domingo, 12 de abril de 2009

apontamento de domingo de PAZcoa

O grilo é feito
De escuro e ouro nas asas
Sol brilhando
Nas articulações das patas

De silêncio de searas verdes nas antenas
E amarelo de girassol nos olhos

O grilo é feito de cantar
Os primeiros raios de sol
Da Primavera

12 comentários:

  1. E tu, Platero, de que és feito? De poesia?

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  2. lídia espero por ti nas margens do letes.
    r.reis

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  3. Caro Paulo
    amigo

    há cerca de 30 anos o Professor Jacinto Prado Coelho fez comentário semelhante a poema meu, por coincidência com o nome de "memória dos sons"
    É gratificante saber que podemos suscitar, com palavras simples,sensações e emoções adormecidas.
    Fiquei feliz por saber que o poema tinha agradado ao meu amigo.

    LÍDIA
    (de Ricardo Reis? ou sou eu que meto os pés pelas mãos?
    :olha, Lídia...)

    se eu for feito de matéria, Lídia, só se for vento
    ou pó.
    ou as duas coisa juntas

    de qualquer modo, Lídia,
    é de se lhe
    fechar os olhos

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  4. SOANTES

    abraço transatlântico. Muito agradecido pela visita.
    que me leiam já me sinto feliz.
    que me deixem suspeitar de que gostaram do que leram é simpático
    como passear descalço sobre relva húmida no Verão

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  5. Gosto muito do seu poema. Fez-me recordar-me criança e a descoberta espantosa de um louva-a-deus estático e prenhe de movimento, na fonte da aldeia e os momentos intermináveis e fascinantes que passei a olhar para ele.

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  6. caro anónimo

    ´bom que as palavras puxem coisas. Nem que as coisas não passem de memórias.
    Há dias escrevia sobre os dias cinzentões e chatos, frios, próprios para acender o lume e "cortar as unhas dos pés".
    Sei que pelo menos um leitor dessas palavras fez quase à letra o que elas prescreviam: não acendeu o lume mas ligou o aquecedor elétrico. E cortou as unhas.........dos pés

    alguem que leu, como o meu bom amigo, a mecânica do grilo, fez-me chegar sua nostalgia de mais de um quarto de século: parar para ver um grilo.

    tão simples, caro anónimo, quando se multiplicam por aí. quem sabe de volta não encontraria também um Louva-a-deus.
    e por que não o seu?

    abraço

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  7. Na fonte da aldeia não está o meu louva-a-deus. Afinal sempre saltou instante.
    Na praça da aldeia onde no cimo está a fonte, estagnam os carros, agora tantos, convertido num parque de estacionamento. As árvores mantêm-se mudas - que no tempo aparente nada permanece, há que continuar em pé -, o espanto é meu e dizem as pessoas da aldeia, "Naturalmente, as pessoas têm de estacionar em algum lado, homessa". Naturalmente.
    Grata pelo seu poema. Leio, releio, e continuo a gostar.
    Sabe que só as grilas é que cantam? Para chamar o macho, naturalmente.

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  8. cara afinal anónima

    lamento desiludi-la mas o que canta são os grilos.
    Conhece o Teatro de Tchekov? é o que me faz lembrar nossa conversa.
    Mas é verdade. Além dos mais, como acontece com a maioria dos invertebrados, são os machos mais atraentes do que as fêmeas. No caso dos grilos, têm dois apêndices caudais - muito mais estéticos do que os 3 que deformam, desequilibram as grilas.
    Quer mais?:
    as asas das grilas são lúgubres- uniformemente escuras, roçando um gótico mau-gosto pouco usual na natureza.
    as dos grilos são de tons diversos, com o traço comum de terem, na ligação ao tórax, laivos mais ou menos pronunciados de um amarelo-ouro.
    Afinal, leu ou não leu o meu poema?

    beijinho para si. E cuide de pôr ordem nas aleivosias dos seus co-aldeões

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  9. Oh, mais um sonho que se defez... Afinal os grilos, heim?

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  10. cara anónima

    flagrante mesmo a exuberãncia masculina para exibição às fêmeas verifica-se nas aves.
    Veja os perús ou os pavões, os faisões, os próprios galos...

    não se desiluda por tão-pouco, vá lá...

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