Já alguém sentiu a loucura
vestir de repente o nosso corpo?
Já.
E tomar a forma dos objectos?
Sim.
E acender relâmpagos no pensamento?
Também.
E às vezes parecer ser o fim?
Exactamente.
Como o cavalo do soneto de Ângelo de Lima?
Tal e qual.
E depois mostrar-nos o que há-de vir
muito melhor do que está?
E dar-nos a cheirar uma cor
que nos faz seguir viagem
sem paragem
nem resignação?
E sentirmo-nos empurrados pelos rins
na aula de descer abismos
e fazer dos abismos descidas de recreio
e covas de encher novidade?
E de uns fazer gigantes
e de outros alienados?
E fazer frente ao impossível
atrevidamente
e ganhar-Ihe, e ganhar-Ihe
a ponto do impossível ficar possível?
E quando tudo parece perfeito
poder-se ir ainda mais além?
E isto de desencantar vidas
aos que julgam que a vida é só uma?
E isto de haver sempre ainda mais uma maneira pra tudo?
Tu Só, loucura, és capaz de transformar
o mundo tantas vezes quantas sejam as necessárias para olhos individuais
Só tu és capaz de fazer que tenham razão
tantas razões que hão-de viver juntas.
Tudo, excepto tu, é rotina peganhenta.
Só tu tens asas para dar
a quem tas vier buscar
José de Almada Negreiros
Poemas
Assírio & Alvim
loucura que me atormentas
ResponderEliminare logo me tornas terno
em jardins fora do mundo
onde acariciamos o Sol
brincamos com as gotas da chuva
que brilham em carrosséis perdidos
e tu, louca,
cambaleias rindo um fio
de não sei quê
o teu sorriso é puro
ResponderEliminare tudo o que dizes reluz,
alegra-nos para sempre
saber-te sempre criança
por acarinhar
não sabes
ResponderEliminarcomo és preciosa
e a preciosidade
é algo que não te interessa
porque queres apenas ver e tocar
e cheirar e sentir e brincar
e sorrir com tudo
aquilo que os outros não vêem
a ti te espanta,
admirada buscas
chamas por mim e dizes e apontas
a minha ignorância
que só se pode exprimir
em ternura
caminhas
ResponderEliminarsozinha de um lado para o outro
por entre as gentes loucas
acenas
a nossa ignorância, mistério
que desconheces
porque nos não conheces
que conheces?
e no entanto trazes algo em ti
escondes algo em ti
sem que o escondas
a jóia que todos os loucos desejam
possuir
para os loucos caminhas
ResponderEliminarentre mundos, suas aflições
mas tudo é um em ti
e quem te conhece
ama-te.
Texto excelente. Mais para praticar do que para conhecer.
ResponderEliminarUm blogue que faria as delícias de qualquer especialista de saúde mental.
ResponderEliminarPrincipalmente porque o diagnóstico não é simples. Os traços de simples perversidade sexual, megalomania e delírio religioso primário não esgotam as possibilidades da análise.
ResponderEliminarPor isso é que cá venho tanta vez.
ResponderEliminarOs médicos também se tratam. Psiquiatras é mais difícil, mas uns choques eléctricos já têm dado bom resultado.
ResponderEliminarAnónimo das 12:21 e doente mental: saúdo-vos.
ResponderEliminarAnónimo das 12:26: não sabes com quem falas e não sabes do que falas.
Escrevo um texto repleto de amor por uma pessoa de todo em todo amável, e a resposta que obtenho é esta... sinceramente...
Mas sabes que mais? Estou em paz, os loucos - que são todos, mas todos os que conheci nas minhas viagens entre mundos, pessoas extremamente sensíveis - compreendem-me e amam-me, num amor recíproco. Eis a diferença entre a praxis o saber dos livros. Cumprimentos.
ResponderEliminarUma última nota: se soubesses mais da vida, saberias que a verdadeira e mais sofisticada religiosidade é precisamente a religiosidade primária. És mais velho que eu, mas tens tanto que aprender... espero que este texto te seja útil.
ResponderEliminarSem remorsos, raivas ou rancores, mas pleno de amor na esperança que cresças,
Um grande abraço.
Mas tu conheces com quem estás a falar, para saberes que é mais velho do que tu?... Como é que sabes que é mais velho e que é um ele?
ResponderEliminarlolololol lindo
ResponderEliminarparecem cogumelos.
Digo apenas o que já disse: escrevi um texto releto de amor por alguém que conheço e que se enquadra naquiloa a que a normalidade chama "doente mental" e a resposta que obtenho é uma resposta enraivecida e com ataques pessoais. Realmente...
Ó maltez, não subestimes o saber dos livros. No tempo de uma única vida não conhecerás toda a praxis a não ser também através da leitura de outros. (Vê-se que és novinho)
ResponderEliminarE o amor platónico... Oh... (imaginem o actor com toda a coluna vertebral torcida para trás, quase, quase paralela ao céu, de mão na testa em ameaça de continência e insistindo)Oh... O amor platónico... Grandioso e eterno porque sem praxis...
Aterrando.
Diana: perguntas mui pertinentes.
cota:
ResponderEliminarmas isso é evidente.
e ninguém está a falar de amor platónico, mas de amor pelos doentes mentais, com quem de facto convivi, e por uma doente mental em particular, porventura de entre todos a mais amada por todos e a aparentemente mais amável. Repara que mesmo os mais agressivos se tornam ternos: provavelmente nem todos, mas falo do que vivi, não do que li no Banquete - que de resto dei - ou noutro livro.
cota:
ResponderEliminarrepara que a leitura de outros se faz também através da leitura de outros de facto - pessoas, pedras, livros...
Não concordas?
Aprende-se o que é a ética quando se está entre a espada e a parede.
ResponderEliminarNão concordas?
O Deus da Filosofia a priori não é o Deus da Filosofia Experimental e logo não é o Deus das pessoas comuns.
ResponderEliminarNão concordas?
Definição de Saudade:
ResponderEliminarSaudade é o que sinto pelo meu cão.
Concordas?
Amor pelos doentes mentais é, em perspectiva global, amor ao próximo?
ResponderEliminar14:24 - Concordo para além disso.
14:25 - Quando se está entre a espada e a parede, a ética transforma-se em póética.
14:27 - Não sei o que é Deus. Ainda não o aprendi.
14:27 (em permanência de tempo)Não tenho cão.
Saudade é não ser.
em permnência de tempo lolololol
ResponderEliminaramor aos doentes mentais é amor aos doentes mentais. Se quiseres podes estendê-lo ao próximo, se te parecer bem.
Terapia grupal: espero que consigam bom sucesso...
ResponderEliminarhehehehehe já fiz
ResponderEliminar'ACTIVIDADES
ResponderEliminarSe estiver interessado em Cursos de Introdução à Meditação Budista e ao Budismo, bem como sobre outros temas, como Religiões Comparadas, Fernando Pessoa, Mestre Eckhart, Saudade, Quinto Império, contacte: 918113021.'
É melhor etiquetar como saudade, quinto império, relva verde, vacas santas, ovelhas surdas, domínio da vontade, queca apocalíptica, o pinote de buda.
LOLADA
ResponderEliminarCada um sabe por onde anda e ao que vai.
ResponderEliminarEsqueceste-te de "cabra".
Sim, pelos vistos faltava o 'coito' da cabra.
ResponderEliminarEu quero, ando necessitada de orientação espiritual
ResponderEliminarVai ao curso. Estão lá as etiquetas todas. É só escolher.
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