sábado, 10 de maio de 2008

Das edelste gebet / A mais nobre oracao

"Das edelste gebet ist, wenn der beter sich / In das, vor dem er kniet, verwandelt inniglich"

"A mais nobre oracao é quando aquele que ora / Se transforma no mais íntimo nisso diante do qual se ajoelha"

- Angelus Silesius, O Peregrino Querubínico, 4, 140.

5 comentários:

  1. Recebi há dias uma fotografia que e um altar. De alguém que sabe rezar, orar e se transforma naquilo que a envolve. Mas de tanto olhar também dei por mim não a escrever mas a rezar. Rezei assim:
    Levanto-me da mesa depois de ter visto as rosas abrir. Estive desde domingo sentada a contemplar a interferência das palvras de Weil na rosas dessa mesa. As rosas são feitas de pétalas da árvore de Cristo, na árvore em que Cristo foi crucificado. Weil talvez dissesse: talvez por isso tenham espinhos, as rosas.
    (1) Nas rosas há uma abertura libertadora, uma simbólica passagem para o Mistério. No botão da rosa há o insondável de uma possibilidade, da sua variedade, da sua variação. As suas variações silenciosas. Na rosa, o anjo enche o sopro de fragância e cor. Da rosa, o anjo leva o suspiro com que soprando desenha o vitral. A rosácea da catedral.
    (2) Nas rosas há uma dor opressora, uma fixação do que se crava no corpo. A rosa contém a latência da infelicidade. Porque não há infelicidade sem dor no corpo, acrescentaria Weil. O nosso, como o da rosa, o da rosa como o nosso, conhecem a funda sensação de que a beleza do que em nós e nela é éfemero e o espinho permanece. A ele ficamos presos não só por doer, mas até à própria possibilidade de doer. O espinho seco ainda dói, mas as pétalas secas já não formam a rosácea com que o olhar as atravessou religiosamente.
    No entanto, a rosa é a flor mais cristã e mística. As suas pétalas secas são como as vestes abandonadas de que um corpo redentor se libertou. A rosa é o corpo místico de Cristo. A fragância, o espírito transfigurado do corpo. O espírito, movimento no ar e envolvência com a luz. Espiritualemente, quem medita num certo movimento repousa a atenção, até que a atenção se dissolve na luz. Depois o corpo verifica que é uma pétala agarrada ainda a um pau com espinhos. E dirige o olhar para a vela. A mesa onde repousa um livro é um altar.

    Quem lê Silesius resiste a cerveja de 33ºde álcool...ele que nos transforma em rosas se as lemos, se as vemos e se as respiramos. E ler é respirar. Respirar uma forma superior de ver e orar. Envio rosas para a mesa do orador de Pascoaes como as que me mandaram e com as quais fiquei fechada a pensar e ser. Rosas sem porquê...e que florescem no espírito de quem pensa agradecendo.

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  2. I WOULD CEASE TO BE

    God
    dissolved
    my mind – my separation.
    I cannot describe my intimacy with Him.
    How dependent is your body’s life on water and food and air?
    I said to God, “ I will always be unless you cease to Be,”
    And my Beloved replied, “And I
    would cease to Be
    if you
    died.”

    LAUGHTER CAME FROM EVERY BRICK

    Just these two words He spoke
    changed my life,
    "Enjoy Me."
    What a burden I thought I was to carry -
    a crucifix, as did He.
    Love once said to me, "I know a song,
    would you like to hear it?"
    And laughter came from every brick in the street
    and from every pore
    in the sky.
    After a night of prayer, He
    hanged my life when
    He sang,
    "Enjoy Me."

    Sta. Teresa de Ávila, tradução de Daniel Ladinsky (http://www.poetseers.org/spiritual_and_devotional_poets/christian/teresa_of_avila/prayers_and_works/laug)

    E agora, já que um grande Amigo nosso está na Alemanha, que no seu melhor é a Terra de Bach e da sua "Paixão de São Mateus":

    http://boddhi.livejournal.com/205202.html

    Erbarme dich, mein Gott,
    um meiner Zähren willen!
    Schaue hier, Herz und Auge
    weint vor dir bitterlich.
    Erbarme dich, mein Gott.

    A cadência com que esta quadra é repetida, mais lenta e cristalina que um cânone, é qualquer coisa de arrebatador ...

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  3. Como olhos de águia vos visitei/
    Convosco me transformei em oração/
    No obscuro mar fui quem não sei/
    Guardo o que ouvi e escuto o coração/

    Primeiro voz e nome de ninguém/
    Depois um rosto desenhado de cor/
    Saudades do futuro desse alguém/
    Que de plumas de nada foi amor/

    Agora que o soneto se aquieta/
    À sombra de novas vestes me abrigo./
    Da palavra que cobre nada resta./

    Em verdade vos digo que não temo/
    A cor dos vossos olhos, sei-os cegos/
    Para ao pé dos meus olhos vos convido.

    PS1 - Aqui vos visitei sob várias vestes de que me fui despindo para me (de)existir.
    Levei comigo algumas plumas.
    Espero que não se importem.
    Levarei e entregarei mais algumas
    Fui-me (des)vivendo.
    Um abraço
    Um sorriso:)
    Muita Paz

    PS2 - Poisem à vontade. O chão é vosso.
    http://saudades-futuro.blogspot.com

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  4. Cara Isabel,

    Senti a tua oração da Rosa e a ligação à oração de Silesius pelo orador Paulo.



    Eu não vejo espinhos quando vejo a Rosa mas o seu esplen'dor dói-me, a fragrância que emana e pela qual se esvaece, realizada; quando as pétalas secam imortaliza-se o que nela me susteve: a visão do perfume, experiência que nunca definha.

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  5. Ana,

    Obrigada pelos poemas de Santa Teresa, em inglês. Só a tenho lido na língua original. Uma tradução traz sempre uma vibração acrescida, a da própria Língua, é espantoso; e mais ainda quando traz a vibração do tradutor.


    ... ouvir Bach abala-me tudo, é um tormento de tanta beleza, e de uma serenidade visceral.

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