terça-feira, 4 de março de 2008

Praga



O cego a cantar em russo na Ponte Carlos, sobre o Vladva. A bela rapariga de olhos tristes a tocar guitarra espanhola. A senhora checa a entoar uma ária de ópera na rua nocturna. Quase ninguém neles reparava: a seus pés escasseavam as moedas. E eram eles o coração de Praga, a cidade alquímica, na noite do mundo. Pela sua voz Deus cantou entre os homens mudos, que apressados iam às suas vidas, cheios de nada. (Maio, 2007)

5 comentários:

  1. Fizeste-me lembrar quando parece que os anjos falam pela boca dos fala-só que vagueiam pelas estações de Metro.

    Abraço.

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  2. Cura

    Quando os tambores materializaram
    O ritmo do coração,
    A Negra avançou sobre o palco
    E imperou na sala.

    Das suas tranças pendia
    O transe de um público cerebral
    Que sem querer encontrou em sí
    O inconsciente da Terra.

    Nos seus lábios soavam ecos
    De Yaoundé,
    New Orleans,
    Saint-Germain-des-Prés,
    Batida do Universo
    Acelerada quando o fim da escravidão
    Iniciou a cura do Ocidente.

    A conclusão virá
    Quando o público absorver o momento
    Em que a Negra abriu os braços,
    Levantando voo com as águias,
    Chamando-nos a todos “meus filhos”.

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  3. Sim, é muitas vezes pelos loucos e vagabundos que, nestes tempos de miséria e espiritualidade delico-doce, o sagrado e o divino ainda nos visitam...

    Abraço

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  4. Temos encontro marcado em Praga, ó meu Amor que nunca verei !

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  5. Esperar-te-ei ! Esperar-te-ei, ó meu Amor que um dia verei !

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