Uma catedral não é uma morada. A Sagrada Família, em Barcelona, é o paradigma de todas as catedrais: perfeitas e inacabadas. O homem só consegue habitar o imperfeito porque acabado. Uma catedral é um lugar, um lugar onde se sente que o criador pode ainda voltar, ou de onde se afastou. Uma catedral é um lugar de onde Deus se ausentou. Ou, simplesmente, onde o criador pode voltar depois, não se sabe quando, nem de que maneira. As rochas aparecidas e consumidas, pela erosão no meio do mar, podem ser pilares, colunas e traves-mestras de uma catedral, acessíveis quase só pelo olhar. A catedral pode estar no que emerge, ou no que se esconde no fundo do mar. É morada de luz e pássaros, de navegadores que rumam para o sul, de peixes, corais e serpentes que dançam com a neve do mar. Uma catedral é uma passagem para a luz, para a claridade que apaga as sombras, as desfaz com os poemas que a Sophia sabia cantar.
Uma catedral não é um abrigo. Em Santa Sofia, em Istambul, percebe-se que uma catedral está assente, como uma ave de porte imenso, num ramo frágil, numa fenda, numa placa móvel que dança uma melodia que nenhum órgão saberá jamais tocar e de onde as vozes que poderiam cantar fugiram para contar as estrelas na imensa noite de deserto dos profetas entregues às tempestades de vento e à distância plena do mar. A catedral é o bando de aves solenes que atravessa e desenha minaretes sonoros com e nas nuvens da abençoada chuva-mãe.
Uma catedral não é um templo. Em Santo Estêvão, em Budapeste, percebe-se que, numa catedral, Deus nunca falará de si ali. Nem de si, nem ali. Uma catedral é um lugar onde Deus se senta silencioso para desenhar e pintar aquele que o sacerdote, ou o pontífice nunca deixará entrar. O santo, o sem nome, o pobre, o ferido lancinante, o perdido, o louco, o filho pródigo. Uma catedral não é um lugar para se rezar. Uma catedral é um ateliê sem tecto para deixar o céu entrar e continuar a fascinar. E só assim, talvez salvar como sabia o Calígula de Camus.
Uma catedral não é um lugar de peregrinação. Em Santiago de Compostela, na Galiza, percebe-se que uma catedral não é o fim da viagem, o lugar da chegada. A catedral não é a pedra, o cimo, o eco no acaso dos ventos, a devoção repetida na luz frágil das velas, por entre as neblinas e as chuvas ancestrais. A catedral é uma passagem, uma estação antes do tempo, da dor e da sua múltipla frutificação. Uma catedral é uma árvore: uma cerejeira, uma macieira, uma laranjeira. Uma catedral é uma árvore com uma vasta cabeleira de cores e botões em flor.
Uma catedral não é uma gramática em pedra mármore manuscrita, nem a folha de ouro revestida. Em S. Pedro, em Roma, percebe-se que uma catedral não é um livro, um silabário em que Deus ausente, ou inesperado, deixasse inscritas as deixas do seu dialogar. Uma catedral é um rosto que desfaz o texto a consagrar, um rosto de Pietá esculpido em pedra e sal no seu incessante lacrimejar. Uma lágrima é a água baptismal com que o rio Jordão promete, como João, dentro de nós, a supra-humana condição.
A catedral é um rasgo, um rastro, um grito, um mito que não se consegue recuperar e na qual não nos é permitido circular, ou sequer permanecer para a podermos visitar. Não é morada, é a visão para o que na condição profética de tudo largar, desabrigado e indireccionado, atravessar o deserto que fica longíssimo do mar. A catedral não é do tempo nem é um templo. Fora do tempo e da eternidade. Porque seguramente ao “que invisível se vê…” (Fernando Pessoa) só é acessível para os seres de interioridade e de internalidade. Seres (s)em regresso, órfãos do mundo, viajantes oníricos nas lágrimas que os reconduzem à origem do mundo, arqueólogos das ruínas da catedral edénica, nos jardins suspensos da memória. A catedral é a imagem intacta de Outrora.
