Tinha guardado o número de telemóvel do funcionário da ainda EDP numa Agenda abandonada de 2001.
Porque recorria com muita frequência à sua prontidão gentil sempre que tinha avarias elétricas no Monte:
-diga, senhor engenheiro, o que é que deseja agora do Guilherme...
Sabia que tinha morrido eletrocutado num acidente estúpido quando montava uma linha de alta-tensão no Ribatejo.
Apesar disso, não risquei o número da Agenda, e agora, quando voltei a ter problemas em casa,
liguei para o seu número, na estulta hipótese de que o seu telemóvel tivesse transitado, na empresa, para quem lhe sucedia nas funções.
Liguei, tocou, demorou algum tempo a atender:
-sou, sim, Guilherme, queira o senhor engenheiro dizer o que pretende
-mas, Guilherme? será que tem o mesmo nome do colega....
-nada, sou eu mesmo, o que morreu de acidente em Santarém, quando montava uma linha de alta-tensão já nas proximidades de Almeirim....
- não brinque, por favor, morreu e fala comigo ao telefone?
-desligue e ponha o telemóvel em local visível, não o guarde no bolso e veja o que vai acontecer.
É que eu continuo a arder.....
Procedi em conformidade, meio crédulo meio em pânico. Fechei o telemóvel e coloquei-o, desconfiado, sobre o balcão de mármore da Cozinha.
Explodiu de imediato, provcando uma chama enorme, exalando um cheiro intenso a enxofre e a ozono
Tremenda história, Platero!
ResponderEliminaruma história de 'non-sense', mas também revolucionária, são sempre os trabalhadores que 'ardem'
ResponderEliminarpor 1 de maio revolucionário.
que nunca se apaque a chama.
Paulo
ResponderEliminarParece gira. Estou agora a frequentar um curso de escrita criativa, pede-se uma estória de ficção ( fique são) e eu lembrei-me de começar a escrever: palavra puxa ideia, ideia puxa palavra - aí está o resultado.
Edgar Allan ou Kafka esticariam a matéria e produziriam romance. A "Metamorfose", que li em miudo, se quisesse reproduzi-la aqui, tb não iria muito longe:
Um viajante que acordou de patas para o ar, transformado em barata. A irmão entrou no quarto....
Ou uma francesa - sucesso de vendas, best seller, não sei o nome - que descobre a emergência de mais um par de mamas. Estava a transformar-se em porca. Vagueia, à noite, pelos esgotos de Paris, uma Quasimodo subterrânea.
Baal
grato pela leitura que transforma a estória ingénua, inócua, em panfleto revolucionário.
foi à sorte, juro
Um abraço pela descoberta
É preciso libertar-nos do sentido, invenção triste.
ResponderEliminarvai andanda(o), mana(o)
ResponderEliminarBaal, sabes quem é Oestrímnia? É uma miúda muito gira... um dia vais conhecê-la.
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