Que não se manche o vestido de renda, a cor violeta dos olhos, o musgo de setembro. Que se partam os gritos do céu, o choro dos riachos e a barca de Caronte. Que eu possa renascer no deserto do olhar para dentro do vazio que canta.
O chumbo dos céus pinga na sementeira de astros que é a boca fechada, a semente presa; o gesto inclinado sobre o instante impresso na paragem. Para onde vai a luz sem passagem para as horas? A espera que convém ao tempo? O tempo inchado de uma lua que se imagina débil e pálida no petróleo dos céus. Parada imagem na alma do momento. Para onde vais esquecimento? Quem levanta do pasmo os meses do sono que chegaram mais cedo. Nada se move debaixo dos céus. Nem a renda do vestido nem a rama espessa das árvores. É uma paisagem de saudade suspensa sem gesto que lhe siga. Um abandono doce à amarga antevisão da vinha a entrelaçar os sarmentos, a pentear cabelos que crescem até depois da morte e para além dela. Os limões a amarelecerem, antes que o sol da manhã os ilumine. Profundas, as raízes na sombra. É Outono. É tempo de guardar os vestidos e fechar a arca. E a barca e o barqueiro? E as pedras do castelo?
O chumbo dos céus pinga na sementeira de astros que é a boca fechada, a semente presa; o gesto inclinado sobre o instante impresso na paragem. Para onde vai a luz sem passagem para as horas? A espera que convém ao tempo? O tempo inchado de uma lua que se imagina débil e pálida no petróleo dos céus. Parada imagem na alma do momento. Para onde vais esquecimento? Quem levanta do pasmo os meses do sono que chegaram mais cedo. Nada se move debaixo dos céus. Nem a renda do vestido nem a rama espessa das árvores. É uma paisagem de saudade suspensa sem gesto que lhe siga. Um abandono doce à amarga antevisão da vinha a entrelaçar os sarmentos, a pentear cabelos que crescem até depois da morte e para além dela. Os limões a amarelecerem, antes que o sol da manhã os ilumine. Profundas, as raízes na sombra. É Outono. É tempo de guardar os vestidos e fechar a arca. E a barca e o barqueiro? E as pedras do castelo?
outono,
ResponderEliminaro Alentejo triste
a gente envelhecida
a cinza antes da lenha
o deserto à porta
DESALENTejo
beijinho, Maria
Caríssimo Platero,
ResponderEliminarÀs portas do deserto
É que as asas marulham
de sede e de chuva. Vão-se os rios
cheios, lavando o nosso rosto,
Além do Tejo, as águas...
E há uma barca que vem e outra que vai. Entre elas a expressão
de um rio sem margens
que o deserto desenha
em mil sulcos no rosto
da Senhora do vento e da distância.
PS.Qual o nome da flor desse deserto?
Um beijo