Vagueio solto por entre memórias, percepções, imaginações. O mundo não tem mais nada para me dar - ou terá? Tudo o que tenho e terei é o mundo que mo dá, ou eu ou outros através do mundo. Também somos mundo! O melhor é darmo-nos a nós mesmos, ou seremos obrigados a tanto? E será tanto tão pouco?
Vagueio solto por entre este texto - será que me encontro aqui (ou fica parte de mim neste texto)? O que é "aqui"? O significado ou a compreensão deste texto, a sua leitura atenta? Eu e o texto somos mundo, mas a relação entre eu e o texto, quando sou compreensor e o texto é compreendido, é por aí que vagueio, de algum modo..., quando compreendo. Sou de uma mesma natureza do que a compreensão do texto e do que o texto enquanto significa para ser compreendido... da mesma natureza do que o significado.
Significado é ser para alguém. Tudo o que é para alguém é um significado. Os fenómenos são ser para alguém, significado. Tudo significa sempre alguma coisa.
O que é significar? É representar. Um amigo que eu veja é significado como "amigo", "pessoa", etc., e há uma certa inteligência na nossa percepção, que nos permite distinguir as coisas umas das outras; e também nelas, que são diferentes umas das outras. Os sentidos como que compreendem o mundo (percepcionado). Mas talvez seja a inteligência que nos faça agir e escolher. Esta, compreende o que os sentidos compreendem, e compreende ainda mais, em ambos os sentidos. O que é interessante nela, é que sabe distinguir entre as coisas: um marciano verde, uma vela amarela.
Os conceitos são dados pelo mundo à inteligência, mas outros são por esta forjados, como o de "marciano", um objecto mundano (de outro "mundo") não existente, mas que seria tal e tal se existisse. É a mera possibilidade. Com a inteligência contemplamos possibilidades, mas talvez não só, e com isso enriquecemos o mundo, com fantasia, mas também tecnologias avançadas, o mundo humano como ele é: somos excelentes criadores e consumidores e outras coisas mais.
Temos de ir além da criação e do consumo, se não queremos tornar-nos "máquinas produtivas e desejantes", como já diziam Deleuze e Guattari.
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