quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pedro e Inês


A voz de Inês era um fio de água
Por onde bebia a vida o jovem rei.
Passaram pelo bosque os cavalos de fogo
Mas a voz de Inês não se apagava,
Ia com o vento, na crina dos cavalos;
Soprava nos canteiros perfume de cabelos
E de vento do norte em redor dos canteiros.

Um fio de água corria no peito de Pedro
Era a voz de Inês que não sossegava
De acender astros no negrume dos céus.
Tanto amor que mata e não nos morre
Tanta pedra brilhante a descer da montanha!
Por Inês se espalharam os brilhos da lua
E a voz saudosa do que foi seu rei
Há-de a mar o amor que não se rende.

Falo de um rei que achou na morte
A coroa oculta da sua rainha.
Se digo Pedro, uma pedra ganha forma;
Se encontro Inês, a Saudade transforma
Uma catedral de lágrimas em construído
Templo, túmulo de dormir e de sonhar.

Que rei ergue em torres de pedra e Sal
O recorte de um país?
Que rei coroou o Céu e a Terra
Por amor da sua rainha feita pedra de chorar?
Falo de Inês com as mãos abertas e vazias
Tanto amor que semeou no mundo
Esta saudade de ser maior que a morte!

3 comentários:

  1. ó Maria

    boa voz como sempre. é bom descobrir que há pedras de chorar

    ResponderEliminar
  2. De chorar e de rir, meu caro Platero...

    Aquele abraço

    ResponderEliminar
  3. Pedras de chorar: os olhos de Pedro
    Pedras de azular: o brilho do mar
    Pedras de amolar: a tarde de outono
    Pedras de beijar: a face do instnte
    Pedras de morar: a casa e o sonho
    Pedras de cantar: o vento nos cabelos;
    Pedras de rir: os olhos alegres de Platero a olhar para mim...

    Havemos de nos encontrar por aí.

    ResponderEliminar