A verdade é que acordamos, diariamente, arranjamo-nos (o que quer que isso seja...) e vamos para os nossos trabalhos, não sem antes termos um ou outro pensamento sobre o que quer que seja. Trabalhamos, almoçamos e voltamos a trabalhar. Ao fim do dia, saímos do trabalho, e procuramos um momento de repouso, que nos faça esquecer tudo o que fizemos durante o dia ou que, pelo contrário, nos permita lembrar o que ficou por fazer.
O tempo para sermos para nós próprios é, mais do que escasso, raro.
Sobram-nos as poucas horas mortas do fim do dia ou da noite, os fins de semana. A vida, de facto, não é normalmente vivida como uma festa, devido às nossas obrigações para com quem trabalhamos ou para com o que fazemos profisisonalmente. Quando penso no Paraíso, lembro-me sempre daquela parte do filme "Colateral" em que o taxista mostra à sua cliente uma fotografia que guarda e vê sempre que se sente em desarmonia com o todo de que é parte.
Para mim, o Paraíso não é uma festa, para a qual todos estão convidados, um jardim de delícias, mas apenas a realização de mim naquilo em que me quero realizar. O Paraíso é, mais do que religação, realização, na medida em que cada momento é diferente dos anteriores. É possível atingi-lo? Nem que por breves momentos. Mas mais, é possível? Penso que sim, mas ainda não cheguei lá.
Um bem haja para todos.
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