Todas as pessoas que trabalham são vendedoras - dão dinheiro a ganhar a si mesmas ou a alguém mais.
Todas as pessoas são consumidoras, ainda que de estados interiores alienados.
Não há nada tão diabólico como ser-se monge - se o Diabo existisse quereria que todos nos tornássemos monges e renunciássemos aos belos prazeres do mundo, para que ficássemos na verdadeira sofreguidão ou alienação, desprovidos desses mesmos prazeres.
O mundo é marcado pela vontade de sobrevivência - agarramo-nos à vida como lapas a rochedos.
O mundo não é um local sempre bom. Às vezes é bom, às vezes é mau.
Nem tudo é sofrimento ou insatisfação, há estados de extremo (o que é extremo?) prazer, como sejam o da contemplação do belo ou do sublime, ou o orgasmo.
Nem todo o sofrimento é indesejável; ao invés, há algum sofrimento que é querido, na exacta medida em que o seu fim aumentará o prazer.
O que acontece no orgasmo é algo completamente estranho e divino - queremos mais e melhores orgasmos. É uma espécie de comunicação com Deus, de chamamento da substância.
Excelentes pensamentos, Nuno.
ResponderEliminarÉ verdade, enquanto não nos libertamos do Dharma, somos parte do problema ... Somos máquinas produtivas e desejantes.
Não verás o meu rosto sobre as águas
ResponderEliminarNem a nitidez do silêncio nessas falas
Difuso e trémulo, visto de emoção
O lenço gasto e branco das palavras
E construo lágrima a lágrima,
Riso a riso
O meu castelo de luz.
Só se é rei
No país da memória
Em tudo o resto
Vivemos emprestados
Alugados
Escravos e mendigos errantes
Vestimos os andrajos
Da esperança
E a capa das ilusões
Que não tapa
A alma prisioneira
Que julgámos nossa.
Por isso, não verás o meu corpo
sucumbir nessa pupila de morte
Nem suspender-se o tempo nesse abraço
Chamam por mim caminhos de outras mortes
Memórias de outros céus.
Salvo para sempre
O conto da princesa de encantar
Salvo para sempre
O tempo do que não aconteceu
Suspenso na possibilidade
Da princesa nunca se salvar
No fogo das palavras
Que o silêncio fecha
Na sua grande mão.
Boa Tarde, pincesa!
Um sorriso para si:)
Na densa névoa
ResponderEliminarQue está a ser gritado
Entre colina e barco?
Haiku (Yugen)
Acho que confundes muitas coisas e tens opiniões pouco fundamentadas... Sabes o que é ser diabólico ? É separar-se. Sabes o que é ser monge ? É estar unido. Sabes o que é renunciar a alguma coisa ? É aceitar tudo, sem o querer possuir.
ResponderEliminarConfundes monge com eremita ou anacoreta. E mesmo estes, se se separam exteriormente de tudo, é para poderem estar mais intimamente unidos ao todo ou ao infinito. Não concebes uma felicidade superior a todos os prazeres do mundo, que são como água salgada: quanto mais bebes, mais sede tens ?
E cuidado: não confundas orgasmo com êxtase genital e ejaculação, porque senão o que dizes ser prazer é a porta para a tristeza e o tédio.
Ó anóniomo inconsciente!... que sabes tu dos anjos, dos demónios e dos deuses?
ResponderEliminarDeixa-me falar com a minha princesa... e se não estiveres à altura dessa fala... o silêncio falará melhor que tu.
Claro que o obscuro confunde muitas coisas, de onde lhe vem o nome?
Que sabes tu do amor dos outros, dos monges e eremitas... de separação e de união...
Onde te levará essa arrogância mais triste do que as palavras que dizes. Tu ainda não viste nada...
Só mais duas:
Se quisesse dar opiniões não escrevia poemas. Se quisesse falar alto não sussurrava...
Não me ensinaste nada, nem sequer a cólera, nem a indignação, apenas uma compreensão triste... e não me deste a beber nem beleza de alma nem de palavras.
Estás quase lá, a distribuir desse modo a tua sabedoria...
Alguém falou aqui em prazer, a não seres tu?
«Que triste não saber florir!»
Boa tarde, obscuro, oberigada pelo belo poema.
ResponderEliminarPorque insistes em trater-me de modo formal:)?
Achas entao, obscuro, que estou em risco de me perder no fogo das minhas palavras?
ResponderEliminarEspero sinceramente nao ser agressiva.
Ó obscuro, que figura mais triste !... Que precipitação tão egocentrada !... Então tu pensavas que eu estava a comentar o teu comentário !?... Não sabes ler ? Não vês que apenas comentei o post do nm ?... Tu é que, pelos vistos, em vez de comentares os posts dos outros, andas por aqui armado em D. Juan a seduzir princesas com vãos jogos florais... Agora confirmo o que já suspeitava: o teu talento é mero artifício... A poesia é outra coisa !
