terça-feira, 19 de maio de 2009

Deixa que a vida se reduza a cinzas e sonha que não é a morte

Anactoria

"A minha vida torna-se amarga com o teu amor; os teus olhos
Cegam-me, as tuas tranças queimam-me, os teus suspiros profundos
Dividem a minha carne e o meu espírito com um débil som,
E o meu sangue fortalece-se, e as minhas veias transbordam.
Peço-te que não suspires, não fales, não respires;
Deixa que a vida se reduza a cinzas e sonha que não é a morte.
Queria que o mar nos tivesse escondido, o fogo
(Terás tu medo disso e não receias o meu desejo?)
Quebrou os ossos que branqueiam, a carne que se fende,
E deixa que as nossas cinzas joeiradas caiam como folhas.
Sinto o teu sangue contra o meu; a minha dor
Atormenta-te, e os lábios esmagam os lábios, a veia dilacera a veia.
Que o fruto seja esmagado sobre o fruto, e a flor sobre a flor,
Que o seio desperte o seio e ambos ardam uma hora.
Porque hás-de tu seguir um amor sem importância? É o teu
Demasiado fraco para sustentar estas minhas mãos e estes meus lábios?
[...]"

- A. C. Swinburne, Poemas, Lisboa, Relógio d'Água, 2006, p.37

5 comentários:

  1. Sabem quem foi Swinburne?

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  2. Amor sem importância19 de maio de 2009 às 14:01

    Before the beginning of years
    There came to the making of man
    Time, with a gift of tears;
    Grief, with a glass that ran;
    Pleasure, with pain for leaven;
    Summer, with flowers that fell;
    Remembrance fallen from heaven,
    And madness risen from hell;
    Strength without hands to smite;
    Love that endures for a breath;
    Night, the shadow of light,
    And life, the shadow of death.

    And the high gods took in hand
    Fire, and the falling of tears,
    And a measure of sliding sand
    From under the feet of the years;
    And froth and drift of the sea;
    And dust of the labouring earth;
    And bodies of things to be
    In the houses of death and of birth;
    And wrought with weeping and laughter,
    And fashioned with loathing and love
    With life before and after
    And death beneath and above,
    For a day and a night and a morrow,
    That his strength might endure for a span
    With travail and heavy sorrow,
    The holy spirit of man.

    From the winds of the north and the south
    They gathered as unto strife;
    They breathed upon his mouth,
    They filled his body with life;
    Eyesight and speech they wrought
    For the veils of the soul therein,
    A time for labour and thought,
    A time to serve and to sin;
    They gave him light in his ways,
    And love, and a space for delight,
    And beauty and length of days,
    And night, and sleep in the night.
    His speech is a burning fire;
    With his lips he travaileth;
    In his heart is a blind desire,
    In his eyes foreknowledge of death;
    He weaves, and is clothed with derision;
    Sows, and he shall not reap;
    His life is a watch or a vision
    Between a sleep and a sleep.

    Second Chorus from Atalanta in Calydon
    by Algernon Charles Swinburne

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  3. Caro Casto Severo,

    A minha casta severidade me descansa de qualquer transbordar do sangue nesse vaso. Desse fogo a minha severa castidade me obriga a não beber. Cinzas que ardem póstumas na pira dos meus castos pensamentos...


    Um abraço do Obscuro

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