terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Para um Carnaval apocalíptico



Gaitas de foles e bombos, saltos e piruetas, máscaras e guizos, nascimentos e mortes. Eis o mundo: Carnaval e Festa de um Deus Endiabrado !

Somos estrelas com uma ilimitada capacidade de se apagarem e reacenderem. Deuses-demónios enlouquecidos bailando entre a vida e a morte, para além de tudo e de si mesmos ! Absolutamente nus e carnavalescos, sábios e ignorantes, simples e barrocos, bizarros, grotescos !

Carnaval: o Deus criador travestido na paródia de o ser.

Tudo é uma Festa de Loucos. Maior demência do que não ver a sua profunda seriedade é levá-la a sério.

O verdadeiro Carnaval, a verdadeira Festa dos Loucos, é a única experiência natural, que a alienação comum tornou “mística”: tu e o mundo às avessas de o serem.

Não há identidade por detrás da máscara. A identidade é a máscara. Não há rosto nem vazio por detrás da máscara. O rosto e o vazio são a máscara.

Ser é a máscara que no abismo de ti e tudo pões.

O que importa não é o rosto nem a máscara, mas o intervalo entre ambos que os contém e possibilita.

A máscara é pensar que há rosto, pensar que há algo por trás, pensar que há máscara. A máscara é pensar.

A máscara é a não transparência da infinita e instante evanescência-aparição do rosto.

Cada rosto resume, oculta e expressa a história do universo e dos mundos ficcionada de singular e irrepetível modo.

Não te libertarás do espelho enquanto te não libertares de pressupor o rosto.

Que ao espelho não vejas mais que o universo no Apocalipse de o ser !

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