"O ser ou se revela um ou muitos. Em nós, ele é ao mesmo tempo uno e múltiplo, e assim como nos implicamos em cada uma das maneiras como somos, assim cada uma delas implica as outras. Assim também uma ligação íntima e substancial existe entre um homem e todos os outros, entre um ser e todos os outros seres, não sendo jamais viável a liberdade dum sem a liberdade de todos, o bem dum sem o bem de todos.
Assim vemos o filósofo digno desse nome não poder situar-se do lado do que define e determina pois a verdade está também no que indiferencia e indetermina.
O homem que se toma a si próprio como fim é considerado, em geral, como um néscio e dia virá em que ele próprio o verifique. Mas esta humanidade que se tomou a si própria como fim supõe-se sábia. Já dos longes do suposto passado se levantam não só os velhos deuses, mas os vultos fantasmáticos dos homens de outras eras. Já erguem suas frontes meditativas sobre o horizonte ainda velado para a maioria, já alguns podem ver como nos contemplam. Em breve nos julgarão. Mas é de crer que nada digam. É de crer que se contentem de soltar à nossa volta imensa gargalhada. Depois sumir-se-ão de novo, deixando esta estúpida humanidade com sua ciência pequenina e perigosa, sua arte frustrada, sua magra filosofia, cumprir o lôbrego destino para que se adianta inconsciente"
- José Marinho, Aforismos sobre o que mais importa, edição de Jorge Croce Rivera, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994, p.215.
Sem comentários.
Tudo é ridículo, sobretudo o que se não vê como tal. Mas também o é dizê-lo.
ResponderEliminarHá todavia uma profunda seriedade no rir e nisso de que se ri.
Até no dia dos Trabalhadores esta gente não pára de pensar sobre o ser...
ResponderEliminarVão mas é para a rua, para a Luta!
Quem te diz, caro anónimo, que isto não é uma rua e uma Luta!?...
ResponderEliminardigo eu.
ResponderEliminarqueria dizer, digo eu que sou um ser que se revelou um.
ResponderEliminarE o texto de Marinho, alguém o respeita? Se estivesse traduzido em inglês, seria hoje considerado um dos maiores pensadores europeus. Como escreveu em português, tem a maior parte da obra encaixotada na Biblioteca Nacional e, dos livros publicados, ninguém os lê.
ResponderEliminarPois. O problema é que tudo o que vem de Portugal tem necessariamente que ser mau. Pior, dizem até que não há Portugal. E tudo isto existe e tudo isto é triste e tudo isto é fado!
ResponderEliminarNa verdade e em absoluto não há, mas no domínio do que é relativo é melhor não o dizer...
ResponderEliminarQuem tem hoje a capacidade de ver que o bem de um ser não é viável sem o de todos? Marinho não fala só dos homens. Quem pode mudar uma civilização fundada no antropocentrismo, a não ser uma enorme e dolorosíssima catástrofe?...
ResponderEliminarne não escolhemos a razão, escolhemos o pensamento de uma medusa?
ResponderEliminarUma medusa pensa melhor que vocês todos, enquanto vos chupa as entranhas.
ResponderEliminarO princípio-Medusa, a sorver o mundo!...
ResponderEliminaruma medusa é uma alforreca? sou um homem do mar,nao sou do pensamento.
ResponderEliminarBaal, és um homem!? Desiludes-me.
ResponderEliminarEm vez de tanta conversa de chacha, apurem antes o ouvido e escutem o imenso e tremendo gargalhar de que fala Marinho.
ResponderEliminarnão sou uma onda do mar, és uma mulher? chatice... é assim a vida, mas sou um deus de letras pequenas (homenagem a saudades do futuro).
ResponderEliminarJá experimentaste maiuscular-te, Baal?
ResponderEliminarboa piada, para um outro qualquer.
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