quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Aos amores tristes

Tu foste
E o teu rastro
Ao afundar-se na lonjura tudo apagou
O mar subsumiu-se na terra
A rosa dos ventos secou
O desalento ecoou, incessante
E os meus sonhos por inteiro adormeceste
Perdi todo o meu norte
Tu que eras o meu nordeste
Tesouro inesgotável de vagas de calor e verde e dunas mansas
Deixei crescer as tranças
O corpo cicatrizou
Mas sempre que anoitece sopra uma triste canção
E o sol nascente
Só deixa luzente
O ermo do meu dia
Na tua ida
Apenas ficaram pelo caminho estátuas de cinza
A luz varada de escuro, puro buraco negro, insólita lombriga
Fizeste do tempo um robot néscio e indirigível
Mataste tudo o que é tigre, leopardo e leão
E data venia, mais ainda:
Lançaste em vias de extinção
O meu coração

5 comentários:

  1. E dias e meses e anos e vidas rsrss
    Grata querida Sereia.
    Achei graça ao romantismo trágico-cómico de faca e alguidar e muito sincero do momento "poético".

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  2. Ai quem terá sido malandro?...
    Não se faz.

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  3. Parabéns!... Um abraço!

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