sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Idílios

A minha alma ama todos os seres vivos e também as pedras, mas a minha persona teima em ser preconceituosa. Quem sou eu? Parece, por vezes, que há dois em mim, um que afirma, outro que critica, um que sabe o que está bem, outro que faz o mal, ou ao contrário, um que faz o bem, outro que deseja o mal. Acima de tudo, desejo libertar-me da prisão da libertadora linguagem e aderir plenamente à contemplação e fruição estéticas do mundo, do que aparece na consciência, do que é consciência, ficando então em paz ao longo desta indizível viagem que é a vida. Paz e amor para todos: estamos numa praia deserta, ao fim da tarde, o calor está agradável, sopra uma leve brisa, ouvimos o fresco som das pequenas ondas que chegam à costa, espera-nos um imenso relaxamento, estamos já realmente relaxados... é o máximo que posso dar, o que vivi, o que lembro, o que imagino... idílios. Por favor, aproveitem-nos.

3 comentários:

  1. E porque não viver a mesma experiência numa casa de banho cheia de merda, com o vizinho de cima a bater na mulher e o de baixo a dar pontapés aos filhos ? No fundo são tudo experiências em que a consciência se pode religar ao mundo, na tua religião da pura contemplação do belo e do sublime, sem ética nem esforço... Mal de nós, se para estarmos bem ficássemos presos de tantos "idílios", praias desertas e blá-blá-blá cor-de-rosa !...

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  2. E um passeiozinho ao bar gótico mais próximo, para não dizer ao bilhar grande?

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  3. Intempestivo: simplesmente, porque é impossível. Vivam os idílios!

    Um abraço

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