Meus olhos extasiados abrem arcadas sobre arcadas, abóbadas sobre abódadas e, até ao infinito, o teu nome eleva-me. Não porque é o teu nome, mas porque Eros disse que a minha alma andava por aí tão próxima da tua que tu já eras eu, Eros-Saudade! Meu vestido de seda atirado do alto dos penhascos, perfumado de ti, devorado pelas almas tristes e sem asas, ascendeu em tristeza, lamento e pranto.
Apertada ao colo a tua lembrança é uma catedral onde rezo a suavidade do teu canto. Não há pássaros na tua voz, só perfumes antigos, sombras, lamentos. Ai, meu passado agora já não me faz querer voltar. Ascendo-me em memórias e no teu corpo caio num sono tão profundo que de mim me leva.
Apertada ao colo a tua lembrança é uma catedral onde rezo a suavidade do teu canto. Não há pássaros na tua voz, só perfumes antigos, sombras, lamentos. Ai, meu passado agora já não me faz querer voltar. Ascendo-me em memórias e no teu corpo caio num sono tão profundo que de mim me leva.
Remember me, Peer Gynt, remember me in my song of longing:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=aU0WNE14RAY&feature=related
Remember, oh noble Portuguese people, that you are not the only ones who worship "saudade" ... We also experience and worship it, but under other names:
ResponderEliminarThe winter may pass and the spring disappear, the spring disappear;
The summer too will vanish and then the year, and then the year.
But this I know for certain: you'll come back again, you'll come back again.
And even as I promised you'll find me waiting then, you'll find me waiting then.
Oh-oh-oh ....
God help you when wand'ring your way all alone, your way all alone.
God grant to you his strength as you'll kneel at his throne, as you'll kneel at his throne.
If you are in heaven now waiting for me, in heaven for me.
And we shall meet again love and never parted be, and never parted be!
Oh-oh-oh ....
Music: Edvard Grieg (1843-1907)
Lyrics: Henrik Ibsen (1828-1906)
The song originates from "Peer Gynt", suite no. 2. (op. 23 no. 19)
Recorded in 1982 with the orchestra of the Academy of St. Martin in the Fields under Sir Neville Marriner.
Saudades,
ResponderEliminarAs arcadas que abres com os teus olhos abrem os meus para memórias saudosas de jardins celestes.
Eros-Saudade é uma veste de silêncio a ser pluma, asa, ave,
adejo, voo, retorno.
Obrigada por te lembrares... foi um momento lindo.
ResponderEliminarSoveig,
ResponderEliminarEu também queria ser Solveig e aceitaria dançar com Peer Gynt, neste regresso à casa da Saudade. Na década de 80 na Cristiânia...ou em qualquer lugar e em qualquer tempo. Para lembrar,saudades.
«And we shall meet again love and never parted be, and never parted be!»
Como um eco e em arcadas de violoncelo...Oiço.
Também sou mezzo soprano...
Luiza,
ResponderEliminarAi, Luiza, como sobem arcadas de violoncelo as minhas vozes de hoje.
Regresso em cântigo ao lugar onde se escuta a dança e o ficar é igual ao estar. É estar em casa, nesta passagem...
Um beijo de saudades
Lucia Popp,
ResponderEliminarComo te escuto em memória e me entrego às doces notas de «Laudate Dominum» à facilidade com que chegas aos agudos sem ferir, antes sorrir...
...e a Saudade em todas as línguas...
ResponderEliminara alma do mundo, e sim, o Quinto Império, império de alma!
Eis um excelente desafio, encontrar a saudade dita e inomeada em todas as línguas!... Quem o assume?
ResponderEliminarGrato, Saudades, pelo belo texto!
Eu suspeito que há uma língua que diz saudade em todas as línguas...
ResponderEliminara do silêncio.
Paulo,
ResponderEliminarComecemos pela lusofonia.Dos nosses irmãos também em língua e sentimento:
Do Brasil:
«Quem não a canta? Quem? Quem não a canta e sente?
- Chama que já passou mas que assim mesmo é chama…
A Saudade, eu a sinto infinda, confidente.
Que de longe me acena e me fascina e chama…
Mágoa de todo o mundo e que tem toda gente:
Uns sorrisos de mãe… uns sorrisos de dama…
Um segredo de amor que se desfaz e mente…
Quem não os teve? Quem? Quem não os teve e os ama?
Olhos postos ao léu, altívagos, à toa,
Quantas vezes tu mesmo, a cismar, de repente
Te ficaste gozando uma saudade boa?
Se vês que em teu passado uma saudade adeja,
-Faze que uma saudade a ti seja o presente!
-Faze que tua morte uma saudade seja!»
Jorge de Lima
Para não falar em Cecília e em tantos outros... Estou-me a lembrar da Galiza... e da Noruega...e...
Execelente desafio!
A meu ver o verdadeiro silêncio não diz a saudade, mas sim isso a que ela aspira: morrer. E hoje acho que, sem ser esse, que nada cala porque nada mais há para dizer, todos os outros silêncios são menores - meros silenciamentos - perante a palavra que, dita, faz escutar o silêncio que nela e em tudo há.
