Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
Hoje, Vergílio, há um "não sei quê" de Holderliano que me enternece e acalma no texto. E até a imagem me sugere o silêncio com que vou dormir deixando os olhos demorarem-se neste muro que o não é, e onde as pedras têm as cores que uma alma como a minha depressa nomeará com nomes inexistentes.
Ah...e parece também que responde à pergunta deixada por ti lá atrás...ou pelo menos pode abrir caminho. Uma imagem destas é só caminhos...
Com palavras bem menos Holderlinianas me despeço, mas com sentimentos gratos te digo, por ora, adeus
Hoje, Isabel, orientado pelo teu discurso, reencontro-me. Descubro-me nas palavras do mundo, onde são os pensamentos os irmãos fraternos das mais ténues alegorias.
"No sentido desta concentração, as coisas aspiram à existência enquanto pura ideia e determinam o destino do poeta no puro mundo das formas. A plástica da forma revela-se como sendo o espiritual." Walter Benjamin.
Sou-te franco, muito franco; não... entendo... o que escrevi... São 3:06 da manhã e tenho a certeza de que não precisava de publicar isto. Mas pronto, está feito, está feito. Não é agora que o vou apagar. Sinto-me desancado das palavras. Despego-me de significados, dou por mim nestes espaços quiméricos "lado-alado" à ilusão da realidade. Não sei o mais possa entender para me entender. Cinco horas do meu tempo à descoberta de uma dedicatória... Assim lhe chamaram. Assim, por ora me despeço. Uma boa noite.
a meu ver, há um Vergílio sensível camuflado num Vergílio mais racional e daí a refª pertinente da Isabel, mt bem lembrado, já q Holderlin reflecte, e escreve, sobre o próprio acto de poetar.
um bem-haja a posts de teor mais pessoal e q se relacionem com poesia e/ou prosa poética!
É por isso Vergílio, que Benjamin é GRANDE! Ele soube, como poucos, depois de Platão, que há visões, estados que nos roubam ao "aqui", quem as recebeu, as contemplou, cai num pélago e não volta. Uma Ideia não é um conceito, é uma visão. E ele soube bem quem as teve. Escreveu sobre eles, foi no seu rastro. Diria, então, este muro onde não estão e estão, inscritas as palavras da "dedicatória" são o negativo da visão que ontem por uma razão óbvia, que tem que te estar vedada - a visão não pede autorização à vontade e ultrapassa-a longamente - te roubou ao instante. Foste tocado suavemente pela sua imobilidade, pela sua eternidade. Foi um Instante de assombro: de treva e luz, "trevaluz", se a palavra existisse...
Acredita isabel, que palavras como assombro ou visão saltaram de imediato quando, imprudentemente tentei perceber o que não é para ser percebido.
Ou então estou a querer esconder-me da minha própria definição. Não faria o mínimo sentido a exploração exaustiva desse momento, diga-se, premeditado.
Em poesia, porque me revejo muitas vezes nesse campo de espinhos, já me aconteceu ver essas palavras pequeninas moverem-se para locais completamente parvos, sequências horríveis ao nível da própria musicalidade, da gramática (coitada da gramática), da sintaxe, da semântica. De tudo em nada faz sentido. Campos do surreal, talvez. Do Absurdo... algumas vezes. Do canto do cisne... prefiro não falar sobre isso. Não sei se me fiz entender. Há um autor, recentemente falecido, que no "Discurso da reabilitação do quotidiano" escreve: Queria de ti um país de bondade e de bruma. Queria de ti o mar de uma rosa de espuma" diz: - É bonito não é? E entrevistador pergunta: - O que quer dizer com...? Ele responde: - Quer dizer o quer dizer. É o que está aqui. (nem ele era capaz de o definir) Se formos analisar atentamente este conteúdo é clara uma radical separação das duas frases. à primeira, ainda se lhe chega, à segunda pois... é complicado.
A visão é clara, expressa por palavras vãs, sonoridades difíceis, estranhos sentidos de forma variável. Surreal inestética. Ou o contrário negando-a.
Engraçado, acho que já me passou algo em frente, qualquer visão do género... Pergunta o mundo ao pintor... Acabas tu a pintura? A tela é muito fina. Não se deixa agarrar p'la tinta... Cobreo olhar, azul desmesurado ou brilho e encanto. Certo sem norte. Só vento pintar.
Este sim, a Hölderlin Morreu ao longe, já o mar ia alto.
Foi para longe e debaixo da Lua
esperou, paciente.
Raio de luz que de noite reflectes!
