Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Paris
Paris é um Sol de outono.
Um Sol que se pode sentir no irrespirável calor de verão
e na noite mais escura de um vigoroso inverno. E em qualquer ponto do mundo.
É um état d’esprit:
uma certa nebulosidade confortável do mistério humano que invade sem ferir, trazendo uma introspecção amorosa e melancólica e uma feliz contemplação das emoções desprendidas do tronco das inquietudes, como folhas pelo vento;
uma frescura que inspira ao aconchego de um pensamento aveludado,
ao calor romântico do existir,
ao questionamento sentimental,
à sensualidade da alma,
ao enroscar no corpo.
Um Sol outonal, delicado,
um arrepio que a luz conforta numa cadência própria e imperturbavelmente precisa.
Paris tem nuvens que trazem símbolos de eras e eras de beleza que nunca vimos e só pressentimos; Paris tem os quadros de Chagall disseminados nos olhares das pessoas e nos poetas e nos pintores e tem ruas onde se ouvem embriagados os maiores escritores e onde se encontram os passeios de Rilke, e tem o frio e o sol, e tem o rio e as pontes, a catedral, os bosques, versos pendurados nos ramos das árvores das avenidas, tem nevoeiro que fumega nas nossas bocas quando falamos e sentimos o céu entranhar-se na composição do corpo e ser uno connosco. Sermos nevoeiro, qualquer coisa que é múltiplas formas, e tem livrarias sem fim, e tem margens e música, tem passado e passado e isso cobre os ombros e dá o calor que nenhum outro sol oferece. E agora, Paris, tem este texto teu. E vou saltitar como se estivesse lá de boina na cabeça e luvas e casaco quente e te escrevesse isto com formas de nevoeiro a sairem pela boca.
ResponderEliminarDepois vou sentar-me em frente a um bosque, neste, e ficar à espera que neve, por entre as árvores secas, mas não mortas. E recordar as capas dos livros de quase todas as editoras que são lindas e moradas para o meu inconsciente.
Esta imagem está no "Paris" e é linda de me roubar daqui.
eu não tenho o privilégio de conhever Paris, fisicamente, mas voei um pouco por estas palavras e penetrei na imagem linda, outonal...obgda!
ResponderEliminarBelíssimo, Luiza e Isabel!
ResponderEliminarGrato
"Paris não vale um pensamento" - São Tomás de Aquino.
ResponderEliminarEstive com São Tomás de Aquino, e ele disse-me que nunca disse tal coisa, e se o disse foi antes ou depois, nunca durante a sua santidade. Conceição, é uma brincadeira. Sorrio-te.
ResponderEliminarQue Deus te abençoe, minha filha.
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