segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A Fala da Ilha Brasil

Olorum Baba
Iahweh Abbá
Santos e orixás
São um só

Eu sou a humanidade transcendida
A questionar o sofisma da aparência
Espiritualizarei a face utilitária
Das nações do norte do planeta

Forças do Sul venham semear
Assegurar a estrada a caminhar
As almas eu hei-de fecundar
E o que era o corte colheita será

Por amor não vão se olvidar
Eis que é chegada a nossa hora
De Vieira, Pessoa e Mãe Senhora
Agostinho, D. Sebastião e Baltassar

A espada eu hei-de empunhar
Oxossi a flecha certeira
Das matas virão as folhas
Dos caboclos a cura de Omolu

Triplo nexo, duplo milênio
Mar da Arabá, austral Atlântico
Bahia de todos os Santos
Fortalezas não hão-de faltar

Tampouco a força do ijexá
O cadinho de todas as raças
Os rios de água Yorubá
O fogo inaugural das culturas
Os ventos soprados no Tempo
A Terra vista do Templo
Os desígnios de Adonai.

2 comentários:

  1. Lindo:-)! Com um ritmo de Capoeira ... A nao esquecer que

    "Quando eu venho de Luanda, aie
    Nao venho so ...

    Quando eu venho de Luanda, aie
    nao venho so ..."

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  2. Concordo integralmente com a observação de que "de Luanda, não viemos só". Talvez o poema não o tenha conseguido expressar suficientemente, mas a ideia, a princípio, era a de re-presentar o mito da Ilha Brasil enquanto síntese de raças, civilizações e culturas.
    A Ilha Brasil é uma possibilidade de Brasil, sem dúvida, mas não só. É ele, enquanto uma certa possibilidade, e tudo o que o constituiu junto: É Ibéria, é África, é Ameríndia, é Oriente e ainda alguma Europa.

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