Dá-me um segundo para me recordar
De toda uma vida no alto do mar!
Isabel, obrigado pela partilha deste tempo. Não era suposto eu responder, assim o fiz. Ter a certeza da importância de um feedback, assim te agradeço.
Crepúsculo Acima de todas as horas amo aquela em que as coisas se fundem com a própria sombra, escurecendo com vagar como esquecendo lentamente a própria existência. Anoitecer nos opulentos crepúsculos de Verão, quando as ondas se tornam fluorescentes e, a superfície das águas paradas se lasca em portais para além de si penetrando a fundura encantada das próprias escamas. O perfume dos reinos líquidos; fotossíntese das algas e dos corais, o suor dos peixes evapora-se, espalha-se sobre a terra, viaja distâncias incomensuráveis para que eu, ao longe, o beba inebriada de sentidos olvidados, desamparada de ser. Escrevi-o no Verão, sem saber porquê. Ofereço-o no Outono a uma voz maior. Do oceano para o céu, sempre a mesma liquidez incontinente dos peitos trémulos. A busca dessa perfeição indizível que pintas nas palavras que eu só sonho.
tenho na mão tinta da china e não borro nem o muro nem o crepúsculo. São diáfanos e eu escrevo algures no que é sem lugar fora de mim que: "Ana e Vergílio escrevem o que o sentido não guardou, mas aguardou."
O sentido não se herda, o sentido procura-se e, às vezes, anda por dentro de nós como uma potência suave, diria um sopro celeste...afinal, como se nos, vos, encontrasse. Não importa mais nada, senão a dádiva de o haver para além de nós. Nessa montanha alta as palavras deixam de precisar do real e, soltas, são como gaivotas do espírito: brancas e guardiãs do tesouro.
Esta noite, desfeita no crepúsculo, escutarei a espuma que escorre das rosas que existem na memória. E dormirei dobrada sobre a onda que me trouxer até à montanha onde poisam as vossas gaivotas e quando "panflautas" vos sopram arrepios de trevaluz. E o Todo é musicalmente condensado. Pronto fica assim...para o Vergílio não pensar que não podia responder à Isabel. Claro que a Língua é resposta para além do esperado...
Permite-me... adoro, aprecio, sinto a velocidade do teu raciocínio. É um reflexo de movimento ora emergente ora construtivo. É também mais. É saber que admiras até a mais pequenina palavra perdida por entre as 1000 linhas da hecatombe linguística oriunda deste cabo das tormentas, e isso, minha amiga, é simplesmente o motivo pelo qual admiro a tua apropriação das palavras. (faltam-me vírgulas, desculpa) :) Apropriação neste sentido... tens um actor e tens um texto. Mesmo depois de memorizado, mesmo depois de marcado, enquanto não te apropriares dele... nunca o sentirás. Volto a dizer; Feedback... é bom, orienta-me.
Procuro entre o texto e a icona, imagem que permanece e chega... que bom! Instintos que se reencontram para entender nas alvas com inconsciências plenas. Um abraço... e... sim, Paulo: poetemos!
É isso mesmo Isabel, estivemos a falar. E acredita que por palavras escritas é bem mais complicado. E eu, acho que não tenho esse dom. No entanto reconheço-o em ti. Será essa a minha hiperbole...
Um beijo Isabel
PS - Continuo com a impressão de que fui mal interpretado, ou pior ainda, que não me expressei bem. É uma f(r)ase.
Não foste nada mal interpretado...e escreves e de forma clara e bela. Não há nenhuma má relação entre ti e as palavras nem na frase nem na fase. A minha face é que se avermelha muito. Eu é que sou uma tímida hiperbólica. Risos...e um dia feliz.
Hoje, Vergílio, há um "não sei quê" de Holderliano que me enternece e acalma no texto. E até a imagem me sugere o silêncio com que vou dormir deixando os olhos demorarem-se neste muro que o não é, e onde as pedras têm as cores que uma alma como a minha depressa nomeará com nomes inexistentes.
ResponderEliminarAh...e parece também que responde à pergunta deixada por ti lá atrás...ou pelo menos pode abrir caminho. Uma imagem destas é só caminhos...
Com palavras bem menos Holderlinianas me despeço, mas com sentimentos gratos te digo, por ora, adeus
Hoje, Isabel, orientado pelo teu discurso, reencontro-me. Descubro-me nas palavras do mundo, onde são os pensamentos os irmãos fraternos das mais ténues alegorias.
ResponderEliminar"No sentido desta concentração, as coisas aspiram à existência enquanto pura ideia e determinam o destino do poeta no puro mundo das formas. A plástica da forma revela-se como sendo o espiritual." Walter Benjamin.
