sexta-feira, 18 de abril de 2008

Martinho da Arcada

No Martinho da Arcada
não tem nada
não tem pessoa, nem gente
não tem ninguém que mente

como o poeta nas fotografias
com identidades falsas
que fala de outras vidas
e de mares nunca navegadas

Não tem ninguém de verdade
aqui só existem heterónimos
então bebo e tenho tanta vontade
de inventar um monte de poetas

31.III.08

13 comentários:

  1. Se tem vontade, invente-os.. que foi o mesmo que "ninguém" fez.
    O Martinho da Arcada é um lugar inspirador para o nada da vontade.

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  2. No Martinho da Arcada
    Oiço vozes do Oriente...
    Expresso de mim, vem marcada
    a hora que já não mente.

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  3. A hora que já não mente
    dentro bate e ressoa
    A Oriente do Oriente
    Nada ser é ser Pessoa

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  4. Nada ser é ser Pessoa
    Ser Pessoa é ser gente
    Coração que já não doa
    Leva o deserto à mente

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  5. Leva o deserto à mente
    o nada ser nem pensar
    O resto é ser demente
    na perda do procurar

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  6. Na perda do procurar?
    No ganho de perceber:
    Só na demência do pensar
    Se atinge o nada do Ser.

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  7. Se atinge o nada do Ser
    só na demência do pensar ?
    Vê antes da mente perceber:
    aí tens muito que achar.

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  8. "Aí tens muito que achar."
    Então deito fora a mente?
    Como traduzo o olhar
    sem memória de ser gente?

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  9. Sem memória de ser gente
    é que podes deveras ver.
    Não é a confiar na mente
    que se atinge o nada do Ser.

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  10. Que se atinge o nada do Ser,
    Sem mente nem pensamento...
    Como o fazes? Posso saber?
    Como geres este momento?

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  11. "Como geres este momento ?"
    Não o gerindo, claro está.
    Não deixando que o pensamento
    tome por real o que não há.

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  12. Tome por real o que não há
    e o que há por ilusão...
    Tudo é Nada, ninguém está
    neste poema de ficção.

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  13. Nesta poema de ficção
    nos sobrenadamos, eu e tu.
    Real se volve a ilusão,
    Nada é Tudo, nu e cru.

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