A catedral é inacabada e o seu inacabamento é a sua perfeição. A haver um criador seria um nómada errante nas paisagens da Terra, do Fogo, do Céu e do Mar. O criador criaria a sua morada numa paisagem que poderia ainda ter que inventar. Mas, se houver um criador também este não precisará de qualquer abrigo para repousar. Um criador não repousa num lugar: repousa na quietude e no silenciar, dentro, no âmago fundo, do inexistente. A haver um criador também ele não quererá um templo, porque não haverá qualquer linguagem com que lhe falar e um Outro com quem dialogar. O criador tem que ser um não-Outro que não se possa olhar. O que é preciso é que exista um ateliê para Ele poder criar, recriar, descriar. É preciso um céu para Ele, nos dias de êxtase, milagre ou convulsão, pintar a tela grande do horizonte com cores e seres que sejam de espantar. É preciso o éter para Ele poder ser o fogo, o Sol, o rubro manto a que os corpos nus e as almas mortas se entregam na vastidão insondável do entardecer, antes também do imóvel e pleno luar e enlutar.
A catedral é o rosto humano a chorar e a infância que se recusa a falar. A catedral é a água límpida, fria e fresca que só o divino raiar pode acalorar. Prévia às sombras, na luz inicial, imóvel, antes da Terra girar, só a catedral sabe ensinar a arte de emudecer aos que bem-aventurados nunca hão-de aprender a argumentar. A catedral tem colunas, absides que são memórias do Sol no seu ante-despertar, é daí que o Criador gosta de se aproximar e com asas de Dédalo nos convidar a chegar.
A catedral é a amendoeira na ladeira, o branco-rosa da sua flor de Fevereiro. Não o verde-azul infinito dos vitrais, da rosácea de vidro, no cimo dos altares centrais e laterais. Porque Deus não é finito nem infinito: é faminto e, por isso, semeia jardins que são hortos e onde de madrugada os pássaros – antes das paredes erguidas e dos altares com círios acesos, dos coros e das orações, dos textos e das consagrações – escolhem os nichos para as vozes ensaiarem e soletrarem em melodias espontâneas o silabário incerto e indecifrável do Criador, que varia, do pouco que se sabe, nos sons, nos tons e nas estações. Uma catedral é um pomar, um campo de árvores, um lugar por onde um dia uma Voz, num espaço [do] invisível, começou e ninguém ainda, homem, ave, peixe, deus ou artista ouviu, respondeu ou completou.
Por isso uma catedral é uma página branca, esta tampa, esta campa onde, Mãe, às vezes, te venho cantar sílabas e sons com lágrimas e suspiros, esperando um dia, por essa janela, te poder voltar a chamar. E gritar, mãe tenho uma pomba no peito que nunca me esqueci de Amar. É por ela que passa o que de mais puro consigo pensar.
Uma catedral não é um abrigo. Em Santa Sofia, em Istambul, percebe-se que uma catedral está assente, como uma ave de porte imenso, num ramo frágil, numa fenda, numa placa móvel que dança uma melodia que nenhum órgão saberá jamais tocar e de onde as vozes que poderiam cantar fugiram para contar as estrelas na imensa noite de deserto dos profetas entregues às tempestades de vento e à distância plena do mar. A catedral é o bando de aves solenes que atravessa e desenha minaretes sonoros com e nas nuvens da abençoada chuva-mãe.
Uma catedral não é um templo. Em Santo Estêvão, em Budapeste, percebe-se que, numa catedral, Deus nunca falará de si ali. Nem de si, nem ali. Uma catedral é um lugar onde Deus se senta silencioso para desenhar e pintar aquele que o sacerdote, ou o pontífice nunca deixará entrar. O santo, o sem nome, o pobre, o ferido lancinante, o perdido, o louco, o filho pródigo. Uma catedral não é um lugar para se rezar. Uma catedral é um ateliê sem tecto para deixar o céu entrar e continuar a fascinar. E só assim, talvez salvar como sabia o Calígula de Camus.
Uma catedral não é um lugar de peregrinação. Em Santiago de Compostela, na Galiza, percebe-se que uma catedral não é o fim da viagem, o lugar da chegada. A catedral não é a pedra, o cimo, o eco no acaso dos ventos, a devoção repetida na luz frágil das velas, por entre as neblinas e as chuvas ancestrais. A catedral é uma passagem, uma estação antes do tempo, da dor e da sua múltipla frutificação. Uma catedral é uma árvore: uma cerejeira, uma macieira, uma laranjeira. Uma catedral é uma árvore com uma vasta cabeleira de cores e botões em flor.
