DESIGN
Não sei bem o que significa
Julgo que é desenho
Mas não só desenho
“tout court” como diriam os franceses
Porque então seria desenho e nada mais
Desenhar uma árvore
Uma casa
Com chaminé e fumo e o sol
Como um ovo estrelado
Que qualquer criança desenharia nas primeiras classes
Será desenho ou será design?
Chama-se designer a quem faz design
Entre Salvador Dali
Picasso Rotko
Leonardo da Vinci
Onde os pintores e os designers?
Algum será uma ou outra coisa por excelência?
Julgo que design
É o desenho para ser usado:
O “a poesia é para se comer” de Natália Correia
Ou um retrato das searas de trigo
De José Manuel Rodrigues
O maior designer de sempre
Terá sido
O desenhador do universo
Que desenhou o Sol e o calor
E a fotossíntese
E as cores do arco-íris
E a Lua e Marte
- tão longe mas tão perto
E a Via Láctea
Como um enorme espanador perpétuo
E Andrómeda – você precisa de conhecer Andrómeda –
Um caracol de Pastelaria
Feito de milhões de estrelas
O maior designer de sempre
Terá sido
O desenhador do Universo
Que fez tudo tão infinitamente grande
Mas tão breve
Que bastam a contê-lo
Nove simples sílabas de um verso
Platero,
ResponderEliminarGostei do teu poema. Conheço, como sabes, um desenhador de estrelas, que se entretinha nas horas vagas, a olhar o céu por um telescópio. Mas as andrómedas, saiam do papel mais perfeitas do que as reais, se calhar, é o «grande arquitecto do Universo» ou uma sua manifestação.
Beijos
Não digo mais perfeitas, vá lá, tão perfeitas...
ResponderEliminarPlatero,
ResponderEliminarestá bonito. Como outros que não tenho tido coragem (?) de comentar. E...porque o designer do universo me tem empurrdo para outros traços.
Um sorriso
conversa com Maria/recado a Isabel:
ResponderEliminarAndrómeda é mesmo coisa linda. porque uma pequena amostra do Universo - não maior do que um pires de chávena da bica, visivelmente desenhada em caracol, sabendo nós que há ali milhões se Sóis seguramente, com milhares de milhões de Terras e de Martes, e de Luas, e de Ganimedes, e de Luas de planetas, e ainda há gente por aí que acredita que vida só na Terra - se calhar no seu quintal apenas: as suas minhocas por baixo da torneira de regar a relva do jardim; os seus cão-de-guarda e gato persa, condescendendo que um vizinho ao fim da Rua tenha um galo irreverente que acorda o Bairro inteiro antes que o Sol desponte por trás da mata natural de sobreiros e azinheiras.
Andrómeda numa noite escura deverá ver-se do teu Bairro na direcção de Évoramonte ou de Estremoz. O tal nítido pires de claridade leitosa, à imagem da conhecida Estrada de Santiago.
Como sabes, a minha formação profissional não tem nada a ver com a Astronomia. Mas a Astronomia me parece disciplina nuclear, que devia ser de ensino obrigatório, na perspectiva sociológica de que não somos sós no Mundo.
olha - para não alongar muito a conversa - lembras-te ainda do tempo Roda-Pé? Como nós sonhávamos, porra. A Reforma Agrária, as cores das flores silvestres sobre as máquinas agrícolas, a força ingénua dos nossos camponeses...
tu escrevias da Cozinha sobre a morte de Sartre, eu apanhava o ronco das máquinas pesadas escavando charcas no montado para saciar as vacas sob o Sol escaldante do Verão...
para a Isabel Santiago: um beijo grande - só por saber que cheguei a ti
Platero,
ResponderEliminarHomem, mais um bocadinho e punhas-me a chorar...
Que bom que soltaste em ti o teu natural geito de contar (in)certezas... Como lembro de tudo isso!... o que é a vida!
Como me lembro das noites de jazz, de Milton... de Elis, de Chico, Daniel Viglietti « ...sopro, agua estancada/choupo, agua cristalina/mimbre, agua profunda/coraçon agua de pupila...
Digo de cor, com o coração nas mãos,fomos grandes espíritos na nossa descoberta do mundo... Os surrealistas, os existencialistas, a beat generation, o Café Portugal... e o Zé, empregado solícito a ir buscar açúcar para o «Menino de Ouro» e o Rapazote... E nós com bandeiras de sonho a fazer a festa...o pintor (este de paredes) a gritar à lua o seu 25 de Abril de demência, com o seu cabelo branco (seria da tinta?)debaixo do céu...
As noites da minha casa, escritório e athanor do nosso fogo jovem de mudar a vida... Éluard, António Maria Lisboa...«A fita amarela que trazes ao pescoço...». Morreu jovem, também Artaud, o teatro , a rua como teatro... Cesariny também... Simone... E o telescópio apontado à lua. Não sei o que senti quando a vi...temos histórias com o telescópio, eu e o António...um dia vou contá-las...
E eu da varanda dos meus vinte anos, a gritar, Fellii...ni, não o cineasta, mas o outro. Vinha o Luís Carmelo, O Zé Manel Couvinha, o Zé Rodrigues e o Cabeça em Amesterdam... a bienal da pedra, que juntou os dois grupos... o Tavares, o Madeira da Rocha, o António,o Filippe que vivia lá em casa com a Zé...
Gingsberg... «Vi os melhores espíritos da minha geração...»
Sartre morre. Não sei onde está esse poema... não me lembro se foi publicado... no rodapé.... as festas de Maio...«Ladainhas e tatainhas...» Zé Manel Couvinha que se entregou à morte...o menino burguês, alcoolizado e vagabundo...grande espírito, grande poeta!
E depois... embrulharam o mundo em pástico, de tal forma, que ainda aqui estamos emplumando e dsemplumando memórias no blogue do Paulo, o que é a vida!
Obrigada por me lembrares tudo isso...