terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

No campo sou mais apolíneo

Queria postar aqui o novo vídeo da Britney Spears (http://www.youtube.com/watch?v=m3ceCMpPJgc), porque penso que é representativo do estado do mundo. Pura pornografia, (estrelas desesperadas em) decadência, fast-food, voyeurismo, a morte da espiritualidade. Já alguém disse "a espiritualidade morreu!"?

Eu sou como que dois em um, na medida em que tanto busco - talvez o meu mal seja buscar, fugindo ao real; é que procuro algo mais... (sim, encontrá-lo-ei numa memória ou percepção, na mais bela praia de sempre) - o puro como o impuro, o ascendente e o descendente, o pudico e o pornográfico, o mundo e o imundo. A imundície tem os seus atractivos. Creio mesmo que as pessoas gostam de se sujar, de se sentirem sujas, para que se sintam reais - a realidade é assim tão suja?

Eu, pelo menos, preciso de uma certa dose de sujidade e é isso que a cidade me dá. Putas numa rua escura qualquer, embriaguezes rascas e baratas por entre as calçadas de basalto sujo e repleto de garrafas partidas, drogas para estados alterados de consciência... alienação, fuga à realidade, animalidade - Ele, o único, o puro, Diónisos 100% activo.

No campo sou mais apolíneo.

4 comentários:

  1. Estas no bom caminho. Henry Miller comecou a sua ascensao para uma elevada espiritualidade depois de confrontar esse cinzentismo.

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  2. Vivam as noites escuras da alma, que tanto nos ensinam ...

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  3. Coitada da Britney Spears, ela mesma uma vitima do sistema ... Muito temos martelado nela, coitada, que foi internada num hospital psiquiatrico. Que tal practicarmos um pouco de compaixao, enviar-lhe energias de cura, e dedicar-lhe um poema descrevendo-a como uma princesa encoberta?

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  4. Os teus cabelos
    Tecidos com fio solar
    Cobrem como um manto de oiro
    A fímbria das águas

    Pérolas do colar do tempo,
    Os teus olhos
    Amanhecem as minhas noites
    mais longas

    Não és deste luigar,
    Princesa compassiva!
    Onde pões os pés
    Ouve-se um rumor de asas;

    Onde as tuas mãos poisam
    nascem rosas brancas;
    Nos teus seios brancos
    Descansam as pombas;

    (...)

    Não desço mais... quem puder que complete o retrato.

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