Uma catedral não é uma gramática em pedra mármore manuscrita, nem a folha de ouro revestida. Em S. Pedro, em Roma, percebe-se que uma catedral não é um livro, um silabário em que Deus ausente, ou inesperado, deixasse inscritas as deixas do seu dialogar. Uma catedral é um rosto que desfaz o texto a consagrar, um rosto de Pietá esculpido em pedra e sal no seu incessante lacrimejar. Uma lágrima é a água baptismal com que o rio Jordão promete, como João, dentro de nós, a supra-humana condição.
A catedral é um rasgo, um rastro, um grito, um mito que não se consegue recuperar e na qual não nos é permitido circular, ou sequer permanecer para a podermos visitar. Não é morada, é a visão para o que na condição profética de tudo largar, desabrigado e indireccionado, atravessar o deserto que fica longíssimo do mar. A catedral não é do tempo nem é um templo. Fora do tempo e da eternidade. Porque seguramente ao “que invisível se vê…” (Fernando Pessoa) só é acessível para os seres de interioridade e de internalidade. Seres (s)em regresso, órfãos do mundo, viajantes oníricos nas lágrimas que os reconduzem à origem do mundo, arqueólogos das ruínas da catedral edénica, nos jardins suspensos da memória. A catedral é a imagem intacta de Outrora.
A catedral é inacabada e o seu inacabamento é a sua perfeição. A haver um criador seria um nómada errante nas paisagens da Terra, do Fogo, do Céu e do Mar. O criador criaria a sua morada numa paisagem que poderia ainda ter que inventar. Mas, se houver um criador também este não precisará de qualquer abrigo para repousar. Um criador não repousa num lugar: repousa na quietude e no silenciar, dentro, no âmago fundo, do inexistente. A haver um criador também ele não quererá um templo, porque não haverá qualquer linguagem com que lhe falar e um Outro com quem dialogar. O criador tem que ser um não-Outro que não se possa olhar. O que é preciso é que exista um ateliê para Ele poder criar, recriar, descriar. É preciso um céu para Ele, nos dias de êxtase, milagre ou convulsão, pintar a tela grande do horizonte com cores e seres que sejam de espantar. É preciso o éter para Ele poder ser o fogo, o Sol, o rubro manto a que os corpos nus e as almas mortas se entregam na vastidão insondável do entardecer, antes também do imóvel e pleno luar e enlutar.
A catedral é o rosto humano a chorar e a infância que se recusa a falar. A catedral é a água límpida, fria e fresca que só o divino raiar pode acalorar. Prévia às sombras, na luz inicial, imóvel, antes da Terra girar, só a catedral sabe ensinar a arte de emudecer aos que bem-aventurados nunca hão-de aprender a argumentar. A catedral tem colunas, absides que são memórias do Sol no seu ante-despertar, é daí que o Criador gosta de se aproximar e com asas de Dédalo nos convidar a chegar.
A catedral é a amendoeira na ladeira, o branco-rosa da sua flor de Fevereiro. Não o verde-azul infinito dos vitrais, da rosácea de vidro, no cimo dos altares centrais e laterais. Porque Deus não é finito nem infinito: é faminto e, por isso, semeia jardins que são hortos e onde de madrugada os pássaros – antes das paredes erguidas e dos altares com círios acesos, dos coros e das orações, dos textos e das consagrações – escolhem os nichos para as vozes ensaiarem e soletrarem em melodias espontâneas o silabário incerto e indecifrável do Criador, que varia, do pouco que se sabe, nos sons, nos tons e nas estações. Uma catedral é um pomar, um campo de árvores, um lugar por onde um dia uma Voz, num espaço [do] invisível, começou e ninguém ainda, homem, ave, peixe, deus ou artista ouviu, respondeu ou completou.
Por isso uma catedral é uma página branca, esta tampa, esta campa onde, Mãe, às vezes, te venho cantar sílabas e sons com lágrimas e suspiros, esperando um dia, por essa janela, te poder voltar a chamar. E gritar, mãe tenho uma pomba no peito que nunca me esqueci de Amar. É por ela que passa o que de mais puro consigo pensar.
