Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
segunda-feira, 24 de março de 2008
A morte não existe. Na vida há duas coisas em que não acredito: na doença e na morte.
Mas a noite escura faz parte da "busca". É o lugar mais propício aos desencontros e, por isso mesmo, à descoberta do que nos estava oculto, porque buscar tem em si ocultação.
E é claro que todas as vidas comportam sofrimento. Dilacerante e, muitas vezes, insuportável.
E ou a filosofia nos agarra pelos cabelos e nos coloca perante a questão decisiva, ou os nossos dias, se nos dedicarmos à filosofia, serão os de espanta-traças que, como é sabido, permitem às bibliotecas poupar uns dinheiros em químicos para exterminar essas criaturas devoradoras de livros (essa é a única coisa de que não gosto nas bibliotecas, uma vez que as traças são seres sencientes).
E que questão é essa?
Eu acho que essa questão pode assumir esta roupagem: "como não assumes a Felicidade?"
Não se trata da minha ou da tua felicidade, mas na Felicidade que há em estarmos aqui e estarmos agora a sermos testemunhas do Universo. E digo "testemunhas" porque ser é, na sua radicação mais essencial, ser-tudo. Não é ser parte, mas assumir o tudo que há em cada coisa. O assumir cada coisa como o tudo.
Ora o problema é que durante toda a vida alimentamos um fantasma doido (que sofre de má doideira e não da luciferina loucura dos santos e dos poetas) cujo único móbil é o medo da morte. Trata-se do Ego que se encara como separado de tudo e procura mil pretextos para nos fazer ver o quão pequenos e frágeis somos e como a vida é uma luta incessante de fantasmas esfomeados (os Egos) em vista do "sucesso".
Enquanto não suicidarmos essa nossa personna vivemos no inferno.
O segredo é amar, como bem sabe Sebastião da Gama.
A morte é "apenas" uma soltura. O abrir da porta das reclusões em que nos movemos na vida intermediária. Talvez o maior dos "segredos" seja o de sabermos se podemos escapar-nos da nossa necessidade de clausura. Conseguir isso em "vida" talvez esteja aberto a todos. Talvez.
E talvez melhor que tudo seja o silêncio. E a solidão que, sendo verdadeira, será estar tudo (todo) em tudo, com tudo.
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