Era preciso agradecer às flores
terem guardado em si,
límpida e pura,
aquela promessa antiga
duma manhã futura.
Sophia de Mello Breyner
Passaram por aqui tantos bandos de aves que quase taparam o céu. Cada bando seguia em sua direcção, espalhados, disseminados, como pólen pelos ventos da rosa. Levavam vozes. Esperavam silêncio. Moviam as asas em direcção aos lagos, às montanhas, ao deserto; à imensa planura que se põe em fogo para os lados de onde se deita o rei.
Da torre Oeste, o mar olhava o céu, o seu refelexo, a sua luz branca. Afinal não caímos no mar, guardamos intactas as gotas na face de uma pérola que brilha no mar tranquilo dos olhos. Mas a terra não chega, a ilha tarda. Do alto da torre e do terraço do mar lembrado adormecem as memórias e os sentidos. Ser a baba da espuma, o respirar da água. Uma saudade divina a saudar o divino corpo dos deuses. Por a terra não chegar nos fomos ao mar, e o mar em nós se foi à ilha que esperava. Ser alma da lembrança, barca do mar a navegar ao leme de uma raíz de luz. À barca! À barca! Pescador de pérolas no coração do mar. Passaram pela torre tantas bandeiras em uma una e única universal e livre. Pátria universal, o mar:templo aberto ao vento da navegação.Embarcai, ó almas que trazeis ao peito uma cruz e uma rosa de saudade. Sobreviventes de todos os desastres, marinheiros de todos os portos; cansados de todas as guerras! É Hora!
A ilha chora pelo consolo da Hora, o gesto heróico de nehuma pátria chama. Uma pátria saudosa, a sangrar sobre as feridas da hora tardia. Prefigurando-se ilha, a torre atira ao vento brando, os zéfiros de antes de haver vento. Mesmo antes de haver ilha ela mesmo se fazia espera de si, guardado canto de sereia. E a ilha tinha a forma de um círculo em fogo, e uma pátria morria nessa chama. Antes do aceno dos navios e da viagem. Circumnavegação atenta do sem limite que sonha. É lá!... É lá!... - Gritava a distância. Sorria Amor seus frutos dados.
Porque um país que é rosto e fita o longe sempre há-de merecer - segundo o que colher da viagem que se faz no interior de um rio que há-de sempre ser foz- um canto saudoso. Há-de sempre desbravar para além do real, uma ilha coralínea, curvilínea, crisalina e cristalina que, redonda e para além dela, ser, se aproxima em canto à bainha do mar.
Da torre Oeste, o mar olhava o céu, o seu refelexo, a sua luz branca. Afinal não caímos no mar, guardamos intactas as gotas na face de uma pérola que brilha no mar tranquilo dos olhos. Mas a terra não chega, a ilha tarda. Do alto da torre e do terraço do mar lembrado adormecem as memórias e os sentidos. Ser a baba da espuma, o respirar da água. Uma saudade divina a saudar o divino corpo dos deuses. Por a terra não chegar nos fomos ao mar, e o mar em nós se foi à ilha que esperava. Ser alma da lembrança, barca do mar a navegar ao leme de uma raíz de luz. À barca! À barca! Pescador de pérolas no coração do mar. Passaram pela torre tantas bandeiras em uma una e única universal e livre. Pátria universal, o mar:templo aberto ao vento da navegação.Embarcai, ó almas que trazeis ao peito uma cruz e uma rosa de saudade. Sobreviventes de todos os desastres, marinheiros de todos os portos; cansados de todas as guerras! É Hora!
A ilha chora pelo consolo da Hora, o gesto heróico de nehuma pátria chama. Uma pátria saudosa, a sangrar sobre as feridas da hora tardia. Prefigurando-se ilha, a torre atira ao vento brando, os zéfiros de antes de haver vento. Mesmo antes de haver ilha ela mesmo se fazia espera de si, guardado canto de sereia. E a ilha tinha a forma de um círculo em fogo, e uma pátria morria nessa chama. Antes do aceno dos navios e da viagem. Circumnavegação atenta do sem limite que sonha. É lá!... É lá!... - Gritava a distância. Sorria Amor seus frutos dados.
Porque um país que é rosto e fita o longe sempre há-de merecer - segundo o que colher da viagem que se faz no interior de um rio que há-de sempre ser foz- um canto saudoso. Há-de sempre desbravar para além do real, uma ilha coralínea, curvilínea, crisalina e cristalina que, redonda e para além dela, ser, se aproxima em canto à bainha do mar.
"Afinal não caímos no mar, guardamos intactas as gotas na face de uma pérola que brilha no mar tranquilo dos olhos"
ResponderEliminarsó sei dizer que ADOREI!!
palavras corajosamente bem sentidas - não desviam a atenção!
abraço fraterno!
Ainda bem que esta ilha que nem daqui era, tocou em algum ponto da sua sensilibdade: corda de sentir, música, talvez...
ResponderEliminarNesse ponto no sencontrámos.
abraço fraterno
... "Levavam vozes. Esperavam silêncio".
ResponderEliminar"É lá!... É lá!... - Gritava a distância"
"(...) a terra não chega, a ilha tarda"
...
E D. guarda silêncio...
Em perfeita sintonia com a tua música saudosa.
ResponderEliminarUm Aceno Atlântico
Lapdrey,
ResponderEliminarÀs vezes é preciso que a distância seja mesmo distância; às vezes é preciso mandar calar o rei, outras pedir a D. que leve consigo esse silêncio longe, para o país onde habitam as aves...
Um abraço
Caro João,
ResponderEliminarAgradeço esse Aceno Atlântico. Essa Rosa de Sal e de Saudade...
Um abraço