segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A palavra (III)

As palavras são a substância dúctil do silêncio.
Elas tangem as esferas onde o desejo
decanta o movimento.
O declínio do fogo começa na elocução
tardia da sua deflagração.
Nenhuma palavra arde sem abrir na pedra
os veios fundos da transparência.

2 comentários:

  1. Há palavras que não ateiam mais.
    Palavras sem anelo de chama.
    Não são fogo, nem fumo.
    São sem lume, sem flama.


    Não chama(m)
    Não evocam.
    Não fundam o oculto.
    Palavras baças. Apagadas em si.

    -

    Há as palavras perdidas.
    Que penetram e partem.
    Que se ausentam.
    Em extinção.
    Ninguém as escuta.

    Aqui são Luz que inflama.
    Um clarão de quem escreve a palavra das palavras perdidas.

    ResponderEliminar
  2. Oh deuses! Tomados pela palavra emplumada, chamando os outros mil nomes à serpente, procurando o antiquíssimo jardim, reunes no caminho, os que em separado li e a quem a minha alma sorriu. Obriga-los ao mesmo destino: ao Belo, ao Bem e ao Justo. Abrigas a minha esperança de que escutarei depois da morte e já em vida os que sabem e sobem a escada invisível que Babel e o ruído não destruiram.
    Este sim é dia de Caranaval: aqui está um Diónisos vestido de João e uma Mariana apolínea, domadora de instintos. Oiço-vos e oiço a flauta e a lira. Que festa na minha alma...Que o destino reuna os seus.

    ResponderEliminar