ResponderEliminarSeria interessante preparar uma antologia da saudade, quer em nome próprio, nas culturas lusófonas, quer inomeada, mas implícita no sentimento, ou dita de outro modo, noutras línguas. Ofereço-me para esta co-autoria e conto com a Saudades. Alguém mais se junta? Poderá sair daqui um livro muito interessante.
Certo Paulo,
ResponderEliminarEu só não separaria a saudade do que ela aspira... eu não me posso ver separada da minha vontade. Mas sim, os silenciamentos não são o silêncio original.
Não sei se é a palavra que deixa escutar o silêncio, se é o silêncio que deixa escutar a palavra... há aí um jogo em que me gosto de perder apenas... ;)*
Ao Paulo
ResponderEliminarAqui a Saudade nao se diz, canta-se:
http://www.youtube.com/watch?v=19ZkY9Cn6eE
O abencoado regresso do Paulo a este espaco levou-me a quebrar o silencio no qual me auto-exilei.
ResponderEliminarPaulo, muito obrigad apor finalmente me fazeres compreender que a Saudade nao e sempre equivalente a alienacao, fatalismo e resignacao. Pelo contrario, pode ser a mais completa negacao destes flagelos. Bem hajas por isso!
Conta comigo para procurar textos sobre a Saudade da Irlanda, Escandinavia, EUA e, claro, o Brasil.
Para a Irlanda e Escandinavia, poderemos contar com a ajuda do Laurence Cox, da Run Knuttsdottir e de outros amigos. Relativamente aos EUA, ha imensos textos dos Transcendentalistas: Thoreau, Emily Dickinson, e outros mais recentes, que retratam muito bem a Saudade.
Um Abraco Amigo!
Cara Ana Margarida,
ResponderEliminar"a Saudade nao e sempre equivalente a alienacao, fatalismo e resignacao."
Completamente de acordo.
"Pelo contrario, pode ser a mais completa negacao destes flagelos."
Jesus Cristo e as crianças - ou a que vive em mim - só me souberam ensinar a aceitar o que a vida me dá.
Por termos abordagens distintas da vida não significa que as intenções não sejam as mesmas. Assim o creio.
Com Amizade.
(e quem diz Jesus Cristo diz o Corpo-Mãe-Terra; e suponho que as minhas intenções sejam a de todo o ser humano no seu fundo: a de Amar. "Bons" e "maus", alienados ou aterrados...)
ResponderEliminarUma espreitadela em alguns sites de poesia e já se consegue ver...
ResponderEliminarDa Galiza:
"Da miña gorxa nunca sairon palabras, nunca escribín versos, nin moito menos poesía.
Eu non son máis que cuspe dos teus ollos e sangue que sae da túa boca a berros.
Son unha gaivota mensaxeira, unha troita perdida no río do esquecemento.
E volvínme mar
Unha tarde de inverno , volvínme mar."
Ana Parada
...................................
Escrito por Alberte Carballo Penela
De Noruega a Galiza
"De "Norge" a Galiza,
ainda haiche un bo treito,
Finisterre en baliza,
badaladas no peito.
Se choras, es ti que choras,
quizáis namentres rememoras,
teu quinto loito en loita,
bela agonía sen froita.
Se cantas, es ti que cantas,
quizáis a eles amamantas,
cal feridos iñorantes,
escoitando verbas errantes.
Máis eu oio teu ouvido,
ficado en treito inseparábel,
máis quixeras non ver vivo,
teu ingrato responsábel...
Se falas, es ti que falas,
se pides, es ti que pides,
Onde aturan túas balas?
Onde fica teu Aquiles?
¡Condena a miña!, camiño do norte,
fica triste Galiza,
paliza tras paliza,
con sorte, ou sen sorte...
Que sinto que agoniza,
a nosa costa da morte..."
...................................
Da Palestina:
Amor até à morte [Extractos]
«[...]
Que a tua face brilhe agora
E teu sorriso irradie os teus traços
Tu, a mais bela de todas as mulheres
O meu cadáver foi embelezado para ir ter contigo
E o meu funeral vem aí.
Lá está o meu caixão, à frente das multidões
Levando nos ombros pelos meu sete filhos
Cabeças erguidas como sete espigas de trigo
Que lenda lhes posso legar que seja melhor que a glória
E a estrada que conduz à terra da Palestina?"
Abdel Karim Sabawi
...................................
Da China:
The Rose of Time
when the watchman falls asleep
you turn back with the storm
to grow old embracing is
the rose of time
when bird roads define the sky
you look behind at the sunset
to emerge in disappearance is
the rose of time
when the knife is bent in water
you cross the bridge stepping on flute-songs
to cry in the conspiracy is
the rose of time
when a pen draws the horizon
you're awakened by a gong from the East
to bloom in echoes is
the rose of time
in the mirror there is always this moment
this moment leads to the door of rebirth
the door opens to the sea
the rose of time
Bei Dao
Tradução de Isabel Pedro
...
Se cada "Serpente" partilhar o que vai encontrando, quantas antologias com uma bela introdução e organização do Paulo não surgirão... Os meus ouvidos anseiam por lê-las!
Grato, Solveig, pela canção! Retribuo-te com o não sei quê que me abriu no peito.
ResponderEliminarNao tens de que;-) ...
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