O tempo passa e nada permanece o mesmo.
Tudo está sempre a mudar.
Umas coisas deixam de ser, esgotado o seu karma,
Outras vêm a ser, a partir das outras.
É o jogo do ser e não-ser, dominado pelo tempo.
O tempo é a mudança operada nas coisas,
A sua essencial instabilidade, desequilíbrio,
Entre o uno e o múltiplo, o finito e o infinito, o definido e o indefinido, o tudo e o nada,
Algoritmo que não controlamos.
E nesta roda viva de ecos, gritos, brilhos, sombras - fantasmas,
Tudo vai acontecendo, vindo a ser e deixando de ser, cheio de dores de pranto e parto, e de alegria,
Por obra não sabemos de quem.
E, por vezes, apetece-nos fugir e é o que fazemos:
conversamos; lemos um livro; vemos um filme; brincamos; damos uma solitária volta de carro pela noite escura, calcorreando o brilho psicadélico das luzes da cidade; fodemos como animais bestiais; matamos...
Libertamo-nos do jogo pelo esquecimento do jogo. Há verdadeira liberdade no acto. Enquanto dura. Poderá durar para sempre - um após outro, após outro...- e será que o queremos?
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