É também esta a imagem, sobretudo a dos textos, a que faltava. É nela que com obscura clarividência o ouvir se faz ver, a audição se faz contemplação. Para que Luíza não se esqueça que tenho dentro de mim movimentos de pomba e eles são o meu corpo a escrever.
"Porque Deus não é finito nem infinito: é faminto"
ResponderEliminarComo deveras o sinto...
como qualquer criança
ou artista que brilhe.
Pelo seu texto...
não lhe agradeço,
pois nele como em si
me reconheço,
e assim sendo
somos um só...
de si fora de mim
me não lembro. ;)
(voltei ao si...
ResponderEliminarpor me ser
como uma catedral
que com carinho
e todo o respeito
me abeiro...
e nela me vejo
como no Sol
ou na areia do deserto.)
Porque tem qualquer coisa de "Menina do Mar" de Sophia... ;)
ResponderEliminarEstrela do Mar
"Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
e em que o sono parecia disposto a não vir
fui estender-me na praia sozinho ao relento
e ali longe do tempo acabei por dormir
Acordei com o toque suave de um beijo
e uma cara sardenta encheu-me o olhar
ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar
Sou a estrela do mar
só a ele obedeço, só ele me conhece
só ele sabe quem sou no princípio e no fim
só a ele sou fiel e é ele quem me protege
quando alguém quer à força
ser dono de mim
Não sei se era maior o desejo ou o espanto
mas sei que por instantes deixei de pensar
uma chama invisível incendiou-me o peito
qualquer coisa impossível fez-me acreditar
Em silêncio trocámos segredos e abraços
inscrevemos no espaço um novo alfabeto
já passaram mil anos sobre o nosso encontro
mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar"
Jorge Palma
(e antes faminto... que minta)
ResponderEliminarQuerida Isabel,
ResponderEliminarA vibração é muito alta, tão alta que a Catedral explode em mil grãos, e já estou no Deserto. Falar-te-ei daqui.
Volto.
Luiza
ResponderEliminarAcredito loucamente que esses grãos são o início do pó que se solta da estátua de todos os efémeros impérios... através de uma pedra que atinge cada Homem por inteiro... e que lhe propõe o regresso ao indistinto amor pelo mundo.
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ResponderEliminarO Deserto é a minha catedral e cada Catedral é uma rosa no meu deserto. Também digo, contigo, que a Catedral não é uma morada mas sinto-me em Casa sob as suas ogivas, e uma coluna eu própria.
ResponderEliminarA Catedral de Notre Dame de Paris eleva-me a cair de joelhos, e a partir do terreno reconstruo todas as pontes possíveis daquela Ilha para voltar a ela.
A Catedral de Toledo é uma estrada de searas a partir do Tejo, desenhada pelo Sol até à sua Porta, sem perder o leito; é também uma ermida sem nome que no crepúsculo me rosa de silêncio sem palavras; e uma oficina de espadas de secreta receita e El Greco em expressão de cor e eloquência monacais.
A Catedral de Ávila é um órgão a ser afinado e uma pausa impossível na pena de Santa Teresa a ditar-me o recado da águia bicéfala; uma virgem com uma serpente de 7 cabeças aos pés e desenhos de geometrias invisíveis ao meu olhar cego mas não ao meu corpo.
A Catedral dos Jerónimos é o meu claustro, o leão o meu íntimo. A Catedral dos Teus Poemas são um desmaio por seres tão feliz de tristezas e alegrias; um ramo de rosas douradas que largas num gesto pombalino de seres bela e difícil de tão frágil. A Catedral da Serpente é uma página branca onde nos inscrevemos sem deixar rasto, pois que não é uma morada, mas os vitrais pintam-se. A Catedral do Amor é a minha prece, Isabel.
Isabel,
ResponderEliminarBoa Noite. Ainda acordada, não consigo tirar os olhos desse sol e dessas pedras,rosas, mármore, tábuas, folhas em branco do nosso passar e passear. «Uma catedral é um lugar de onde Deus se ausentou...onde o criador pode voltar depois...» Ou pode ser uma pomba, ou uma andorinha
migrante e errante...
Uma catedral pode ser o deserto...
uma pedra irradiante, uma pedra da rua...
Um sonho também pode ser manhã. Até
amanhã.
:)
ResponderEliminar* Guitarra
Começa o choro
da guitarra.
Quebram-se os copos
da madrugada.
