"Das edelste gebet ist, wenn der beter sich / In das, vor dem er kniet, verwandelt inniglich"
"A mais nobre oracao é quando aquele que ora / Se transforma no mais íntimo nisso diante do qual se ajoelha"
- Angelus Silesius, O Peregrino Querubínico, 4, 140.
Recebi há dias uma fotografia que e um altar. De alguém que sabe rezar, orar e se transforma naquilo que a envolve. Mas de tanto olhar também dei por mim não a escrever mas a rezar. Rezei assim:
ResponderEliminarLevanto-me da mesa depois de ter visto as rosas abrir. Estive desde domingo sentada a contemplar a interferência das palvras de Weil na rosas dessa mesa. As rosas são feitas de pétalas da árvore de Cristo, na árvore em que Cristo foi crucificado. Weil talvez dissesse: talvez por isso tenham espinhos, as rosas.
(1) Nas rosas há uma abertura libertadora, uma simbólica passagem para o Mistério. No botão da rosa há o insondável de uma possibilidade, da sua variedade, da sua variação. As suas variações silenciosas. Na rosa, o anjo enche o sopro de fragância e cor. Da rosa, o anjo leva o suspiro com que soprando desenha o vitral. A rosácea da catedral.
(2) Nas rosas há uma dor opressora, uma fixação do que se crava no corpo. A rosa contém a latência da infelicidade. Porque não há infelicidade sem dor no corpo, acrescentaria Weil. O nosso, como o da rosa, o da rosa como o nosso, conhecem a funda sensação de que a beleza do que em nós e nela é éfemero e o espinho permanece. A ele ficamos presos não só por doer, mas até à própria possibilidade de doer. O espinho seco ainda dói, mas as pétalas secas já não formam a rosácea com que o olhar as atravessou religiosamente.
No entanto, a rosa é a flor mais cristã e mística. As suas pétalas secas são como as vestes abandonadas de que um corpo redentor se libertou. A rosa é o corpo místico de Cristo. A fragância, o espírito transfigurado do corpo. O espírito, movimento no ar e envolvência com a luz. Espiritualemente, quem medita num certo movimento repousa a atenção, até que a atenção se dissolve na luz. Depois o corpo verifica que é uma pétala agarrada ainda a um pau com espinhos. E dirige o olhar para a vela. A mesa onde repousa um livro é um altar.
Quem lê Silesius resiste a cerveja de 33ºde álcool...ele que nos transforma em rosas se as lemos, se as vemos e se as respiramos. E ler é respirar. Respirar uma forma superior de ver e orar. Envio rosas para a mesa do orador de Pascoaes como as que me mandaram e com as quais fiquei fechada a pensar e ser. Rosas sem porquê...e que florescem no espírito de quem pensa agradecendo.
I WOULD CEASE TO BE
ResponderEliminarGod
dissolved
my mind – my separation.
I cannot describe my intimacy with Him.
How dependent is your body’s life on water and food and air?
I said to God, “ I will always be unless you cease to Be,”
And my Beloved replied, “And I
would cease to Be
if you
died.”
LAUGHTER CAME FROM EVERY BRICK
Just these two words He spoke
changed my life,
"Enjoy Me."
What a burden I thought I was to carry -
a crucifix, as did He.
Love once said to me, "I know a song,
would you like to hear it?"
And laughter came from every brick in the street
and from every pore
in the sky.
After a night of prayer, He
hanged my life when
He sang,
"Enjoy Me."
Sta. Teresa de Ávila, tradução de Daniel Ladinsky (http://www.poetseers.org/spiritual_and_devotional_poets/christian/teresa_of_avila/prayers_and_works/laug)
E agora, já que um grande Amigo nosso está na Alemanha, que no seu melhor é a Terra de Bach e da sua "Paixão de São Mateus":
http://boddhi.livejournal.com/205202.html
Erbarme dich, mein Gott,
um meiner Zähren willen!
Schaue hier, Herz und Auge
weint vor dir bitterlich.
Erbarme dich, mein Gott.
A cadência com que esta quadra é repetida, mais lenta e cristalina que um cânone, é qualquer coisa de arrebatador ...
Como olhos de águia vos visitei/
ResponderEliminarConvosco me transformei em oração/
No obscuro mar fui quem não sei/
Guardo o que ouvi e escuto o coração/
Primeiro voz e nome de ninguém/
Depois um rosto desenhado de cor/
Saudades do futuro desse alguém/
Que de plumas de nada foi amor/
Agora que o soneto se aquieta/
À sombra de novas vestes me abrigo./
Da palavra que cobre nada resta./
Em verdade vos digo que não temo/
A cor dos vossos olhos, sei-os cegos/
Para ao pé dos meus olhos vos convido.
PS1 - Aqui vos visitei sob várias vestes de que me fui despindo para me (de)existir.
Levei comigo algumas plumas.
Espero que não se importem.
Levarei e entregarei mais algumas
Fui-me (des)vivendo.
Um abraço
Um sorriso:)
Muita Paz
PS2 - Poisem à vontade. O chão é vosso.
http://saudades-futuro.blogspot.com
Cara Isabel,
ResponderEliminarSenti a tua oração da Rosa e a ligação à oração de Silesius pelo orador Paulo.
Eu não vejo espinhos quando vejo a Rosa mas o seu esplen'dor dói-me, a fragrância que emana e pela qual se esvaece, realizada; quando as pétalas secam imortaliza-se o que nela me susteve: a visão do perfume, experiência que nunca definha.
Ana,
ResponderEliminarObrigada pelos poemas de Santa Teresa, em inglês. Só a tenho lido na língua original. Uma tradução traz sempre uma vibração acrescida, a da própria Língua, é espantoso; e mais ainda quando traz a vibração do tradutor.
... ouvir Bach abala-me tudo, é um tormento de tanta beleza, e de uma serenidade visceral.