Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
domingo, 14 de dezembro de 2008
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De joelhos. É um já! Inclina-te. É um sempre! Venera a inimaginável vida. É tudo.
Agradabilíssima surpresa! Um haiku matinal, em português, com sábio e subtilmente simples sentir português, sem aquele “cheiro” habitual a importação zen sem haver genuína vivência zen, com a pobre, costumeira e respectiva epigonia barata, e que normalmente sempre fica abaixo do pior dos cultores deste tão simplesmente belo modo japonês de ser poesia. Grato, Luiza!
"George - [...] Mas se a nossa civilização foi uma decorrência do monoteísmo que opôs o espírito à natureza material, a pessoa à coisa, criando esse enorme deserto da existência, pergunto: como fazer reverdecer e florescer as vertentes polimórficas da Vida?"
- Vicente Ferreira da Silva, "Diálogo do Mar", in "Dialéctica das Consciências e outros ensaios", p.514.
"George - Justamente foi essa a impressão de fundo que me acompanhou o dia inteiro, e ainda me acompanha: a estranheza de ter pés, mãos, olhos, nariz, esse conjunto de formas e formações injustificadas em sua totalidade. Qual a diferença entre ser como sou, um homem, ou um polvo, ou um monstro qualquer? Sentia-me perambulando pelas ruas, como uma forma atrabiliária e atípica, um ser submarino a mover-se no aquário translúcido do mundo"
- "Diálogo do Espanto", in "Dialéctica das Consciências e outros ensaios", p.530.
Como somos a inimaginável vida! Mais "estranha forma de vida" que a cantada por Amália é esta, estarmos aqui, andarmos aqui, haver mundo e sobretudo sermos assim, com um modo, uma forma, que não recordamos haver pedido, encomendado, concebido ou criado! Isto é terrível, isto é terrível, isto é terrível! Poder-se-ia talvez venerar a Vida sem forma, nem modo. Esta só se pode estranhar!
O senso comum, junto com todos os religiosos, filósofos, artistas, políticos, moralistas, etc., saturaram tanto a vida de sentidos que a converteram em tudo menos inimaginável.
Certo, Boa Memória! Adoraria ver esse trabalho desenvolvido por ti, aqui, na Serpente Emplumada... a "via para a sabedoria" onde Casto Severo citava que "Não somos mais do que uma bolha de ar"...
Prometo reflectir sobre tão interessante matéria, sobre tão pertinente temática. A matéria em discussão encontra-se, de facto, como diz a Interessada, no arquivo da Serpente publicada pelo caríssimo Casto Severo, o nosso intelectual enfeitiçado por Eros.
P.S. Como sou boa memória, Interessada, não te direi quando…
"E é Sofia agora que, ajoelhada, presta culto ao adamantino pilar do mundo, acolhendo-o e sorvendo-o para o íntimo de si mesma, levando a serpente ígnea que lhe brota nas entranhas a rodopiar na língua que enlouquecida peregrina pela sua turgidez vibrante e incandescente.” ( Paulo Borges, in Línguas de Fogo)
"E é Sofia agora que, ajoelhada, presta culto ao adamantino pilar do mundo, acolhendo-o e sorvendo-o para o íntimo de si mesma, levando a serpente ígnea que lhe brota nas entranhas a rodopiar na língua que enlouquecida peregrina pela sua turgidez vibrante e incandescente.” ( Paulo Borges, in Línguas de Fogo)
" Y.A.: Vous voulez ajouter quelque chose?
ResponderEliminarM.D.:je ne sais pas ajouter.Je sais seulement créer. Seulement ça."
Marguerite Duras
Agradabilíssima surpresa!
ResponderEliminarUm haiku matinal, em português, com sábio e subtilmente simples sentir português, sem aquele “cheiro” habitual a importação zen sem haver genuína vivência zen, com a pobre, costumeira e respectiva epigonia barata, e que normalmente sempre fica abaixo do pior dos cultores deste tão simplesmente belo modo japonês de ser poesia.
Grato, Luiza!
A cada vez mais súbita,
ResponderEliminarA cada vez mais breve,
E ...cada vez mais vera!
Fala
ResponderEliminarCala
Diz tudo
"George - [...] Mas se a nossa civilização foi uma decorrência do monoteísmo que opôs o espírito à natureza material, a pessoa à coisa, criando esse enorme deserto da existência, pergunto: como fazer reverdecer e florescer as vertentes polimórficas da Vida?"
