sábado, 21 de junho de 2008

Pátria I


Fotografia: Rolfe Horne - Dusk, Izumo, Japan, 2001


Sou alta montanha,
Pequena ilha isolada,
envolta em terra desolada,
tundra despojada,
mar profundo,
que só asas ténues,
sementes vagabundas, podem encontrar.
No cume desta terra,
uma só semente ganhou a batalha,
contra os elementos da terra e do mar.
Germinou de amor por mim,
protegendo-me com mil braços
das chuvas e tempestades,
da voraz erosão do tempo
deste inclemente lugar.
Por vezes sobrevoam-nos
alegres aves selvagens
que esqueceram daqui fazer lar.

Somos só porto de abrigo.
Passagem para outro lugar.

5 comentários:

  1. Passo. Fico um pouco mais, mas mesmo sabendo que não regresso, ou que só sou regresso, prometo voltar a abrigar-me aqui. Promessa a cumprir nos sonhos ou nas ilusões. Nas divagações. Nas deambulações e nas hesitações. Prometo escutar ainda um pouco mais a voz que escreve, semente que vence o silêncio para o especificar, e revelar tal pormenor de encanto e mistério do mundo por viajar e contornar. Afinal, de passagem e passagem. Voragem, apesar da imobilidade. É por isso que regresso, mesmo sendo abismada na infinitude deste finito e breve aforismo natural.

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  2. Bela foto e belo texto. Assumo esse desafio: ter como Pátria a "Passagem para outro lugar".

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  3. Como pode a Pátria ser "Passagem para outro lugar" ? Creio ser essa, no que respeita a Portugal, a proposta do V Império e, agora, da "Nova Águia"... Mas como ? Não se assimilará precipitadamente "Pátria" e mente ?...

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  4. Somos passagem. A nossa Pátria? Inefável!

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