segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O que é a mente ?

Caros Amigos, tem-se a Serpente emplumado de muitas coisas: ideias, emoções, imagens, canções, delírios, discussões... E se indagássemos de onde provém tudo isso ? Se investigássemos o que é a mente ?

Deixo o meu primeiro contributo, pela experiência directa que este texto pode suscitar:

"EMAHO ! Aproximem-se agora e escutem. Quando olhamos atentamente, não descobrimos a mínima partícula de mente real sobre a qual possamos colocar o dedo e dizer "ela é isto !". E não descobrir nada é uma descoberta incrível. Amigos ! Para começar, a mente não emerge a partir de nada. É primordialmente aberta: nada há aí a que nos agarrarmos. Ela não está em lugar algum; não tem forma ou cor. E no fim lugar algum para onde ir. Não há vestígio de haver sido. No início a mente não é criada por causas. E, finalmente, não é destruída por condições externas"

- Shabkar (1781-1851)

O que é a mente ?

5 comentários:

  1. De noite, a escura noite. De dia, o claro dia. De mente livre. Não mente a noite, naõ mente o dia.

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  2. Anónimo
    Se a mente não parte de nada, o pensamento donde provêm?
    Não me parece que seja uma ilusão a possibilidade de termos a capacidade de pensar, independente de ser uma faculdade.
    o ser humano é tão belo na plenitude das suas ideias que só pode ter sido concebido por Deus.
    Negando a sua existência anulo-me de facto no nada que sou.

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  3. Enquanto que a consciência tem na raiz algo de eterno (para lá do tempo) a mente resulta da evolução natural das espécies ao longo de biliõs de anos. Em síntese é a capacidade de guardar e articular experiências, baseia-se na memória e no raciocínio. Na espécie humana é acompanhada de linguagem simbólica que permite o processamento em paralelo da informação (por muitas pessoas) e ao longo de várias gerações. A mente simbólica é para o homem aquilo que o formigueiro é para as formigas: uma forma de organização social e uma estratégia para a sobrevivência da espécie. Tem pouco valor ontológico, a meu ver (embora permita a colonização em larga escala - este planeta é só o princípio).

    A consciência, pelo contrário, é mais misteriosa e, parece-me, resulta do encontro entre o todo-eterno e o reconhecimento da parte como parte desse eterno. Por exemplo, a experiência do azul é encontrar na totalidade das cores (que não experienciamos mas que está na raiz de todas as cores que experienciamos) a parte que corresponde ao azul. E a experiência nunca engana, mesmo que estejamos a ver as coisas "de óculos (azuis)" a experiência em si mesma (sem referir) é sempre verdadeira - não pode haver experiência sem verdade. O trabalho do que está antes da consciência (do espírito, da alma) é precisamente o de encontrar essa verdade para dar "à luz" a consciência.

    A mente só vem muito depois disso, é um processo computacional extremamente elaborado (como o sistema imunitário ou assim) que aproveita a consciência para fins do sucesso reprodutivo.

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  4. Anónimo
    Para os ocidentais a mente pode considerar-se o cérebro na sua função intelectual que inclui a imaginação ou integrando a memória de algo ausente que se faz presença no instante em que pensamos ou sentimos.

    Na perspectiva taoista a palavra coração significa "mente-coração".
    Um ser humano que pelo seu grau de desenvolvimento espiritual, consegue não ter nem mente nem coração, actua como se não o sentisse e não estivesse ali. A paz surgiria no infinito azul.
    Se todos pudessemos manter a pureza com que nascemos a nossa mente "não nascida" seria suficiente como ter vida.

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  5. para lá da mente-coração, mas isto só se consegue com técnicas que estão muito para lá das palavras, era o que eu falava como o que está "antes da consciência". O problema é que nas sociedades orientais praticava-se, nas nossas escolas "pensa-se" e este tipo de vivência para lá da consciência passa completamente despercebida e não pode ser descrita ou induzida por livros...

    é pena que a prática da meditação, tai-chi, kung fu, etc, não façam parte do currículo escolar, assim como a música e outras formas de arte. Isso sim desenvolveria a vivência do que está para lá da consciência. é aquilo que inspirava um Mozart por exemplo, não é a consciência mas algo que está antes dela, como raíz. uma ligação.

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