Pobreza amada,
Grande é a tua senhoria!
Minha é a França e a Inglaterra,
para além do mar tenho toda a terra
(e nenhuma guerra me move,
porque a tenho a meus pés).
Minha é a terra de Sassonha,
minha é a terra de Vasconha,
minha é a terra de Borgonha
com toda a Normandia.
Meu é o reino Teotonícoro,
meu é o reino Boemíoro,
Ibérnia e Dazíoro
Escócia e Fressónia.
Minha é a terra de Toscana,
meu é o vale spoletano,
minha é a Marca Anconitana
com toda a Esclavónia.
Minha é a terra siciliana,
Calábria e Puglia plana,
Campanha e terra romana
com toda a planície de Lombardia.
Minha é a Sardenha e o reino de Chipre,
o de Córsega e o de Creta;
para lá do mar gente infinita,
que nem sei ao certo onde estão.
Medos, Persas e Elamitas,
Jacobitas e Nestorianos,
Georgeanos e Etiópios,
Índia e Barbaria.
As terras dei para a lavoura,
àqueles que as cultivassem;
renuncio aos frutos de cada ano,
tal é a minha cortesia.
Terras, ervas com as suas cores;
árvores, frutos com os seus sabores,
as bestas ao meu serviço,
todos estão no meu talhão.
Águas, rios, lagos e mares,
os peixes no seu nadar,
brisas, ventos, pássaros a voar,
todos me prestam saudação.
Lua e sol, céu e estrelas
perante meus tesouros pouco são;
é sobre o céu que eles estão,
e é sobre eles o meu canto.
Pois Deus tem a minha vontade,
e é senhor de tudo o que eu seja,
as minhas asas têm tantas penas
que da terra ao céu já não é caminho.
Pois o meu querer a Deus o dei,
sou senhor de todo o estado;
e no seu amor transformado,
enamorada cortesia.
Ser pobre é não haver menos que o todo e o infinito.
ResponderEliminarMas essa pobreza só pode ser voluntária...
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