sexta-feira, 29 de maio de 2009

vida nua/belavista II

a decisão soberana está desde o início ligada à discriminação entre membro e não-membro. o leviathan não precisa de utilizar o seu monopólio da violência para decidir sobre a vida e a morte, pode excluir e colocar a condição humana individual numa situação periclitante ou mesmo ausente.
o poder soberano faz a ligação entre norma e realidade, institui a norma e cria a excepção para melhor dominar.não se limita ao antigo poder do patriarca que é uma relação fundacional e de violência à qual se pode resistir.ele decide sobre a condição de vida ao transformar um individuo em vida nua.

ps.estes pequenos apontamentos são baseados num estudo próprio sobre giorgio agamben

21 comentários:

  1. não existe leviatan apenas leviatanos.

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  2. Partindo do "princípio" de que apenas há leviatanos, há também a egrégora (holónica e não só) dos tais: logo, há Leviatan.

    Lembro-me, e lembro aqui, duas frases acutilantes de Ayn Rand:

    "Contradictions do not exist. Whenever you think you are facing a contradiction, check your premises. You will find that one of them is wrong."

    "Government 'help' to business is just as disastrous as government persecution... the only way a government can be of service to national prosperity is by keeping its hands off."

    (citei de memória)

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  3. Lapdrey,

    queria apenas significar que maior é a opressão de nós sobre nós mesmos.

    E que o Estado não tem assim tanta importância, embora possa legislar duramente e ter uma carga fiscal avassaladora, por exemplo agora com a nova história do imposto europeu.

    Penso que os patrões são mais opressores que o Estado, porque lidamos diariamente com eles e calamos, sob pena de despedimento.

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  4. Aqui, de novo me ocorre Ayn Rand (is this Ayn Rand's Day? rsrs):

    "Evil requires the sanction of the victim."

    Entre rebelde (no fundo, inconsequente) e carneiro prostituidamente amestrado e
    auto-consentido, a maioria prefere o sofá da segunda ao desterro acossado de sem-lugar, da primeira.

    Talvez por isso, haja mais quem faça sofás do que esteiras, e subsistam ainda as poltronas de quem nos cilha a cerca onde muitos se imaginam seres livres.

    Esses são os que mais responsabilidade têm, sem mesmo a saberem: atraiçoam a própria traição em que se libertariam porventura...

    Quanto a patrões e a Estado: uns defendem o pêlo, o outro curte-o de todos os modos.

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  5. Verdade.

    Mas penso também que a maior revolta é contra a nossa própria inércia e vista limitada pelo que nos habituámos a comer.

    Há dias falava-se aqui da contingência e da libertação da mesma; entendo que a revolta é precisamente isso.

    E por isso não falamos aqui - como penso que Lapdrey não fala - da revolta que se explicita em cartazes e manifestações, senão numa manifestação de mudança de vida, que eventualmente trará uma nova perspectiva sobre o mundo.

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  6. nem o estado nem o patronato são decisivos na questão.os fluxos de poder transfiguram-se, na sociedade de controlo são sociais.
    mudar de vida... para que vida?

    'depois dos campos (concentração), não há regresso possível à política clássica; neles, cidade e casa tornaram-se indiferenciáveis e a possibilidade de distinguir entre o nosso corpo biológico e o nosso corpo político, entre o que é incomunicável e mudo e o que é comunicável e dizível, foi-nos retirada para sempre' agamben

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  7. baal: para a vida despojada e comunitária, tribal, no máximo das nossas forças. Claro (?) que isto não é possível onde há muita densidade populacional. Retorno ao primitivo.

    Não conheço Agamben, mas é judeu, esteve em algum campo, é descendente, ou apenas reflecte sobre o que aconteceu?

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  8. de resto concordo em que o controlo é social, mas isso é feito pessoa a pessoa, individualmente, quando outros tentam exercer poder sobre nós e vice-versa. Por isso digo que não existe leviatan mas apenas leviatanos.

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  9. Entendamo-nos, meu caros.

    Se o controlo é a capacidade conquistada ou concedida (o que vai ao mesmo) que determinado ser é capaz de exercer sobre tal outro, a que nível for - isso é vínculo, porque de vinculação se trata; logo, também, é recíproca dependência e sujeição, ainda que "hierarquicamente" aceite, com a vontade ou contra ela, no desnível que a suporta e alimenta.

    Mas, isso não significa, quer-me parecer, que o vínculo seja "social".

    Ou seja, ele consuma-se social e societariamente, mas não tem aí, na relação exterior, a sua mais profunda raiz, que radica, sim, no íntimo do homem e na sua capacidade, ou não, de espelhar a mais valerosa e venturosa natureza do seu espírito, com a intacta nobreza arquetípica do guerreiro.

    Pode-se ser escravo e morrer (e assim ter vivido) como um rei. Pode-se ser rei, e viver toda a vida escravo da própria cobardia de ser.

    Podemo-nos render perante os poderes - públicos, semi-públicos, privados, ou outros, não importa - que, de acordo com o seu intrinseco pendor para o domínio e a actividade predadora, tudo farão para subjugarem-nos, ou então podefremos manter (contra tudo e acima de tudo) firmeza no que não pode nem deve ser vendido, precisamente porque não é negociável, logo não é renunciável senão à força da renúncia à própria natureza.

    A assim não fazer-se, nada poderá preservar o homem da vil mais currupção de si, partilhada e viral, que assim tem comum licença para graçar, como hodiernamente a tem, por (quase) toda a parte.

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  10. N.B. A revolta a que eu me refiro, caro Maltez, é a bem dizer a "metanoia", a "reviravolta" do do espírito do homem, que me parece dever ser a sua incessante condição de "caminhar": recolhimento e, nisso, re-colhimento;
    concentração e, assim, con-centração.

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  11. Lapdrey, concordo plenamente com o teu penúltimo comentário, especiamente em que há algo que não pode ser vendido e de que não podemos/devemos abdicar e que devemos reivindicá-lo sempre que isso está em causa. A autonomia.

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  12. "Incessante condição de caminhar" - concordo, até ver.

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  13. Permito-me notar, Maltez, o que escrevi (pequena nuance, apenas):

    "incessante condição de 'caminhar' "

    - "caminhar", que aspei, para denotar e assim porventura prever o para-doxo que vai além de doxa e doxias, entre caminho e não-caminho no "caminhar"...

    A pulverização da razão cindinte, pois, que por aqui tanto ocorre em posts e comentários ...

    (Se com proveito ou sem ele, a cada um de sabê-lo...)

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  14. Paradoxo no caminhar? A mente não caminha? Ou só o corpo se move?

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  15. Lapdrey, o que é a razão cindinte?

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  16. armas para o povo, eis em 35 anos a única palavra de 'ordem' que percebi

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  17. os ventos revolvem-se e infelizmente novos domadores surgem.

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  18. o povo torna-se governo, o governo torna-se povo, ad eternum.

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  19. maltez, falava de armas não falava de música. vê se acordas.

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  20. ninguém fala de hegel, fala-se de foucault, e da derrota da liberdade.

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