De acordo com o texto anterior, o eu não é o que está para lá da consciência, mas uma criação da mesma, na medida em que é eu porquanto o é para si (ser eu é ser para si) - auto-reflexão da consciência.
Depois, há aquilo que mundanamente somos, que, penso, é um conjunto de propriedades físicas e mentais, subdivísiveis e reportáveis a causas.
Por momentos penso que se fôssemos dizer tudo aquilo que somos teríamos de dizer o Universo inteiro; e isto implica que cada coisa é uma parte de nós, ou que tudo é parte de um todo, constituído por tudo. Isto não parece ser falso.
Assim, o eu já não seria aquilo a que quotidianamente chamamos "eu", dado que existiria uma única coisa mas com partes, mas essa mesma coisa. No entanto, seria necessário que essa coisa fosse coisa para si, porque a consciência é uma condição necessária para que exista eu.
O eu total, se tal coisa existe, parece ser o conjunto de tudo aquilo que é para si em dado momento: para mim, para ti, para eles, e assim por diante, tal como a areia de uma praia é o conjunto formado por cada grão de areia. Mas os grãos não deixam de ser areia, tal como eu não deixo de ser eu apenas por ser, suponhamos, uma parte de um eu universal que nem sabemos se existe.
As questões "quem sou eu?" e "o que sou eu?" não pedem a resposta por um eu universal mas, antes, reportam-se - repito algo que já disse no texto anterior - ao mais íntimo de cada um. Por isso são respostas que cada um terá de dar a si mesmo.
Sem comentários:
Enviar um comentário