A verdadeira serpente é lusa
tem a saudade como musa
e o ensejo de progredir
Porque o progresso real
esconde-se neste pantanal
como graal a descobrir...
Somos, como povo, os eleitos
que das cinzas hão-de ir
percorrendo redutos imperfeitos
tal qual reluzente eremita
que expande e excita
quem dele soube rir.....
A luz cega de Lisboa
emerge ávida da escuridão
tal o seu fado entoa
a tristeza alegre da solidão
Quem, nau do Tejo, se atreveu
a voar por mares escondidos
e do antigo quadrado bebeu
perfumes redondos esquecidos?
A nossa serpente tem asas
maiores que o inconsciente
e tu, corvo eminente,
porque endeusas tábuas rasas?
é que tu és mais vasto que tu
e ninguém a não ser tu
responderá ao teu caos
senão embarcares nas naus
Miguel Barroso
Há naus que não dormem
ResponderEliminarSonham acordadas
Sonhos bordados na luz das asas
Naus que velam a distância
E tecem caravelas nos olhos dos poetas
E o Tejo reflecte o esplendor das horas
No brilho das águas despertas
Luzes que se acendem
No mapa da vontade
De voar sem direcção nem medo
No coração de esperança da saudade.
Há naus, aqui, no leito da serpente
As asas somos nós que aqui passamos
E acordamos a pátria dormente
Nas vozes com que a cantamos.
Há naus que não dormem, aqui
Dentro das vozes que acordamos.
Alguem escreveu que "navegar e preciso, viver nao e preciso". O mesmo se aplica a voar:-)!
ResponderEliminarBoa Noite Miguel,
ResponderEliminarLi em voz alta o teu poema, senti-lhe o pulso e a eloquência, embalada; depois voltei a ele desta vez a murmurá-lo, como se estivesse a segredá-lo ao ouvido, e estou abalada.