domingo, 20 de julho de 2008

Amor

Vaza-me os olhos: continuarei a ver-te,
Tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te,
mesmo sem pés chegarei a ti,
mesmo sem boca poderei invocar-te.
Decepa-me os braços: poderei abraçar-te
com o coração como se fosse a mão.
Arranca-me o coração: palpitarás no meu cérebro.
E se me incendiares o cérebro,
levar-te-ei ainda no meu sangue.


Rainer Maria Rilke


Isto é qualquer coisa de fabuloso!
Junto a este poema duas fotografias com duas linhas de palavras.
Numa espécie de sonho... ponho ao mesmo nível de sentir e de agir o micro e o macro.
O micro, aqui representado pela dualidade. O macro, pela multiplicidade...
O Amor pelo outro e o Amor pelos outros, o incondicional.
O eu e o todo. Ou o todo e a parte.
O princípio e o fim, e o caminho que vai do princípio ao fim.

Enjoy
:)





São precisos sempre dois.
Um para dar
Outro para receber.





Mas podemos ser sempre mais.
Mais a dar.
Mais a receber.

4 comentários:

  1. Caramba, Sereia! Grande Sereia! O amor não é nada mais do que isso... é tudo isso. E o poema do Rilke...
    O Amor é mesmo uma benção!
    E foste tu que viste a pomba branca a voar, disso não duvido.
    Hoje fiquei a saber que para ser internado, basta assinar um papel que o psiquiatra resolve. Tenho é que arranjar um hospício com jardim e que me deixe ter alunos. :)
    E as fotografias! Adorei aquele céu. Os fotógrafos que gostam de fotografar o céu são especiais. Não sei se quando andas na rua reparas muito no céu e nas nuvens. É um dos "efeitos", :)
    E és Poeta. Isso significa que terás sempre uma vida maravilhosa. Não quer dizer "fácil", apenas que será maravilhosa. ;) E as fotografias quando acontecem e não são procuradas, têm poemas lá dentro. E há poemas que têm fotografias lá dentro, são uma espécie de mapas do tesouro.
    E desculpa o meu Maluquês... :)

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  2. Este comentário pede uma resposta
    :)

    Adoro fotografar o céu, sim. Perco tempo a olhá-lo mais quando não tenho a máquina comigo. Quando tenho, tiro as fotos que o céu me mostrar... Depende do momento. No fundo, roubo-lhe esses momentos, que para mim, nunca se repetem e eu tento eternizá-los.

    Sinto-me uma malvada por tentar eternizar qualquer imagem de um céu que se mostra a quem o quiser ver. Mas não resisto. Gosto tanto! Mas tanto!!!

    Quanto ao hospício... não vai ser fácil encontrar um assim com essas características tão especiais. Embora eu considere que podem sempre fazer pequenas adaptações
    :)

    Eu tenho um terreno assim bonito, onde, um dia, gostava de poder construir o meu... (o meu sonho é ter uma casa de madeira) com jardim e tudo.

    ;)

    não tem que pedir desculpa pelos comentários que faz, até porque até agora têm sido sempre elogios.
    Depois quando passar esta fase, e passarem a ser comentários fuleiros, já pode pedir desculpas

    Eu adoro todos os que têm a pachorra de me ler. E se a seguir ainda me comentam, então é porque a maluquice é séria!!!

    ahahhahahahahh
    ;)

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  3. Já agora, há uma casa entre a praia das maçãs e as azenhas do mar que acho que te iria ficar bem nesse terreno. Quer dizer... dava um boa fotografia. Eu agora não consigo aceder ao disco rígido onde tenho 1 foto dessa casa, mas se conseguir resolver o problema, posto-a aqui. Fica mesmo em cima da falésia e está toda pintada, telhado e tudo, com cores que lembram aguarela. Aliás nessa rua de terra batida que vai dar à praia da Aguda quase todas as casas estão pintadas dessa forma.
    E espero que esse jardim se concretize.
    E não há razão para comentários desse tipo, só se fosse na brincadeira. Mas com coisas sérias não se brinca. Por exemplo, já andei algum tempo por sites de fotografia e aí os comentários chegam a ser absurdos. :)
    Também gosto da forma como fotografas o sol. Tem tudo a ver. Para além de contrariar as regras sagradas da fotografia (e dizem que queima o sensor da máquina, mas pela minha experiência não é nada de preocupante, deves é ter cuidado com a tua retina, mesmo com um visor electrónico os nossos olhos acabam por receber muita luz).
    :)

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  4. Cara sereia,

    digamos que às vezes sou lenta de compreensão:)

    há uma coisa AQUI em que me identifico-a fotografia. Mas não a fotografia apenas como imagem, mas sim como fulgurante odor de palavras...

    onde a microvisão e a macrovisão ficam pendendo na palavra que junta sentir. Quantas vezes esta poesia com imagens, nos deixa desamparadas e querendo algo maior...este poema de Rilke, deixa-me sempre querer que debaixo da fotografia do entardecer raie uma luz...uma luz quente de oiro, caindo no colo da noite com desafio.

    queremos o céu que se rasga em azul, em cinzento, em incolor desmaio

    a luz, a luz das mais pequenas coisas que passa tantas vezes despercebida. Uma vez li um verso (não me recordo do seu dono) que dizia que "o sol não e nenhuma puta que se dá a todos"

    o sol é o mesmo, mas olhado de formas tão singulares, e no singular procuramos o plural, o plural (um plural a dois) que se quer singular.

    singular visão foi esta com que me encontrei, aqui. Para ALÉM do Rilke, o que as suas palavras nos deixaram....a sereia trouxe-nos algo de singular. Belo, que aproxima, aproxima os nossos pensares sobre as coisas, os homens, a natureza, o encontro de imagens com poemas a suspirar nas pétalas das flores...

    e...cara sereia, fiquei por aqui, ao de leve ao de leve...falando sobre alguma coisa e sobre coisa nenhuma...ao de leve ao de leve inspirando perfume nas suas fotografias e (re)lembrando-me de outras imagens.

    quase em silêncio, silenciando-me agora shhhhh

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