terça-feira, 23 de setembro de 2008

Alegre desistencia

Quem de voces ja sentiu, como eu muitas vezes sinto, vontde de voluntariamente dar cabo da imagem "publica" que possam ter diante de figuras de autoridade, colegas, colaboradores, admiradores, etc., e sobretudo diante de voces mesmos, de modo a se verem livres de todos os papeis sociais, de todas as expecativas, de todas as pressoes de "realizacao", e passarem o resto da vida na alegria de nada ser, num doce anonimato e num santo despojamento?

Por vezes sinto a vontade de deitar tudo fora, tudo o que ja realizei, tudo o que realizo agora, calar-me para sempre, nao escrever mais nada, nao produzir mais nada, viver numa doce imbecilidade.

Por vezes tenho a vontade de fazer as maiores figuras de imbecil que me possam passar pela cabeca, desiludir tudo e todos, irritar tudo e todos.

Isto para depois me poder juntar alegremente, com leveza, sem culpas, ao Manuelinho, na Tasca do Tize, e transformar-me numa tosca, liberrima e alegremente ignorante companheira de copos e de "figuras tristes".

Como e doce e sabio nos permitirmos o ridiculo ...

Testemunhos? Opinioes? Criticas? Mandatos a merda ou a outros sitios ainda mais interesantes?

6 comentários:

  1. Moça, faz o que te ditar a Real Gana, e o resto são tretas.

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  2. E porque não concilias uma coisa e outra: o assumires todos os papéis possíveis e simultaneamente, interior e até exteriormente, desfazeres-te de todos eles, vendo e dando a ver que nada são senão i-lusão, jogo de faz de conta? Se fores sincera ao fazê-lo, mais tarde ou mais cedo te reconhecerão essa liberdade e até um dia te aplaudirão... O mundo é um circo.

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  3. Se tiver de ser... mas a primeira é quem reina. Desde o princípio, e no Fim.

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  4. (até porque no fundo esse "resto" só pode querer que a vontade própria impere, pois só assim a sua -do "resto"- o pode também. Não há incompatibilidade natural, a única que ainda há está no pensar-se... separando-se o destino e a liberdade - Um mesmo)

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  5. Ana Margarida,

    Faz tempo que não falamos. Devo-te uma resposta. E uma conversa.
    Somos todos anónimos, Margarida, todos. Até para nós mesmos. Repara:
    nós somos tudo isso.Todos. O que lhe apetece provocar e, simultaneamente, o provocado. Não há separação.
    Entre os engravatados e os desengravatados passa o mesmo vento, cai a mesma chuva, e bate o mesmo coração. Só quando descentrarmos de nós o que não é nosso, poderemos perceber que os grandes gestos são inúteis.
    Nunca, nunca, desiludimos ninguém. Lembra-te disto,só a nós desiludimos. Não precisamos de imaginar a imbecilidade nem a sapiência.
    Na Tasca do Ti Zé, o vinho é tão alegre e estonteante, como na capela da aldeia ou na favela mais pobre, ou no parlamento mais pobre ainda.
    O ridículo é um doce sabor de que se aprende a ignorar o gosto.
    Quanto a entregar riquezas ou prestígio e renunciar às luzes ilusórias...Não as dês aos homens,que delas têm sede. Entrega-as a ti mesma, verás que de nada te servem.

    PS. Pode parecer conversa moralista, não é.

    Um abraço forte,
    muito carinho
    e um sorriso:)

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  6. ana,
    não é só você.
    sinto-me quase sempre assim.
    ótimo texto.
    um abraço,

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