ResponderEliminar- Vicente Ferreira da Silva, "Diálogo do Mar", in "Dialéctica das Consciências e outros ensaios", p.514.
Luíza,
ResponderEliminarBelíssimo!
Grata.
De joelhos. Para agradecer.
ResponderEliminarInclinada. Para ler!
Prometo, Vénus amiga, esperar a inimaginável Vida. É ainda pouco, eu sei...
Porque venerar o que se é?
ResponderEliminarCara Luiza Dunas,
ResponderEliminarEste seu belo poema recorda-me um aforismo, que anotei há dias numa livraria de Lisboa:
"Venera apenas o que não sabes"
- Frederico Gaspar, "Jamais", Coimbra, Edições do Espanto, 1998, p.57.
"George - Justamente foi essa a impressão de fundo que me acompanhou o dia inteiro, e ainda me acompanha: a estranheza de ter pés, mãos, olhos, nariz, esse conjunto de formas e formações injustificadas em sua totalidade. Qual a diferença entre ser como sou, um homem, ou um polvo, ou um monstro qualquer? Sentia-me perambulando pelas ruas, como uma forma atrabiliária e atípica, um ser submarino a mover-se no aquário translúcido do mundo"
ResponderEliminar- "Diálogo do Espanto", in "Dialéctica das Consciências e outros ensaios", p.530.
Como somos a inimaginável vida! Mais "estranha forma de vida" que a cantada por Amália é esta, estarmos aqui, andarmos aqui, haver mundo e sobretudo sermos assim, com um modo, uma forma, que não recordamos haver pedido, encomendado, concebido ou criado! Isto é terrível, isto é terrível, isto é terrível! Poder-se-ia talvez venerar a Vida sem forma, nem modo. Esta só se pode estranhar!
Caro Long,
ResponderEliminaro Casto Severo já explicou isso que pergunta lá atrás. E até deixou uma bela indicação para se pensar.
O senso comum, junto com todos os religiosos, filósofos, artistas, políticos, moralistas, etc., saturaram tanto a vida de sentidos que a converteram em tudo menos inimaginável.
ResponderEliminarLuísa, saúdo a pujança! Temo não ter joelhos para este chão ou não haver chão para os joelhos.
ResponderEliminarCerto, Boa Memória! Adoraria ver esse trabalho desenvolvido por ti, aqui, na Serpente Emplumada... a "via para a sabedoria" onde Casto Severo citava que "Não somos mais do que uma bolha de ar"...
ResponderEliminarMas qual trabalho?
ResponderEliminarCaro Anónimo,
ResponderEliminarBoa Memória sabe. Casto Severo também... tens que ler o que ele por aqui publicou, nomeadamente, em Março ...
De joelhos é um já!
ResponderEliminarBelissimo.
Beijos
Ajoelhou! Tem que rezar...
ResponderEliminarPrometo reflectir sobre tão interessante matéria, sobre tão pertinente temática. A matéria em discussão encontra-se, de facto, como diz a Interessada, no arquivo da Serpente publicada pelo caríssimo Casto Severo, o nosso intelectual enfeitiçado por Eros.
ResponderEliminarP.S. Como sou boa memória, Interessada, não te direi quando…
"J'ai voulu dire
ResponderEliminarque vous aimais.
Le crier.
C'est tout."
« Tens um revólver no bolso, ou estás apenas contente por me ver?»
ResponderEliminarMae West
(.../)
ResponderEliminar"E é Sofia agora que, ajoelhada, presta culto ao adamantino pilar do mundo, acolhendo-o e sorvendo-o para o íntimo de si mesma, levando a serpente ígnea que lhe brota nas entranhas a rodopiar na língua que enlouquecida peregrina pela sua turgidez vibrante e incandescente.” ( Paulo Borges, in Línguas de Fogo)
(.../)
ResponderEliminar"E é Sofia agora que, ajoelhada, presta culto ao adamantino pilar do mundo, acolhendo-o e sorvendo-o para o íntimo de si mesma, levando a serpente ígnea que lhe brota nas entranhas a rodopiar na língua que enlouquecida peregrina pela sua turgidez vibrante e incandescente.” ( Paulo Borges, in Línguas de Fogo)
Feliz Aniversário, Serpente Emplumada !
ResponderEliminarLonga vida.