terça-feira, 11 de março de 2008

Cegueira luminosa

Fecho os olhos cansados de tanta cinza enquanto à nudez fria do mundo minha alma anseia escapar. Mas sei e sinto que os Mistérios Infinitos não desejo e não posso desvendar. Mente, Corpo, Espírito, Ilusão, Realidade, Máscara, Sentidos, que importa, se o Amor espera e anseia cada Ser tranquilizar?
Se na minha respiração de sangue um sopro etéreo eu sinto, de que serve compreender para onde me quer levar? Se Eros Amoroso em sonhos me visita, que importa saber porque meu corpo suspenso e nu o felicita, se eu sei e sinto a ondulação repetida das marés cristalinas nascidas duma liquidez solar?
Se abro depois os olhos cegos de tanta luz enquanto uma névoa luminosa serpenteia entre a íris dos meus olhos e um farol de espuma fria, isso que importa se eu vislumbrei através deles um vivo horizonte estelar?

4 comentários:

  1. Por fim alguém aponta o Amor como via para além de tanta teia conceptual !

    ResponderEliminar
  2. Felicito-a pelo seu belo texto!
    Seria interessante fazer-lhe uma leitura mitológica mais atenta...
    Se Caos gera através da separação e distinção do elementos e Eros através da união ou fusão destes, pareceria lógico pensá-lo como elemento de confusão... «Eros age de tal modo sobre os elementos do Mundo, que poderia fundi-los numa confusão inexorável. Assim, seu irmão Anteros equilibra sua força unificadora através da repulsa dos elementos...»

    O contraponto de Caos seria o elemento feminino, "Calígena, a Névoa primordial»
    Deuses primordiais da mitologia, Caos e Erosnão vivem fora dessa fonte criadora do mundo...

    «Eros casou-se com Psiqué, com a condição de que ela nunca pudesse ver o seu rosto...Mas Psiqué, induzida por suas invejosas irmãs, observa o rosto de Eros à noite sob a luz de uma vela. Encantada com tamanha beleza do deus, se distrai e deixa cair uma gota de cera sobre o peito de seu marido, que acorda. Irritado com a traição de Psiqué, Eros a abandona. Esta, ficando perturbada, passa a vagar pelo mundo até se entregar à morte». Eros, que também sofria pela separação, pede a Zeus tenha compaixão deles… Eros e psique passam a viver para sempre no Olimpo..

    Em sonho ou acordados, como tu, sejamos capazes de vislumbrar «um vivo horizonte estelar» fenomenal, numenal... anteriano...ou qualquer outro…

    Belo texto!

    ResponderEliminar
  3. Querida Pluma Alada,

    Continua a publicar textos destes... belo e profundo...

    ResponderEliminar