Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Serenos Sobressaltos - "Basta pôr fim às visões falsas"
"Não é necessário procurar a verdade. Basta pôr fim às visões falsas"
As ideias construídas pelo nosso ego ao tentar apoderar-se da realidade? A vontade louca que tudo tenta ser e abarcar? Tudo aquilo que ao mundo queremos mostrar? O homem que diz "eu domino"? Aquele que se afirma? O que não caminha, não respira, não vê, não ouve, não toca, mas que tudo concebe? O que não lambe o brilho do chão cinzento numa fria tarde do nunca em Paris ao longo do rio inominável?
Se puseres fim as visões falsas, estás na verdade, porque tu e tudo o que te rodeia é a verdade. Tudo o que possas conceber para lá disso não é a verdade, mas uma mera concepção.
Tudo o que abstrai da realidade não se adequa à realidade, é vazio e não se refere a ser algum. E falar em "realidade" é já conceber, porque tentativa de abarcar as coisas que são numa palavra. É um caminho fácil, falso e incompassivo para Deus.
A própria palavra "Deus", no sentido do comentário anterior, é tentativa de abarcar as coisas que são numa palavra, porém numa palavra não vazia, mas compassiva. Mas Deus não está aí, mas nas coisas que são, sejam elas o que forem.
São visões(-produções-concepções). Vontade de ser porque (se sente que) nada se é.
Como falar do outro, quando o não somos? Restar-nos-á frui-lo? E o que sentido tem a palavra "frui-lo" quando existe tanto sofrimento? Não será esta palavra uma perversão da verdade?
Teremos visões porque estamos apegados ao outro, como este anónimo que aqui fala está apegado a esta Serpente que o emociona e com a qual aprende e apreende?
Ou tê-las-emos porque estamos apegados a nós mesmos? Estarei de facto não apegado à Serpente mas a mim mesmo? E porquê esse apego? Mera vontade de afirmação? A vontade de afirmação é vontade imposição, o que é um tique autoritário. Bendita seja a autoridade que não se impõe.
Limitando-nos a ser para que assim com tudo nos unamos e ilimitados mais não sejamos amor puro? Luz na escuridão? Ou serão isto ainda visões? Se assim é, alguma vez me libertarei delas? Alguma vez serei? Alguma vez fui? Sou?
Sou real como as pedras, sou areia, sou vento, sou mar, sou céu, sou pássaro, sou peixe, sou as folhas caídas, pedaços de papel esvaídos em sangue, sou lágrima, sou riso e sorriso, sou nada, sou tudo.
Um grão de areia no infinito, uma praia deserta, sou respiração. Sou a minha própria visão. Eu sou visão. O eu concebido é visão - será esta afirmação uma visão?
Será que tudo o que possamos afirmar ou negar é visão? Será que quando eu como um gelado estamos apenas perante alguém que com algo faz alguma coisa? Sobra-nos o acto - Deus como acto puro: será isto ainda visão?
Será este diálogo um agregado de visões?
Como viver sem afirmar nem negar? Não é afirmar e negar o mesmo que pensar? Como não dizer o que se pensa? Por que não dizer o que se pensa?
Porquê não pensar na rua escura da vida, eterno e memorial caminho, e exprimir o que da realidade se extrai, em vez de não se pensar?
Não pensar? Ou não passar do pensamento à palavra?
Sim, tudo isto são visões que alguém deve ter tido. Talvez isto mostre que a visão é uma constante na existência da humanidade, que ainda não nos libertámos delas.
E se tivermos visões boas, que orientem o mundo para um mundo bom, que tornem as pessoas mais felizes, por que não tê-las e exprimi-las?
Se assim é, que espontaneamente surjam e que espontaneamente se exprimam. Benditos aqueles que fadados nascem com estas visões, benditos aqueles em quem estas visões são inatas.
