Quem de voces ja sentiu, como eu muitas vezes sinto, vontde de voluntariamente dar cabo da imagem "publica" que possam ter diante de figuras de autoridade, colegas, colaboradores, admiradores, etc., e sobretudo diante de voces mesmos, de modo a se verem livres de todos os papeis sociais, de todas as expecativas, de todas as pressoes de "realizacao", e passarem o resto da vida na alegria de nada ser, num doce anonimato e num santo despojamento?
Por vezes sinto a vontade de deitar tudo fora, tudo o que ja realizei, tudo o que realizo agora, calar-me para sempre, nao escrever mais nada, nao produzir mais nada, viver numa doce imbecilidade.
Por vezes tenho a vontade de fazer as maiores figuras de imbecil que me possam passar pela cabeca, desiludir tudo e todos, irritar tudo e todos.
Isto para depois me poder juntar alegremente, com leveza, sem culpas, ao Manuelinho, na Tasca do Tize, e transformar-me numa tosca, liberrima e alegremente ignorante companheira de copos e de "figuras tristes".
Como e doce e sabio nos permitirmos o ridiculo ...
Testemunhos? Opinioes? Criticas? Mandatos a merda ou a outros sitios ainda mais interesantes?
Moça, faz o que te ditar a Real Gana, e o resto são tretas.
ResponderEliminarE porque não concilias uma coisa e outra: o assumires todos os papéis possíveis e simultaneamente, interior e até exteriormente, desfazeres-te de todos eles, vendo e dando a ver que nada são senão i-lusão, jogo de faz de conta? Se fores sincera ao fazê-lo, mais tarde ou mais cedo te reconhecerão essa liberdade e até um dia te aplaudirão... O mundo é um circo.
ResponderEliminarSe tiver de ser... mas a primeira é quem reina. Desde o princípio, e no Fim.
ResponderEliminar(até porque no fundo esse "resto" só pode querer que a vontade própria impere, pois só assim a sua -do "resto"- o pode também. Não há incompatibilidade natural, a única que ainda há está no pensar-se... separando-se o destino e a liberdade - Um mesmo)
ResponderEliminarAna Margarida,
ResponderEliminarFaz tempo que não falamos. Devo-te uma resposta. E uma conversa.
Somos todos anónimos, Margarida, todos. Até para nós mesmos. Repara:
nós somos tudo isso.Todos. O que lhe apetece provocar e, simultaneamente, o provocado. Não há separação.
Entre os engravatados e os desengravatados passa o mesmo vento, cai a mesma chuva, e bate o mesmo coração. Só quando descentrarmos de nós o que não é nosso, poderemos perceber que os grandes gestos são inúteis.
Nunca, nunca, desiludimos ninguém. Lembra-te disto,só a nós desiludimos. Não precisamos de imaginar a imbecilidade nem a sapiência.
Na Tasca do Ti Zé, o vinho é tão alegre e estonteante, como na capela da aldeia ou na favela mais pobre, ou no parlamento mais pobre ainda.
O ridículo é um doce sabor de que se aprende a ignorar o gosto.
Quanto a entregar riquezas ou prestígio e renunciar às luzes ilusórias...Não as dês aos homens,que delas têm sede. Entrega-as a ti mesma, verás que de nada te servem.
PS. Pode parecer conversa moralista, não é.
Um abraço forte,
muito carinho
e um sorriso:)
ana,
ResponderEliminarnão é só você.
sinto-me quase sempre assim.
ótimo texto.
um abraço,