Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
Permita-me, Primavera, dar-lhe o meu bom dia matinal e deixar-lhe junto desta árvore singular uma limitada reflexão também ela matinal, com um aceno de amizade ao Paulo Borges:
Cada coisa está relacionada com todas as outras. Como a onda deve a sua aparência ao ar e à água, assim cada coisa não existe por si só. Variedade infinita, o cosmos apresenta-se com um diamante com multifacetados brilhos que por sua vez reflectem outros brilhos, na impermanência de tudo. Não há separação. Há interdependência entre os fenómenos e as pessoas. Um jardim não existe por si, tal como a onda e como tudo o que aparenta existir neste sonho acordado. O que aprendemos com a experiência iludida e iludente é de que o Absoluto não é Deus. Não há Deus. Há Isso a que queremos unir-nos, esse Absoluto é a Realidade liberta de nós e do mundo. Isso se chama fusão com o Absoluto. Realidade e Absoluto seriam a natureza da visão do desperto. A Isso, não o pode dizer a palavra. Isso é para além das palavras. O que fazer, então com as palavras? Sabemo-las impermanentes como a realidade. Fundirmo-nos com elas em esse Universo que é Silêncio, sem pensamento. Silêncio iluminado. Como imaginar um mundo à nossa semelhança, que somos ruído, como Absoluto? Só o Silêncio, o sem palavras pode dizer dessa Experiência da Realidade. Há. Também há espíritos ou anjos que ensinam e sopram palavras e música que ouvimos. Essas Vozes do Silêncio são meditação de poetas, onde o coração é um athanor e o Ouro, inspirado pelo Amor é uma taça que se serve e oferece à nossa imaginação. Só a pálpebra que nos sonha é transparência e essa está fechada, na Primavera que há e não há.
Quem, na beleza febril da Primavera, nunca teve vontade de deixar tudo, carreiras, expectativas, famílias, imagens publicas, confortos, amor-próprio, projecções públicas, e se abandonar a uma vida no seio da Natureza que se renova?
Quem disse que a pintura deve parecer-se com a realidade? Quem o disse vê com olhos de não entendimento Quem disse que o poema deve ter um tema? Quem o disse perde a poesia do poema Pintura e poesia têm o mesmo fim: Frescura límpida, arte para além da arte Os pardais de Bain Lun piam no papel As flores de Zhao Chang palpitam Porém o que são ao lado destes rolos Pensamentos-linhas, manchas-espíritos? Quem teria pensado que um pontinho vermelho Provocaria o desabrochar da primavera?
Su Dong Po
a despropósito, é fotografia ou aproximação á pintura.
Permita-me, Primavera, dar-lhe o meu bom dia matinal e deixar-lhe junto desta árvore singular uma limitada reflexão também ela matinal, com um aceno de amizade ao Paulo Borges:
ResponderEliminarCada coisa está relacionada com todas as outras. Como a onda deve a sua aparência ao ar e à água, assim cada coisa não existe por si só. Variedade infinita, o cosmos apresenta-se com um diamante com multifacetados brilhos que por sua vez reflectem outros brilhos, na impermanência de tudo.
Não há separação. Há interdependência entre os fenómenos e as pessoas. Um jardim não existe por si, tal como a onda e como tudo o que aparenta existir neste sonho acordado. O que aprendemos com a experiência iludida e iludente é de que o Absoluto não é Deus. Não há Deus.
Há Isso a que queremos unir-nos, esse Absoluto é a Realidade liberta de nós e do mundo. Isso se chama fusão com o Absoluto. Realidade e Absoluto seriam a natureza da visão do desperto. A Isso, não o pode dizer a palavra. Isso é para além das palavras. O que fazer, então com as palavras? Sabemo-las impermanentes como a realidade. Fundirmo-nos com elas em esse Universo que é Silêncio, sem pensamento. Silêncio iluminado. Como imaginar um mundo à nossa semelhança, que somos ruído, como Absoluto? Só o Silêncio, o sem palavras pode dizer dessa Experiência da Realidade. Há.
Também há espíritos ou anjos que ensinam e sopram palavras e música que ouvimos. Essas Vozes do Silêncio são meditação de poetas, onde o coração é um athanor e o Ouro, inspirado pelo Amor é uma taça que se serve e oferece à nossa imaginação. Só a pálpebra que nos sonha é transparência e essa está fechada, na Primavera que há e não há.
Um abraço à Primavera e ao Palo Borges
Desculpem "Paulo" e não "Palo".
ResponderEliminarQuem, na beleza febril da Primavera, nunca teve vontade de deixar tudo, carreiras, expectativas, famílias, imagens publicas, confortos, amor-próprio, projecções públicas, e se abandonar a uma vida no seio da Natureza que se renova?
ResponderEliminarO que nos impede?
Nada, a não ser não o fazermos.
ResponderEliminarPrimavera,
ResponderEliminarVolto para dizer que a fotografia é absolutamente bele e subtil e cheia de brilhos e miríades de luzes e minúsculas flores. Parabéns. Que belo jardim!
PS. Cliquem na imagem e vejam o efeito maravilhoso. Linda, essa Primavera!
Primavera!? Prima mentira! Que saudades do Inverno! E do Inferno.
ResponderEliminarPrimavera Precoce, de Wang.
ResponderEliminarQuem disse que a pintura deve parecer-se com a realidade?
Quem o disse vê com olhos de não entendimento
Quem disse que o poema deve ter um tema?
Quem o disse perde a poesia do poema
Pintura e poesia têm o mesmo fim:
Frescura límpida, arte para além da arte
Os pardais de Bain Lun piam no papel
As flores de Zhao Chang palpitam
Porém o que são ao lado destes rolos
Pensamentos-linhas, manchas-espíritos?
Quem teria pensado que um pontinho vermelho
Provocaria o desabrochar da primavera?
Su Dong Po
a despropósito, é fotografia ou aproximação á pintura.
Parabéns "Primavera" por esta imagem MAGNÍFICA!
Um abraço e um beijo!
O Primavera já nos tem brindado com estas fotografias há já uns tempos.
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