As ideias construídas pelo nosso ego ao tentar apoderar-se da realidade? A vontade louca que tudo tenta ser e abarcar? Tudo aquilo que ao mundo queremos mostrar? O homem que diz "eu domino"? Aquele que se afirma? O que não caminha, não respira, não vê, não ouve, não toca, mas que tudo concebe? O que não lambe o brilho do chão cinzento numa fria tarde do nunca em Paris ao longo do rio inominável?
ResponderEliminarSe puseres fim as visões falsas, estás na verdade, porque tu e tudo o que te rodeia é a verdade. Tudo o que possas conceber para lá disso não é a verdade, mas uma mera concepção.
ResponderEliminarAs concepções não são necessariamente falsas, mas não são a verdade, embora fazem parte da verdade já que existem desde que sejam concebidas.
ResponderEliminarTudo o que abstrai da realidade não se adequa à realidade, é vazio e não se refere a ser algum. E falar em "realidade" é já conceber, porque tentativa de abarcar as coisas que são numa palavra. É um caminho fácil, falso e incompassivo para Deus.
ResponderEliminarA própria palavra "Deus", no sentido do comentário anterior, é tentativa de abarcar as coisas que são numa palavra, porém numa palavra não vazia, mas compassiva. Mas Deus não está aí, mas nas coisas que são, sejam elas o que forem.
ResponderEliminarCaro anónimo, tudo isso não serão ainda "visões"?
ResponderEliminarSão visões(-produções-concepções). Vontade de ser porque (se sente que) nada se é.
ResponderEliminarComo falar do outro, quando o não somos? Restar-nos-á frui-lo? E o que sentido tem a palavra "frui-lo" quando existe tanto sofrimento? Não será esta palavra uma perversão da verdade?
Teremos visões porque estamos apegados ao outro, como este anónimo que aqui fala está apegado a esta Serpente que o emociona e com a qual aprende e apreende?
ResponderEliminarOu tê-las-emos porque estamos apegados a nós mesmos? Estarei de facto não apegado à Serpente mas a mim mesmo? E porquê esse apego? Mera vontade de afirmação? A vontade de afirmação é vontade imposição, o que é um tique autoritário. Bendita seja a autoridade que não se impõe.
ResponderEliminarComo não ter visões? (pergunta não retórica)
ResponderEliminarLimitando-nos a ser para que assim com tudo nos unamos e ilimitados mais não sejamos amor puro? Luz na escuridão? Ou serão isto ainda visões? Se assim é, alguma vez me libertarei delas? Alguma vez serei? Alguma vez fui? Sou?
Sou real como as pedras, sou areia, sou vento, sou mar, sou céu, sou pássaro, sou peixe, sou as folhas caídas, pedaços de papel esvaídos em sangue, sou lágrima, sou riso e sorriso, sou nada, sou tudo.
Um grão de areia no infinito, uma praia deserta, sou respiração. Sou a minha própria visão. Eu sou visão. O eu concebido é visão - será esta afirmação uma visão?
Será que tudo o que possamos afirmar ou negar é visão? Será que quando eu como um gelado estamos apenas perante alguém que com algo faz alguma coisa? Sobra-nos o acto - Deus como acto puro: será isto ainda visão?
Será este diálogo um agregado de visões?
Como viver sem afirmar nem negar? Não é afirmar e negar o mesmo que pensar? Como não dizer o que se pensa? Por que não dizer o que se pensa?
Porquê não pensar na rua escura da vida, eterno e memorial caminho, e exprimir o que da realidade se extrai, em vez de não se pensar?
Não pensar?
Ou não passar do pensamento à palavra?
Sim, tudo isto são visões que alguém deve ter tido. Talvez isto mostre que a visão é uma constante na existência da humanidade, que ainda não nos libertámos delas.
E se tivermos visões boas, que orientem o mundo para um mundo bom, que tornem as pessoas mais felizes, por que não tê-las e exprimi-las?
Se assim é, que espontaneamente surjam e que espontaneamente se exprimam. Benditos aqueles que fadados nascem com estas visões, benditos aqueles em quem estas visões são inatas.
Fazem falta.
Leia-se "mais não sejamos que amor puro".
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