Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Quando morres
"Quando morres não findas nem nasces noutro mundo. Manifestas o mundo oculto que já e sempre em ti trazes. Ou a sua ausência"
- Aforismo corrigido de A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, Sintra, Zéfiro, 2008, p.118.
Quando eu morrer batam em latas, rompam aos saltos e aos pinotes, façam estalar no ar chicotes! Que o meu caixão vá sobre um burro, ajaezado à andaluza, a um morto nada se recusa e eu quero por força ir de burro!
Mário de Sá-Carneiro
Morrer... Dar espaço para a vida! Que bonito deve ser. Viver...
E eu, não estou lá, não sou, donde tanta confusão...
Não seria melhor e mais seguro começar por reflectir sobre o porquê da mortalidade e como esta dá sentido à vida?
Reflectir sobre o potencial libertador da morte sem passar por essa primeira fase de "centramento", tão fndamental, pode levar a consequências graves para quem não tem a formação espiritual adequada, nomeadamente nas filosofias orientais..
Inclusivé, pode levar a tentações suicidas por parte de alguns seres mais fragilizados.
Pois é ... Seria uma pena enorme se algumas das belas almas deste logue acabassem como o Mário de Sá-Carneiro.
Sim, eu sei, foi um grande poeta e o seu suicídio foi muito romântico.
Mas muito sinceramente: Acham que é um exemplo de vida para alguém? Não acham um desperdício um jovem tão talentoso se suicidar por ser sensível demais para as maselas do mundo e tr problemas de auto-estima?
A temática é muito sensível, talvez como o Mário o foi, assim o pensamos. Mário que passou por um processo de rejeição da sua aparência exterior, simplesmente não gostava de si. A esfinge gorda, como dizia. Mas é pertinente o aforismo lançado pelo Paulo, o que é isto da Vida? O que é essa ausência? Claro que aqui apenas podemos dar largas à nossa imaginação para tentar explicar essa fase de desligamento do corpo-alma. Onde nos situamos para confortavelmente reflectir sobre o dia de amanhã que pode não aparecer? Cada um em sua casa, ou outro local de acesso à blgosfera... Eu estou aqui, donde tanta confusão... E por aqui estarei, mais um dia, se a vida mo permitir. Agora, neste preciso momento, e levantado um pouco o véu, vou trabalhar... em Mário de Sá-Carneiro... Porque a minha profissão assim o exige.Um exemplo para a humanidade de todos aqueles que são grandes demais para caberem dentro da pequena caixa a que chamamos, o peito. Apenas e só por isso, tal como muitos outros suicidas que apenas nutriam em si a tentação pelo abismo.
A mim parece-me que este aforismo do Paulo Borges pretende afirmar que a morte não é uma alteração radical de consciência ou percepção, ou seja, há um fluxo contínuo. O que se manifesta após a morte é aquilo que somos no momento exacto da nossa morte; carregamos connosco o que fomos e o que não fomos, o que sonhámos e sentimos, bem como todas as nossas carências. Se sentes que estás num inferno, é no inferno que te vais encontrar...talvez isso explique porque nenhuma religião faz a apologia do suicídio.
A morte não é solução para as crises da vida! Como a Ana Margarida publicou anteriormente: "Bendita crise que..."
Há, no entanto, também uma subtil alusão a uma transcendência do mundo tal como nós o compreendemos que só pode ser abraçado, depois da morte, se durante a vida o tivermos compreendido integralmente.
Assim, a morte é um acordar, um desocultar da "falsa vida". Nesse aparecer, não desaparece a vida, antes surge ou recorda-se. Religa-se o que parecia desligado.
Assinalo um fim condutor: Desligamento e falso desligar, como separação ou falso religar. Talvez mais dificil extrapolar a separação, do eu-mundo enquanto percepção despersonalizada do eu... assim como a divergência exacta do estar e não ser, ou deixar de... O fio condutor? É impossível porque é intemporal. O momentum é-o... bem como o contrário... Parece-me que não "há" morte, é meta-inclassificável. Tudo é vida, até ao dia em que um instante seja a plenitude e uma só eternidade... mas esta é a definição de amor... e aqui a explicação complica-se-nos mortais, se tudo é vida... "Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa." Se tudo é vida... "(..)não nasceste nem morrerás. TU ÉS ISSO"
FIM
ResponderEliminarQuando eu morrer batam em latas, rompam aos saltos e aos pinotes, façam estalar no ar chicotes!
Que o meu caixão vá sobre um burro,
ajaezado à andaluza,
a um morto nada se recusa
e eu quero por força ir de burro!