Sou-te franco, muito franco; não... entendo... o que escrevi...
São 3:06 da manhã e tenho a certeza de que não precisava de publicar isto. Mas pronto, está feito, está feito. Não é agora que o vou apagar.
Sinto-me desancado das palavras. Despego-me de significados, dou por mim nestes espaços quiméricos "lado-alado" à ilusão da realidade.
Não sei o mais possa entender para me entender.
Cinco horas do meu tempo à descoberta de uma dedicatória...
Assim lhe chamaram.
Assim, por ora me despeço.
Uma boa noite.
imagem silente,desejo premente :)
ResponderEliminartemos poeta!!
a meu ver, há um Vergílio sensível camuflado num Vergílio mais racional e daí a refª pertinente da Isabel, mt bem lembrado, já q Holderlin reflecte, e escreve, sobre o próprio acto de poetar.
ResponderEliminarum bem-haja a posts de teor mais pessoal e q se relacionem com poesia e/ou prosa poética!
feliz tarde e obrgda pela (re)leitura
(acesso "presses", acreditas?)
asas
É por isso Vergílio, que Benjamin é GRANDE! Ele soube, como poucos, depois de Platão, que há visões, estados que nos roubam ao "aqui", quem as recebeu, as contemplou, cai num pélago e não volta. Uma Ideia não é um conceito, é uma visão. E ele soube bem quem as teve. Escreveu sobre eles, foi no seu rastro. Diria, então, este muro onde não estão e estão, inscritas as palavras da "dedicatória" são o negativo da visão que ontem por uma razão óbvia, que tem que te estar vedada - a visão não pede autorização à vontade e ultrapassa-a longamente - te roubou ao instante. Foste tocado suavemente pela sua imobilidade, pela sua eternidade. Foi um Instante de assombro: de treva e luz, "trevaluz", se a palavra existisse...
ResponderEliminarAcredita isabel, que palavras como assombro ou visão saltaram de imediato quando, imprudentemente tentei perceber o que não é para ser percebido.
ResponderEliminarOu então estou a querer esconder-me da minha própria definição. Não faria o mínimo sentido a exploração exaustiva desse momento, diga-se, premeditado.
Em poesia, porque me revejo muitas vezes nesse campo de espinhos, já me aconteceu ver essas palavras pequeninas moverem-se para locais completamente parvos, sequências horríveis ao nível da própria musicalidade, da gramática (coitada da gramática), da sintaxe, da semântica. De tudo em nada faz sentido. Campos do surreal, talvez. Do Absurdo... algumas vezes. Do canto do cisne... prefiro não falar sobre isso. Não sei se me fiz entender. Há um autor, recentemente falecido, que no "Discurso da reabilitação do quotidiano" escreve:
Queria de ti um país de bondade e de bruma.
Queria de ti o mar de uma rosa de espuma" diz: - É bonito não é? E entrevistador pergunta: - O que quer dizer com...? Ele responde: - Quer dizer o quer dizer. É o que está aqui. (nem ele era capaz de o definir) Se formos analisar atentamente este conteúdo é clara uma radical separação das duas frases. à primeira, ainda se lhe chega, à segunda pois... é complicado.
A visão é clara, expressa por palavras vãs, sonoridades difíceis, estranhos sentidos de forma variável. Surreal inestética. Ou o contrário negando-a.
Engraçado, acho que já me passou algo em frente, qualquer visão do género... Pergunta o mundo ao pintor... Acabas tu a pintura? A tela é muito fina. Não se deixa agarrar p'la tinta... Cobreo olhar, azul desmesurado ou brilho e encanto. Certo sem norte. Só vento pintar.
Este sim, a Hölderlin
Morreu ao longe, já o mar ia alto.
Foi para longe e debaixo da Lua
esperou, paciente.
Raio de luz que de noite reflectes!
Dá-me um segundo para me recordar
De toda uma vida no alto do mar!
Isabel, obrigado pela partilha deste tempo.
Não era suposto eu responder, assim o fiz.
Ter a certeza da importância de um feedback, assim te agradeço.
Crepúsculo
ResponderEliminarAcima de todas as horas amo aquela em que as coisas se fundem com a própria sombra, escurecendo com vagar como esquecendo lentamente a própria existência. Anoitecer nos opulentos crepúsculos de Verão, quando as ondas se tornam fluorescentes e, a superfície das águas paradas se lasca em portais para além de si penetrando a fundura encantada das próprias escamas. O perfume dos reinos líquidos; fotossíntese das algas e dos corais, o suor dos peixes evapora-se, espalha-se sobre a terra, viaja distâncias incomensuráveis para que eu, ao longe, o beba inebriada de sentidos olvidados, desamparada de ser.
