Primeiro:
Branco ou tinto, confrades?
Hoje não sei se preciso branco ou tinto,
A leveza branca ou o profundo vermelho das uvas
Do nosso país.
Segundo:
Que país, pá!
De que falas?
Pede o vinho e cala-te.
Terceiro:
Também não sei?
Carne ou peixe, céu ou mar?
Tudo se abre em mim como no horizonte
E antes do horizonte indefinido.
Carne sangrenta ou peixe branca e salgada?
O sangue doce é a anunciação do crepúsculo,
O peixe do mar é o voo do espírito.
Mas o que quero, será que sei?
Quarto:
Eu não tenho duvida do meu cardápio,
Pois vou comer uma Omeleta
Nem carne, nem peixe
Somente ovo –
Ai, mas o ovo também me faz pensar…
Segundo:
Não começa de novo
Você já escolheu
E as perguntas só aparecem depois.
Eu vou comer um salmão.
Terceiro:
O que, um salmo? Que salmo?
Segundo:
Um salmão, caramba!
Escolhe tu o vinho!!!
Quinto:
Se eu pudesse escolher o vinho
Um vinho bom
Iria escolher um vinho que ainda não existe.
Mas assim prefiro um vinho tinto
Para chamar o profundo
O fundo sem fundo
Que ainda não chegou em nos.
Terceiro:
Então a carne, um bife
Para acompanhar o vinho
Para me.
Primeiro:
Um vinho tinto então!
(o vinho tinto vem e eles enchem os copos e brindam)
Primeiro:
Nos somos cinco e tudo que seja, será cinco.
Cinco como nos cinco,
Quinto, cinco, quinto…
Todos:
Nos, o Quinto
Cinco dedos da nossa mão
Cinco sentidos unidos
Cinco extremidades e um coração
Quarto:
Mas, o que…?
Não entendi?
Que extremidade?
Segundo:
A sexta extremidade.
Terceiro:
Para de rir e de falar besteira,
Somos todos tudo ao mesmo tempo!
Primeiro:
Somos tudo todos. Os cinco e o quinto…
Saúde!
Todos:
Saudade!
Silencio … E no encoberto do restaurante ergue se uma voz sonora:
E quando vamos para Amarante?
FIM
em portugal o três, nas tascas esconsas o copo de três, o terceiro o do espiríto, para o amigo que partiu. esse bebe-o a alma.
ResponderEliminaro tinto de amarante mesmo verde (coitado tem pouca idade) é sempre benvindo para a celebração.
Belo. Grande festa, Dirk. Mas isso é uma confraria só de homens e do vinho!? Então e as mulheres baquianas irmanadas pelo vinho? Onde estão as musas, as ninfas, as donzelas?... Não têm lugar nessa confraria!? Também queremos ir a Amarante...
ResponderEliminarTragam as musas e o vinho...
ResponderEliminar"As melodias ouvidas são doces, mas as que não se ouvem
ResponderEliminarO são mais; por isso, pífaros ainda doces, tocai, tocai, tocai..."
não sei se é assim, assim, mas faz de conta.
Embebedam-se com nada... Antes assim. Sai mais barato, faz menos mal e o efeito é o mesmo, para melhor.
ResponderEliminarMuito giro!
ResponderEliminarVoltei a ter vontade de ir a Amarante, à ponte das Ninfas. Elas estão lá, não estão?
Olha, Anónimo, bebe uns copos que ficas na mesma onda...
ResponderEliminarDirk, já bebeste!? Estes cinco são quem eu penso?
ResponderEliminarAurora, vou contigo. Prepara os poemas. E não te preocupes há ninfas em todo o lado.
ResponderEliminarCristalino como água. Água o quê?!!... Vinho!
ResponderEliminarPaulo, acho que sim, que são estes que voce pensa(ou outros, ou todos) Mas hoje ainda não bebi, somente agua cristalina...
ResponderEliminarMaria, as ninfas sempre acompanham e podem acompanhar sempre os homens...
Saúde
A água é que embriaga, já dizia Nietzsche...
ResponderEliminarSempre!
ResponderEliminarIsso mesmo, Dirk!
Saúde!
"E quando vamos para Amarante?"
ResponderEliminar"Embriaga-te!
ResponderEliminarDevemos andar sempre bêbados.
É a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar.
Com vinho, com poesia, ou com a virtude.
Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; pergunta-lhes que horas são: 'São horas de te embriagares. Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem descanso. Como vinho, com Poesia, ou com a virtude'. "
in Poesia Mais-que-perfeita
Charles Baudelaire
enquanto há força no braço no braço que jinga cantaí rapazes, dançaí raparigas...
ResponderEliminarolé, olé...
ResponderEliminarÓ confraria da tasca do TiZé, se não ides a Amarante... que fazeis a 4 de Agosto?
ResponderEliminarPor onde andais Manuelinho com o teu amiguinhooo Rumî?