quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Bebamos, Irmãos, bebamos ! (Canção de beber, para suavizar os efeitos do pensamento)

Do fundo sem fundo de Todo o Mundo vimos
Ao puro Ninguém lestos tornamos
Corações ao almo Esplendor erguidos
Néctar abunde, taças sejamos !

Da ronda do existir desprendidos
Saudade só da Grande Imensidão
Amor reúna os divididos
Amor ressuscite da mortal ilusão !

Sol e Lua, Prata e Ouro fundidos
Núpcias eternas de sábia compaixão
Adamantina folia bailemos
De delícias Jardim o coração !

Fonte de eterna juventude lesta corra
Gaia ciência do Infinito Esplendor
Dela vazios e nus nos inebriemos
Do mais puro e ardente frescor !

Corações taças ao Alto
Flamejante néctar ofertamos
Por que todo o ser livre seja
Bebamos, Irmãos, bebamos !

(in Línguas de Fogo)

13 comentários:

  1. Por mim não preciso: desde que deixei de beber, não consigo senão andar embriagado.

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  2. Ser a taça
    ser o Graal
    trazer a lembrança
    do porto
    de lugar nenhum
    que é sermos Portugal
    ébrio, louco, absorto
    infindo, todo-um
    afeito à Graça
    e à Perdição
    vivo e morto
    sem contradição

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  3. Ora, a isto se chama pensar cantando! Não é a Folia viver demencialmente perto do fogo que é espiríto, Espírito Santo?
    Devia haver e há, suponho, um estado interior, da mente, chamado "folialmente" como há jovialmente...mas não sei se os jovens conhecem a folia do espírito...

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  4. Deixem-me juntar ao coro ! Mas de taça na mão: é a única forma de me manter sóbrio !... Saúde !

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  5. É pá, isto está a animar ! Assim até eu reapareço !... Já chateava, só conversa intelectual sobre a mente e a consciência !... Com aqueles gajos todos que não existem mas andam sempre aqui a botar sentenças e os nus e despidos que se vestem muito bem ao espelho... Para não falar dos obscuros que andam mas é a ver se engatam com uns versos as miúdas incautas que saem à noite nos blogues... Topam !?
    Bom, conhecem este poema ? É cá dum compincha meu do Alentejo e da tasca do Tizé: "Hoje tenho a taça do vinho matinal na mão /
    Caio e levanto-me, embriago-me /
    Estou ébrio e sou muito pequeno junto deste cipreste altivo /
    Converto-me em nada, de modo que não exista nada mais que Ele". Como já estava bêbedo, trocou "chaparro" por "cipreste"... Mas "Ele" é mesmo Ele, que o pessoal aqui é muito místico e os copos ajudam ! Sobretudo pela manhã, pra matar o bicho, como foi o caso !

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  6. Apoiado ! Vá sirvam-se de mim... vamos todos p'rós copos pela noite fora até ao amanhecer !

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  7. Manuelinho, muito obrigada pela sugestao da tasca do Tize;-)! e la mesmo que eu quero ir para a jantaranha vinhenta e fadista ca c'a malta da Serpente quando eu vier a Portugal no final de Maio.

    Tu seras o cicerone ...

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  8. Levantemos as taças
    Que o Tizé é rijo
    Um tintinho com passas
    É o mínimo que exijo

    E se o Espírito Santo voar
    E já não conseguir fazer o quatro
    Caso não é p'ra gente chorar
    Vamos mais cedo para o "qua(r)to"

    Guidinhas, Joaninhas e o Luar
    E as bacantes todas do Universo
    Em minha honra iremos dançar
    Pode ser em prosa ou em verso.

    Levantemos as taças
    Que o Tizé é rijo
    Um tintinho com passas
    E um avental pr'o m...

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  9. Uma Canção de Beber de Omar Kayyam

    "You know, my Friends, how long since in my House
    For a new Marriage I did make Carouse:
    Divorced old barren Reason from my Bed,
    And took the Daughter of the Vine to spouse."

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  10. Outra taça ainda:

    "Waste not your Hour, nor in the vain pursuit
    Of This and That endeavour and dispute:
    Better be merry with the fruitful Grape
    Than sadden after none, or bitter, Fruit."
    Dedicada ao "Mnuelinho"

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  11. Mais duas:

    "There was the Door to which I found no Key:
    There was the Veil through which I could not see:
    Some little talk awhile of ME and THEE
    There was - and then no more of THEE and ME."

    "Then of the THEE in ME who works behind
    The Veil of Universe I cried to find
    A Lamp to guide me through the darkness; and
    Something then said - ‘an Understanding blind’. "

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  12. O Pessoa, ele mesmo, também gosta de canções de beber, est é de sua autoria:

    "Não digas que, sepulto, já não sente
    O corpo, ou que a alma vive eternamente.
    Que sabes tu do que não sabes? Bebe!
    Só tens de certo o nada do presente.


    Depois da noite, ergue-se do remoto
    Oriente, com um ar de ser ignoto,
    Frio, o crepúsculo da madrugada...
    Do nada do meu sono ignaro broto.

    Deixa aos que buscam o buscar, e a quem
    Busca buscar julgar que busca bem.
    Que temos nós com Deus e ele connosco?
    Com qualquer coisa o que é que uma outra tem?


    Sultão após sultão esta cidade
    Passou, e hora após hora a vida, que há-de
    Durar nela enquanto ela aqui durar,
    Nem ao sultão ou a nós deu a verdade."

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