Mário de Sá-Carneiro
Morrer...
Dar espaço para a vida!
Que bonito deve ser.
Viver...
E eu,
não estou lá,
não sou,
donde tanta confusão...
Um abraço Paulo
Não seria melhor e mais seguro começar por reflectir sobre o porquê da mortalidade e como esta dá sentido à vida?
ResponderEliminarReflectir sobre o potencial libertador da morte sem passar por essa primeira fase de "centramento", tão fndamental, pode levar a consequências graves para quem não tem a formação espiritual adequada, nomeadamente nas filosofias orientais..
Inclusivé, pode levar a tentações suicidas por parte de alguns seres mais fragilizados.
Concordam? Discordam?
Pois é ... Seria uma pena enorme se algumas das belas almas deste logue acabassem como o Mário de Sá-Carneiro.
ResponderEliminarSim, eu sei, foi um grande poeta e o seu suicídio foi muito romântico.
Mas muito sinceramente: Acham que é um exemplo de vida para alguém? Não acham um desperdício um jovem tão talentoso se suicidar por ser sensível demais para as maselas do mundo e tr problemas de auto-estima?
Não ousem explorar mundos ocultos sem estarem preparados ...
ResponderEliminarPodem acabar por se auto-destruir em vez de se libertarem ...
A temática é muito sensível, talvez como o Mário o foi, assim o pensamos. Mário que passou por um processo de rejeição da sua aparência exterior, simplesmente não gostava de si. A esfinge gorda, como dizia. Mas é pertinente o aforismo lançado pelo Paulo, o que é isto da Vida? O que é essa ausência? Claro que aqui apenas podemos dar largas à nossa imaginação para tentar explicar essa fase de desligamento do corpo-alma. Onde nos situamos para confortavelmente reflectir sobre o dia de amanhã que pode não aparecer? Cada um em sua casa, ou outro local de acesso à blgosfera... Eu estou aqui, donde tanta confusão... E por aqui estarei, mais um dia, se a vida mo permitir. Agora, neste preciso momento, e levantado um pouco o véu, vou trabalhar... em Mário de Sá-Carneiro... Porque a minha profissão assim o exige.Um exemplo para a humanidade de todos aqueles que são grandes demais para caberem dentro da pequena caixa a que chamamos, o peito. Apenas e só por isso, tal como muitos outros suicidas que apenas nutriam em si a tentação pelo abismo.
ResponderEliminarA todos, um até já!
A mim parece-me que este aforismo do Paulo Borges pretende afirmar que a morte não é uma alteração radical de consciência ou percepção, ou seja, há um fluxo contínuo.
ResponderEliminarO que se manifesta após a morte é aquilo que somos no momento exacto da nossa morte; carregamos connosco o que fomos e o que não fomos, o que sonhámos e sentimos, bem como todas as nossas carências. Se sentes que estás num inferno, é no inferno que te vais encontrar...talvez isso explique porque nenhuma religião faz a apologia do suicídio.
A morte não é solução para as crises da vida! Como a Ana Margarida publicou anteriormente:
"Bendita crise que..."
Há, no entanto, também uma subtil alusão a uma transcendência do mundo tal como nós o compreendemos que só pode ser abraçado, depois da morte, se durante a vida o tivermos compreendido integralmente.
Abraços para todos
A vida encobre-se-nos: por isso o desencobrimento, a verdadeira morte, é o da Vida oculta na vida, a Vida livre da falsa separação eu-mundo.
ResponderEliminarAssim, a morte é um acordar, um desocultar da "falsa vida". Nesse aparecer, não desaparece a vida, antes surge ou recorda-se. Religa-se o que parecia desligado.
ResponderEliminarAssinalo um fim condutor: Desligamento e falso desligar, como separação ou falso religar. Talvez mais dificil extrapolar a separação, do eu-mundo enquanto percepção despersonalizada do eu... assim como a divergência exacta do estar e não ser, ou deixar de...
ResponderEliminarO fio condutor? É impossível porque é intemporal. O momentum é-o... bem como o contrário...
Parece-me que não "há" morte, é meta-inclassificável.
Tudo é vida, até ao dia em que um instante seja a plenitude e uma só eternidade... mas esta é a definição de amor... e aqui a explicação complica-se-nos mortais, se tudo é vida...
"Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa."
Se tudo é vida...
"(..)não nasceste nem morrerás.
TU ÉS ISSO"
Um abraço madrugador,
bom dia!
rsrsrsrsrs
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