quarta-feira, 4 de junho de 2008

Humanidade decadente

Quando deixámos de ser nómadas, aí começou a decadência da humanidade.
O Homem pensou: "Agora não sofro, agora está tudo bem".
Faltou a chuva, descobriu Deus.
Veio a tempestade, descobriu o temor.
Apaziguou-se, resignou-se, continuando a dizer: "Agora não sofro".
Escondeu o seu sofrimento, perdeu a liberdade, começou a pensar.
Nasceu o mundo interior; deixou de viver para o mundo, idealizou-se.
O idealismo, que nasce em Parménides, é a teoria mais perniciosa de sempre.
Pessoas como Sócrates, Platão, Agostinho, Descartes, pertencem ao rol de culpados da decadência da humanidade.
O Homem desliga-se do mundo, cria fantasias irrealizáveis, morre insatisfeito, arrependido, angustiado, com o sentimento de que desperdiçou a sua vida, a oportunidade que tinha.
Perdemos a liberdade quando começámos a pensar... "E se...".
O pensamento é uma armadilha.
Os piores vícios são os mentais.
Devemos pensar apenas no seguinte: o que quero fazer da vida? Como vou fazê-lo?
De seguida, mãos à obra! Acção! Acção!
Viver: aproveitar o que o mundo dá.
Não viver: conformarmo-nos, resignarmo-nos... desistir da vida, sujeitarmo-nos à normalidade.
A normalidade é uma anormalidade.
Hoje, o ser humano não é mais do que uma caricatura de si próprio.

6 comentários:

  1. Se isto é para ti verdade, porque continuas a pensar todas estas coisas ?

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  2. «Os historiadores do futuro pouco terão a dizer do homem contemporâneo, a não ser: fornicava e lia jornais.»

    Albert Camus, A Queda.

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  3. "não é mais do que uma caricatura de si próprio"

    tudo são caricaturas...

    ou não...

    dependendo da perspectiva em que são vistas.

    Olhando desligado do todo parecem aspectos,

    olhando como emanação do todo parecem aspectos.

    mas num são aspectos desligados, no outro são aspectos de algo sem princípio nem fim.

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  4. "a acção é inimiga do pensamento"


    bernardo soares

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  5. Cara linfoma_a-escrota, a minha vivência, expressa aqui por palavras, é a de que a nossa Criatividade se expressa de muitas maneiras.

    Vê-la, a nascer, a florescer, a morrer, a definar, é, em todos os casos, vê-lA, senti-lA, sê-lA. E isso é um privilégio pelo qual muitos de nós estamos dipostos a morrer, a matar, a viver e a inspirar.

    Nalgumas pessoas acção e pensamento serão inimigos, noutras companheiros, noutras irmãos. Mas é natural que quando a nossa energia se canaliza muito para um lado deixe de se manifestar no outro. Não há nada de estranho nisso.

    Afinal, é difícil ver o escroto e a sua áurea em simultâneo. Apesar de, na realidade, para lá do pensamento e da acção, estar lá tudo, não falta nada. Nós é que, na nossa cegueira, julgamos que mudamos o real por o olharmos desta ou daquela maneira...

    Quando era pekeno tinha muitos pesadelos (gostava muito de ver filmes de terror). Até que pensei, «calma, isto é como estar no cinema, só que não pago e é muito mais realista». Na noite seguinte tive o meu último sonho de terror, delirei com aquilo, foi mesmo BOM! Bons sonhos (e pesadelos)! :)

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