ResponderEliminarOlá Ana Margarida,
ResponderEliminarPreciso que me desobscureças, é que
estou em dúvida a respeito do teu primeiro comentário a este texto do nm. Não terás querido dizer Samsara ( ciclo vicioso)em vez de Dharma ( doutrina, lei natural, ensinamentos)?
Sim, tens razao, e o Samsara:-)! Onde e que eu ando com a cabeca;-)? Tenho mesmo de fazer um curso de iniciacao a meditacao Budista. Paulo, se houver um curso em Junho vais ter de aturar;-).
ResponderEliminarAi, Ai ! Ai, Ai ! Não batas mais, ó anónimo irado ! A teus pés confesso toda a minha iniquidade ! A teus pés e perante a minha princesa, que vergonha !... Prometo não mais voltar a usar a palavra sagrada para fins profanos ! Clemência ! Clemência !
ResponderEliminarAgora o anónimo encolerizou!... Certamente não foi pelo ridículo que não temo... Se acompanhas o blogue, saberás que o comentário ao comentário é prática abundante por aqui.Quanto às confirmações das suspeitas.... O que poderei dizer? tanto umas como outras te pertencem.
ResponderEliminarDigo-te só duas coisas,o Nuno Maltez já foi mandado calar várias vezes e de várias maneiras. Considero que a tua resposta ao post dele não foi justa. Como voz convidada (apesar de insistente e, por vezes até provocatória) merece ser respeitada. Os avisos que fazes de tão boa vontade podem ser mais prejudiciais que benéficos.
Quanto ao artifício... ele é inerente a toda a palavra poética, não é?
Que maldade,a tua!
Quanto ao talento, ignorava tê-lo, obrigado.
Acabaste de descobrir o "donjuanismo virtual"
Se estivesses mais atento e não tivesses atitudes preconceituosas,em relação ao que desconheces, decerto terias reparado que o meu diálogo com as pessoas deste blogue tem sido respeituoso e preocupado em não ferir ninguém.
Com a Ana Margarida tem sido uma meditação especial... Se me perguntares porquê, dir-te-ei que não sei. Se eventualmente a magoei de algum modo, o que não me parece,pelas suas próprias palavras, pedir-lhe-ia desculpa. Obscuro, mas humilde.
De qualquer forma, penso que aqui somos todos suficientemente crescidos para não precisarmos que falem por nós.
Disse uns blogs atrás que não sou da companhia nem de companhia. Movimento-me neste blogue porque o acho interessante. Não sou "bloguista militante" Porque o acho interessante? Só os deuses sabem...mas não dizem.
Conclusão: Eu equivoquei-me,tu lançaste veneno. Esta é a minha opinião.
Dom Juanismo virtual? Eheheh;-)! Interessante ... Gostaria de saber mais sobre essa pratica. Sera uma forma de meditacao nova?
ResponderEliminarNao, nao me tens magoado, tens e estimulado a minha curiosidade!
Acredites ou nao, nunca ninguem me dedicou poemas ou me chamou de princesa.
E algo novo para mim:-)!
E por isso que, sinceramente, teria curiosidade em te conhecer em pessoa, para que te possa retribuir com um belo almoco, uma flor, um livro ou o que queiras.
Mas se nao queres, nao o vou forcar ...
Obscuro, tem calma com o anonimo e com o Nuno, ok? Quase que fazes lembrar o Rei de Espanha quando se encontrou com o Hugo Chavez;-) ...
ResponderEliminarPrincesa e Musa, perante ti serei Quixote e até Rei de Espanha ! Escorraçarei desta Península todos os anónimos e Nunos iníquos para te acolher e ungir com os sacros arrobos do meu verbo inspirado !
ResponderEliminarAnónimo (de 5 de Março, 20:31):
ResponderEliminarPenso que escreves frases sem sentido. Ser diabólico é separar-se? Sem sentido. Ser monge é estar unido? Sem sentido. Renunciar a alguma coisa é aceitar tudo sem o querer possuir? Sem sentido.
Monge, eremita, anacoreta - confundo-os a todos...
Quanto ao orgasmo, penso que sei o que é.
Um abraço.
Caro Maltez, pesquisa um pouco a etimologia e o sentido profundo das palavras, antes de teres tantas opiniões...
ResponderEliminarMuita Paz. Um Abraço.
Ana Margarida,
ResponderEliminarSer curioso é humano.
