"Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida"
- Hilda Hilst, Cantares do Sem Nome e de Partidas, I, in Cantares, São Paulo, Globo, 2005, 3ª edição.
Esta mulher foi realmente sabia ... Como sabio e este poema, denuncia da religiao do romance que substituiu a verdadeira religiosidade e o culto ao verdadeiro Amor - aquele que nao se prende em si mesmo mas forca o amante e o amado a Transcendencia.
ResponderEliminarA religião do romance subjectivo é a perversão da religião do Amor, que leva amante e amada/o à transcendência, como quinta-essência de todas as grandes civilizações. Assim surgiu no Ocidente, desde o século XII, descoberta por provençais e galaico-portugueses, a partir do fundo celta e árabe. Foi isso que o cristianismo sacerdotal procurou suprimir, contra a sua raiz hebraica, tão viva na Cabala... Leia-se a "Carta sobre a Santidade"...
ResponderEliminarOnde posso encontrar a "Carta sobre a Santidade"? Quem e o/a autor/a
ResponderEliminarEu sou a sumo sacerdotiza do romance e nele encontrei a minha forma de transcendencia! Quem julgam voces que sao para me julgar de forma tao severa?
ResponderEliminarTrouxe os violinos. Estávamos perto da música, a Ana tinha-a chamado. Trouxe os violinos e a voz de Hilda Hilst e outras – que não querem nome nem rosto – e a beleza dos que escrevem e são pura expressão da verdade no fojo e nas trevas. E salva, apazigua e fecha o que está aberto, exposto o que só cordas musicais podem sarar: bordando o símbolo ilegível e indecifrável a todos, humanos e divinos.
ResponderEliminarCanto ... ohohohohohohoh ... em grande som para recomeçar e devolver:
“O nosso pensamento sintoniza bem com o escuro, o obscuro, o limiar do incompreensível, a sensação de que está próxima a fronteira onde acaba o humano, e soçobra a emoção (uma reduzida variedade de homem, vista a contraluz), a escrita, muito próxima da ________ desfaz e contrapõe.”
Maria Gabriela Llansol
Escrevo. A escrita é a partida: a que se lê e a que se compõe. Oferenda que sem porquê conduz ao perdão. Peço à escrita essa bondade. Esse caminho.
Nesta paragem, nesta “poisagem”, também canto nas cordas da voz e da escrita:
Bem-vindo Paulo!
Ouve la, tu por acaso julgas que existes? Nao era suposto seres um mero holograma projectado pela TV e as salas de cinema? E que transcendencia e essa que te leva a casar com um homem que te abandonou no altar e te tratou como um esfregao?
ResponderEliminarTu que te arrogas ser um modelo de modernidade e emancipacao feminina ...
Isabel, lembra-te da velha maxima: "Desce ao centro da Terra e, ao rectificares, encontraras a pedra filosofal".
ResponderEliminarTanta máscara para quê? Aqui apesar de burgueses somos inteligentes. Apesar de tolinhos sabemos pensar.
ResponderEliminarnão tinhas vergonha de participar neste barco?
(189.198.2#)
(Set 2 2008 11:53: 14 am)
(28,212)
Eis um livro precioso:
ResponderEliminar- "Lettre sur la Sainteté. Le secret de la relation entre l'homme et la femme dans la cabale" (autoria incerta), estudo preliminar, tradução do hebreu e comentários por Charles Mopsik, seguido de "Métaphores et pratiques sexuelles dans la cabale", por Moché Idel, Lagrasse, Verdier, 1986.
Veja-se também:
- Rabi Joseph Gikatila, "David et Bethsabée. Le secret du mariage", tradução do hebreu de Charles Mopsik, Paris-Tel Aviv, Éditions de l'Éclat, 1994.
- Charles Mopsik, "Le sexe des âmes. Aléas de la différence sexuelle dans la Cabale", Paris-Tel Aviv, Éditions de l'Éclat, 2003.
Para perceber as divinas possibilidades do encontro entre um homem e uma mulher, como o amor sexual afecta Deus e o mundo, Deus no mundo, porque a sexualidade humana é um órgão da sexualidade divina e cósmica. Para percebermos aquilo de que o cristianismo oficial nos privou e de que andamos quase todos, às cegas, à procura...
A comparar, nas suas afinidades e divergências, com o tantrismo hindu, taoísta e budista...
Onde se lê "Combate ao crime organizado" deve lêr-se: Combate ao crime organizado por mentes perversas...
ResponderEliminarDevem desculpar, os cidadãos protegidos, a Polícia Portuguesa porque ainda se manifestam algumas confusões entre o português e os seus arcaísmos e as consequências da aplicação do Acordo.
ResponderEliminarLêr-se, ler-se e se ler. Risos ...
Estás a falar de quê,ó chefe ? Podes explicar ou deliras de mente ao ar ?
ResponderEliminarNão delirava. Denunciava alguém que há poucos dias abandonava o barco, mas voltou! Seja bem-vinda: Unknown(189.118.2#)
ResponderEliminar(Set 2 2008 11:53: 14 am)
(28,212)
"Desenho um touro na seda.
ResponderEliminarOlhos de um ocre espelhado
O pêlo negro, faustoso
Seduzo meu Deus montado
Sobre este touro.
Desenhas Deus? Desenho o Nada
Sobre este grande costado.
Um rio de cobre deságua
Sobre essas patas.
Uma mulher tem nas mãos
Uma bacia de águas
Buscando matar a sede
Daquele divino Nada.
O touro e a mulher sou eu.
Tu és, meu Deus,
A Vida não desenhada
Da minha sede de céus"
- Hilda Hilst, "Poemas Malditos, Gozosos e Devotos", XV, São Paulo, Globo, 2005, 2ª edição, p.47.
tem que comprar a mim, que voces fumam nao presta e so tira aquele tesao todo
ResponderEliminarPaulo,
ResponderEliminarQue belo texto oferece a este seu espaço! Belo em qualquer literatura e
para além dela...
Bom regresso a casa, Paulo!
PS. Que agora parece uma "casa de doidos"... Eu sou. Quem também for ponha o dedo no ar...Ena tantos dedos!...Assim não vamos caber todos!:)
Despedido da vida
ResponderEliminarneste blogue me traslado
só alegria e dor
não mais vinho nem fado
Isabel e Saudades, grato pelo bom acolhimento na casa que, sem portas nem janelas, aberta aos ventos que soprem em todas as direcções, não me pertence, pois é de todos nós e de quem a quiser habitar, que mais não seja de passagem. Como se toda a habitação não fosse senão de passagem!... Não gostaria de fundar senão espaços livres.
ResponderEliminar"Colada à tua boca a minha desordem.
ResponderEliminarO meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."
Hilda Hilst