Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s'engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.
Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir
Ses rêves en pleine lumière
Font s'évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien a dire.
Paul Eluard, in Capitale de la douleur, Poésie/ Gallimard, 1966.
Paul Eluard
ResponderEliminarpor fazer parte das minhas primeiras leituras, causa-me uma certa nostalgia encontrar-me com as suas palavras, a esta hora:)
"Parler sans avoir rien a dire."
Diria também, ainda que falando sem ter muito para dizer que ofereço este à Saudades:
ResponderEliminar"Soltei o quarto onde durmo, onde sonho e devaneio,
Deslacei o campo e a cidade onde passo,
Onde sonho acordado, onde o sol se ergue,
Onde, nos meus olhos ausentes, a luz se reúne.
Mundo do feliz real, sem superfície e sem fundo,
Dos encantos que se esquecem assim qu' assinalados,
O nascimento e a morte misturam seus contágios
Nas dobras da terrs e do céu entrelaçados.
Do meu coração nada afastei, antes o tomei este e mais outro.
Por amar, criei tudo o que é: real e imaginário.
Dei razão de ser, dei forma, dei calor
Dei imortal função àquela que me é lâmapada de luz."
Paul Éluard
Também o que escreve, Saudades, se oferece, ao leitor como "lâmpada de luz" que nos encaminha para o real e para o imaginário, sobretudo para a zona intermédia entre um e outro, onde somos bailarinos e jardineiros cegos. Em qualquer dos casos florimos. A sua escrita colhe-nos na Primavera sem fim do Amor.