Começa o choro
da guitarra.
É inútil calá-la.
É impossível
calá-la.
Chora monótona
como chora o vento
sobre a nevada.
É impossível
calá-la.
Chora por coisas
distantes.
Areia quente do Sul
pedindo camélias brancas.
Chora flecha sem alvo,
tarde sem manhã,
e o primeiro pássaro morto,
nas ramadas.
Oh guitarra!
Coração malferido
por cinco espadas.
Eugénio de Andrade
Poemas de Garcia Lorca
Entro na tua catedral, bebo as tuas palavras, deixo lágrimas soltas aqui e ali, junto das paredes que não existem... inclino-me diante deste altar sagrado que me cega... faço uma genuflexão. Fico em silêncio. Demoro-me.
ResponderEliminarE com uma vénia me retiro.
Boa Noite, Isabel,
ResponderEliminarVolto a esta catedral, a esta passagem para a luz. Sempre que a catedral me chamar é aqui que gostaria de me sentar. E quando Deus se sentar a criar, vou ficar a um canto em silêncio a ver os pássaros que se soltam do papel que
está no pensamento d'Ele a voar por
ali até ao deserto. Quando Ele olhar para mim, vou, depois de um longo silêncio,pedir-Lhe que, quando Ele for para o Deserto desenhar rosas no coração da Luíza, me deixe vir ao ateliê, para chorar a infância e atirar pedrinhas para o lago, e vê-las formar pequeninos círculos que os pássaros brancos vêm debicar, transformados em pedacinhos do pão de Deus.
Isabel, conhecer a sua Catedral, percorrê-la, lê-la em todos os lugares e por fim parar na página branca, chorar nesse cálice sobre o qual a pomba de asas abertas recebe o meu canto de silêncio, é um privilégio, é como se Deus se apiedasse de mim. Ouvi.
Anita,
ResponderEliminarentro na catedral, rezo as palavras poucas que sei. Queria saber muito as do agradecimento e do perdão, viver com elas como pão e água. Na catedral que habito há também lugar para ti, a meu lado. Mas na catedral, faço silêncio e pinto-me de cal. A meu lado ainda assim, transfugurada te reconhecerias junto a mim?
Saio da Catedral e sorrio, um raio para além de mim ilumina-me. Sinto-me suave, oiço a letra desta canção, dou-te a mão, vou para a rua avançar. O sol fica longe, mas o meu coração sente-o perto. Falaremos as duas, mas faremos silêncio. Conatremos os sonhos e despertaremos, avançaremos. Seremos juntas uma só e simples flor.
Obrigada leitora atenta. Ler é ser a catedral.
Paulo,
Sorriso.
Luíza,
Ai Luíza...não quero dizer-te muito aqui! Não consigo. E depois conheço e sinto muito e como tu as catedrais que também referiste. Em particular a de Toledo, a de Ávila há muito que não vou lá, fui lá quando tinha 18 anos e só vou lá de outras maneiras. Tenho duas estrelas do mar como num conto que já há muito escrevi. Encontrarei outras, se releres o conto, perceberás porque razão tas devolverei, desta vez a ti. Enternecida pelo excesso, há um movimento do corpo que gosto: beijar alguém que sabe fragementos dos meus segredos na testa. É aí que esta noite te vou deixar um beijo. Depois voi ouvir os teus sonhos e contá-los alto. Mereces a voz do vento a sibilar-te.
Saudades
Até amanhã. Uma catedral é a sua escrita a falar. Até amanhã. Espero por si em todas as manhãs do mundo.
Pequena ave Sem Nome
Com uma vénia recebo, de cada vez que te olho, na terra ou no céu, aquilo que és: luz, terramoto, grito, sílaba solta, vento de mar ou ousadia secreta de amar. E repito a vénia, sempre e sempre por gostar muito de te esperar.
Não consigo falar de um tempo e lugar em que não estou por incapacidade inata... mas posso falar que aqui e agora me reconheço... e que falar calada sobre sonhos e sentimentos é das melhores coisas que a vida tem...
ResponderEliminarDiria só que ser catedral é também tornar-se no que se lê... como que amando quem o escreveu...
Obrigada eu pelas suas pérolas escritas. ;) A vida só me deixou a viver amando textos como os seus, almas como a sua. Até sempre.