sexta-feira, 25 de julho de 2008

Só a quimera é possível... a cura é a loucura

O Poeta sabe que definir em pensamento e palavras a realidade é um impossível que a poesia torna possível, que só de modo gentil e sonhador se pode querer imitar o inimitável. Ele tem pena que os seus companheiros se tenham esquecido de que estão sempre a fazer poesia, mas apenas de um modo que o aspira à única vontade de que todos regressem a saber que só podem ser poetas como ele: que os portugueses só são capazes de realizar uma utopia.

"Mensagem": mente agita a matéria, o que Pessoa nos quer dizer é que mente e matéria são uma só. Viver guiando-nos pela mente isolada não é viver, é imaginar somente. A própria mente agita a matéria, mas não é pensando-a, porque isso é separar-se dela como sujeito independente, a própria mente É já a matéria: de Real há só o sentimento, pois é ele que as une.
O Povo Luso é cantado na "Mensagem", mas o nosso Rei vive adormecido nos poemas de Alberto Caeiro, na nossa Eterna Criança, é Ela que conhece desde sempre o Real sentido do nosso Ser, Português. O que o Rei nos pede é que vivamos a Realidade do Corpo da Alma, sem divisões: fundamo-nos no Mar da União de Tudo, só nEle nos reconheceremos, só Ele é infinito, como o Amor que somos. A saudade da Alma Lusa é a de estar unida à sua Origem: ao Corpo, pois só assim se sente, é, Vive.

O Poeta Alberto Caeiro pensa através do corpo, porque é esse o único modo possível de se pensar realmente! Apenas se propôs a definir o que pensa-sente para que o mundo entendesse que pensar é estar doente, mas que a doença mais grave ainda é o homem pensar-se saudável estando doente.

Sem comentários:

Enviar um comentário