Escrevi-o no Verão, sem saber porquê. Ofereço-o no Outono a uma voz maior. Do oceano para o céu, sempre a mesma liquidez incontinente dos peitos trémulos. A busca dessa perfeição indizível que pintas nas palavras que eu só sonho.
Está guardado.
ResponderEliminarAceito-o como prenda de Natal! :)
Obrigado Ana.
Tão bem descreves esse não-ser.
É curioso isto... a instintiva relação líquida de mar e não-ser, em movimentos de fusão.
Digo curioso porque é-me comum, quase imediato.
Um grande abraço Ana.
Baraka
Aos dois:
ResponderEliminartenho na mão tinta da china e não borro nem o muro nem o crepúsculo. São diáfanos e eu escrevo algures no que é sem lugar fora de mim que: "Ana e Vergílio escrevem o que o sentido não guardou, mas aguardou."
O sentido não se herda, o sentido procura-se e, às vezes, anda por dentro de nós como uma potência suave, diria um sopro celeste...afinal, como se nos, vos, encontrasse. Não importa mais nada, senão a dádiva de o haver para além de nós. Nessa montanha alta as palavras deixam de precisar do real e, soltas, são como gaivotas do espírito: brancas e guardiãs do tesouro.
Esta noite, desfeita no crepúsculo, escutarei a espuma que escorre das rosas que existem na memória. E dormirei dobrada sobre a onda que me trouxer até à montanha onde poisam as vossas gaivotas e quando "panflautas" vos sopram arrepios de trevaluz. E o Todo é musicalmente condensado. Pronto fica assim...para o Vergílio não pensar que não podia responder à Isabel. Claro que a Língua é resposta para além do esperado...
Saúde, Vergílio! Uns poetam enquanto outros combatem: glória a todos!
ResponderEliminarPercebi Paulo!
ResponderEliminarForça para a batalha amigo!!
Um abraço :)
És linda Isabel!
ResponderEliminarPermite-me... adoro, aprecio, sinto a velocidade do teu raciocínio. É um reflexo de movimento ora emergente ora construtivo. É também mais. É saber que admiras até a mais pequenina palavra perdida por entre as 1000 linhas da hecatombe linguística oriunda deste cabo das tormentas, e isso, minha amiga, é simplesmente o motivo pelo qual admiro a tua apropriação das palavras. (faltam-me vírgulas, desculpa) :) Apropriação neste sentido... tens um actor e tens um texto. Mesmo depois de memorizado, mesmo depois de marcado, enquanto não te apropriares dele... nunca o sentirás. Volto a dizer; Feedback... é bom, orienta-me.
Um beijo Isabel, minha amiga sem email :)
Procuro entre o texto e a icona, imagem que permanece e chega... que bom! Instintos que se reencontram para entender nas alvas com inconsciências plenas.
ResponderEliminarUm abraço... e... sim, Paulo: poetemos!
Vergílio,
ResponderEliminarnão sei que responder. Mas "como a Língue é resposta para além do esperado...", agradeço o que hiperbolizaste de mim. Estivémos apenas a falar.
Recebe um sorriso que inscrevo no muro, neste para além do crepúsculo.
É isso mesmo Isabel, estivemos a falar. E acredita que por palavras escritas é bem mais complicado. E eu, acho que não tenho esse dom. No entanto reconheço-o em ti. Será essa a minha hiperbole...
ResponderEliminarUm beijo Isabel
PS - Continuo com a impressão de que fui mal interpretado, ou pior ainda, que não me expressei bem. É uma f(r)ase.
Não foste nada mal interpretado...e escreves e de forma clara e bela. Não há nenhuma má relação entre ti e as palavras nem na frase nem na fase. A minha face é que se avermelha muito. Eu é que sou uma tímida hiperbólica. Risos...e um dia feliz.
ResponderEliminarBeijos para a minha amiga hiperbólica! :)
ResponderEliminarConfirmo! Confirmo! A Isabel é uma tímida hiperbólica... risos.
ResponderEliminarDedicatória a quem?
ResponderEliminarÉ para responder?
ResponderEliminarDedicado a ti quando em mim.
Simples não é? E profundo... :)
Vergílio,
ResponderEliminara "Dedicatória" era para hoje! Para a nossa querida Serpente Emplumada, certo?
A ti e a ela... ergo a taça: Saúde!
Parabéns!