sábado, 17 de janeiro de 2009

L'AMOUREUSE

Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s'engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.

Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir
Ses rêves en pleine lumière
Font s'évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien a dire.


Paul Eluard, in Capitale de la douleur, Poésie/ Gallimard, 1966.

2 comentários:

  1. Paul Eluard

    por fazer parte das minhas primeiras leituras, causa-me uma certa nostalgia encontrar-me com as suas palavras, a esta hora:)

    "Parler sans avoir rien a dire."

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  2. Diria também, ainda que falando sem ter muito para dizer que ofereço este à Saudades:

    "Soltei o quarto onde durmo, onde sonho e devaneio,
    Deslacei o campo e a cidade onde passo,
    Onde sonho acordado, onde o sol se ergue,
    Onde, nos meus olhos ausentes, a luz se reúne.

    Mundo do feliz real, sem superfície e sem fundo,
    Dos encantos que se esquecem assim qu' assinalados,
    O nascimento e a morte misturam seus contágios
    Nas dobras da terrs e do céu entrelaçados.

    Do meu coração nada afastei, antes o tomei este e mais outro.
    Por amar, criei tudo o que é: real e imaginário.
    Dei razão de ser, dei forma, dei calor
    Dei imortal função àquela que me é lâmapada de luz."
    Paul Éluard

    Também o que escreve, Saudades, se oferece, ao leitor como "lâmpada de luz" que nos encaminha para o real e para o imaginário, sobretudo para a zona intermédia entre um e outro, onde somos bailarinos e jardineiros cegos. Em qualquer dos casos florimos. A sua escrita colhe-nos na Primavera sem fim do Amor.

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