Criar uma personagem e através dela dialogar num blogue que tem as suas máscaras e os seus modos próprios de interagir, também é humano. Somos ambos humanos e gostamos de desvendar mistérios. Tenho desvendado alguns e continuo obscuro. A aprendizagem dos "mistérios", mesmo sem ritos, mesmo profanos, não deixa de ser um exercício estimulante.
A poesia não é, ela mesma, uma "profecia"?
Se não te dedicaram poemas ou te chamaram "princesa", fizeram mal.
O mundo, que pensamos (e com razões) abandonado pelos deuses, está cheio de vozes que nos chamam princesa e nos oferecem maravilhosas descobertas. Se formos capazes de ser inocentes e de as escutarmos... Por vezes, a dificuldade reside em termos uma mente receptiva, e ao mesmo tempo, inibirmo-nos da criação de ilusões que prendem e impedem a visão clara.
Não sei se era Doghen (acho que sim) que dizia, "se até os maus se salvam!"
Não vou dizer mais nada...
Apenas o último verso (pensamento) de um poema:
Há muita sede em não saber chorar!
Muita Paz
Para os anónimos "sábios" e para as sombras do Obscuro, dedico este poema das minha dúvidas mais íntimas:
ResponderEliminarDo escuro corredor/Onde minha alma espreita/Partem vários caminhos/E a luz brilha em cada um deles/Nas mãos de um anjo verdadeiro.//
Qual deles seguir?/Que mão segurará a minha no regresso?
Olá obscuro,
ResponderEliminarTens razão no que dizes.
Continua então, se quizeres, a iniciar-me nos mistérios das tuas belas e profundas palavras, que muito têm aberto a minha mente e a despertado para as vozes do mundo que me dedicam poemas e me chamam princesa. Como a beleza desta manhã, por exemplo, em que pela primeira vez no ano senti o aroma da Primavera.
Ou o extremo carinho que sinto depois de descer ao fundo do desespero e do vazio de Deus, como depois de ver o filme que vi esta noite, e dar-me conta de que, pala lá do "coração das trevas", existe um espaço de infinito Amor e infinita Doçura.
Continua então a iniciar-me e a meditar comigo. A minha mente está receptiva.
Um abraço
Um sorriso:)
Muita paz
Tanta conversa, tanta conversa... ó Anónimo estou contigo, inteiramente contigo... Foste tão claro, tão objectivo... mas esta gente não percebeu nada ! É triste ! Muito triste.
ResponderEliminar"... queremos mais e melhores orgasmos."
ResponderEliminarÓ nm, não é tendo orgasmos "a torto e a direito" que chegas lá... é doutra maneira... Mas isso, tens que descobrir sózinho... se não consegues é porque não estás preparado... paciência !
Obscuro, amigo, o povo está contigo!
ResponderEliminarEstá a quantos o resultado?
1- Primeiro pensamento
ResponderEliminar"O Madhyamika propõe uma via intermediária, resolvendo as tensões entre o realismo (a crença na existência dos fenómenos) e o niilismo (a crença no nada)."
"Já que não existe nenhuma diferença entre Nirvana e Samsara, como distinguir o “desperto” da pessoa ainda “presa” aos fenómenos?"
2- Segundo pensamento
Neste sentido, vale a pena lembrar:
"Quando olho para dentro, sei que não sou nada - e isso é sabedoria; quando olho para fora, sei que sou tudo - e isso é compaixão."
"O Grande Caminho não é difícil para os que não têm preferências.” Terceiro patriarca.
3. Terceiro - um poema
Poesia Bosquímana
autor: Nils-Aslak Valkeapää
Eles vêm a mim
E mostram livros
Livros de direito
Que eles mesmos escreveram
“Esta é a lei e ela também se aplica a você
Veja”
Mas eu não vejo irmão
Eu não vejo irmã
Eu não posso dizer nada
Eu só lhes mostro a tundra
Eu vejo nossas montanhas
Os lugares em que vivemos
E escuto a batida de meu coração
Tudo isso é meu lar
E eu o carrego
Dentro de mim
Em meu coração
Eu posso ouvi-lo
Quando eu fecho os olhos
Eu posso ouvi-lo
E eu posso ouvi-lo
Mesmo quando eu abro meus olhos
Mas eles continuam vindo e perguntando
Onde é seu lar
Eles vêm com papéis
E dizem
Isto não pertence a ninguém
Isto é terra do governo
Tudo pertence ao Estado
Eles trazem livros velhos e grossos
E dizem
Esta é a lei
Ela se aplica a você
O que devo dizer irmã?
O que devo dizer irmão?
Você sabe irmão
Você entende irmã.”
(pág. 133),livro «Minhas Memórias de África» – uma viagem pelo caminho interior, Thomas Paul Bisinger, 2007.