quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Gostaria de voltar a Portugal

De encontrar "um lugar ao sol" no meu querido e tão sofrido país, onde se exclui tanto, se corrompe tanto e tanto se faz sofrer a quem mais tem vontade de viver e realizar os seus sonhos ...

Adoro viajar, sou uma aventureira nata e cada dia que passa acordo profundamente agradecida por toda a aprendizagem que faço pelo mundo fora. Ser-se embarcadiç@ nas Caravelas é a melhor educação que uma pessoa pode ter. Se tivesse ficado em Portugal teria estagnado, e como disse o querido e muito saudoso Agostinho da Silva, estaria a esta hora "aborrecida da vida".

O mundo é lindo ... Cada país é maravilhoso nas suas grandezas e misérias.

No entanto, parece ainda mais tentador no desaguar do Tejo ou nas praias do Algarve, o Atlântico estendendo-se diante dos nossos olhos, numa tarde perfumada de Maio ou Junho, o nosso coração feito Caravela prestes a partir, desbravar, sorver, amar, sofrer, rir, partilhar, viver ... Ir e voltar, para partir de novo ...

Nós Portugueses não temos emenda;-) ...

O Barco Vai de Saída (Fausto)
http://www.youtube.com/watch?v=jHDgK_HoRTw&feature=related

O barco vai de saída
Adeus ao cais de Alfama
Se agora ou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P'ra lá da loucura
P'ra lá do Equador

Ah mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra-mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida

Sem contar essa história escondida
Por servir de criado essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa

Gingão de roda batida
corsário sem cruzado
ao som do baile mandado
em terra de pimenta e maravilha
com sonhos de prata e fantasiac
om sonhos da cor do arco-íris
desvaira se os vires
desvairas magias

Já tenho a vela enfunada
marrano sem vergonha
judeu sem coisa nem fronha
vou de viagem ai que largada
só vejo cores ai que alegria
só vejo piratas e tesouros
são pratas, são ouros,
são noites, são dias

Vou no espantoso trono das águas
vou no tremendo assopro dos ventos
vou por cima dos meus pensamentos
arrepia
arrepia
e arrepia sim senhor
que vida boa era a de Lisboa

O mar das águas ardendo
o delírio do céua fúria do barlavento
arreia a vela e vai marujo ao leme
vira o barco e cai marujo ao mar
vira o barco na curva da morte
e olha a minha sorte
e olha o meu azar

e depois do barco virado
grandes urros e gritos
na salvação dos aflitos
estala, mata, agarra, ai quem me ajuda
reza, implora, escapa, ai que pagode
rezam tremem heróis e eunucos
são mouros são turcos
são mouros acode!

Aquilo é uma tempestade medonha
aquilo vai p'ra lá do que é eterno
aquilo era o retrato do inferno
vai ao fundo
vai ao fundo
e vai ao fundo sim senhor
que vida boa era a de Lisboa

12 comentários:

  1. uma bonita canção - sempre actual. e os sociologos - alguns são p esquecer.

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  2. Vida boa é sempre a que se não tem.

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  3. Portugal já não existe: supra-existe no universo, na saudade e na loucura dos poetas mortos em vida de tanto viver além-aquém da vida morta.

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  4. Ana,
    Portugal não é o que é, é o que fazes dele (ou o que não vês nele).

    Quem “mais tem vontade de viver e realizar os seus sonhos” realiza-Se em qualquer sítio,
    mas se em Portugal "não é possível", porque haveria de ser? No teu caso, por exemplo, se calhar estavas vocacionada a embarcadiça (gostas de viajar, já tens inclinação para sair de onde estás) e a viver a saudade de Portugal, ou a saudade de outras vocações.

    Gostarias de voltar a Portugal?
    Voltarás! não porque Portugal mude, mas tu.

    Um beijinho do Tejo

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  5. Pronto, Margarida !
    Vai lá ao "convite"... está explicado tudo o que se passou connosco naquela noite !

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  6. o charme de portugal é que podemos sempre voltar como uma mae q acolhe sempre os seus filhos.

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  7. Voltar, partir, partir voltar...É o "drama" de todos nós, estejamos na nossa pátria ou noutra qualquer. Esse sentimento é bastante humano, desde que não se torne numa obsessão e não seja vivido com angústia.
    Para os que querem mais do que a vida, são estrangeiros aqui e em toda parte.

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  8. Voltar, partir, partir voltar...É o "drama" de todos nós, estejamos na nossa pátria ou noutra qualquer. Esse sentimento é bastante humano, desde que não se torne numa obsessão e não seja vivido com angústia.
    Para os que querem mais do que a vida, são estrangeiros aqui e em toda parte.

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  9. Eu definitivamente quero mais do que a vida. Por isso serei sempre estrangeira em qualquer parte do mundo, inclusivé Portugal.

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  10. Dísticos


    Para quê tanto azul
    Entre o pinhal e o mar?

    Saudades são desejos
    De partir e ficar

    Saudades são navios
    Ancorados na alma

    Para quê tanto azul
    Entre o pinhal e o mar?

    Atenção que a sensação de ser estrangeiro não significa isolamento.

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  11. Significa estar rodead@ de amigos, principalmente aqueles que se sentem estrangeiros. Estou certa?

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  12. Ou talvez porque, ao sentirmo-nos estrangeiros, comprendemos o cerne da condição de todos os seres, mais ou menos conscientes, que julgam existir?

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