ResponderEliminarA música desafina e a dança move-se em desarmonia carnavalesca.
Qual é a pressa? Tu sem s?
Corrigo-me: Não é "dos vossos egos" mas "dos nossos egos".
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarEm Amarante, Holderlin não atravessaria a ponte. Lançar-se-ia ao rio, porque iria atrás dos peixes com nomes de deuses. Pascoaes sentar-se-ia numa pedra para ver chegar à tona o seu rosto branco e escrever versos sobre as máscaras e o divino. Porque os deuses, como a Morte, gostam de ser múltiplos.
ResponderEliminarAgradeço muito a ideia de juntar Pascaes e Holderlin, em Amarante e antes disso no teu pensamento.
Isabel, um :)
ResponderEliminarAnónimo,
ResponderEliminarum sorriso ainda maior. Há tantos dias sem sorrir, quase que me apetece andar por aí a semeá-los no ar...
na feira de sant'iago em setúbal. dois loucos- o pão-e-uvas e o zé maluco, disputavam, a passo, voltas ao lago.nós apostávamos no vencedor. ninguém pensava no que pensavam. será que era importante. pareciam felizes. saberiam mais do que nós?
ResponderEliminarnão sei o que é saber. Mas há boas indicações na breve história sobre o sentido da alegria. E ser alegre não é ter e ser mais, por exemplo para Espinosa?!
ResponderEliminarSooooriso
essa da multiplicidade da morte, não lembra a deus, nem ao diabo...
ResponderEliminaro espinosa sabia que estava morto antes da nascer.
Lembra a António Patrício e eu penso que a ideia é muito bela...e interessante de explorar...
ResponderEliminarEncontramo-la em "D. João e a Máscara", mas também em certas tragédias, nomeadamente nas Bacantes de Eurípides. Encontramo-la na vida e quando assistimos à morte dos que amamos nos nossos braços. São ainda outras aprendizagens das máscaras.
Um sorriso
coro e lamento, os que amamos vivem sempre ao nosso lado...
ResponderEliminarum abraço
fraternamente recebido e sem máscara.
ResponderEliminarisabel, agradeço.
ResponderEliminarOh, acabou?!
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