Só para os cegos há busca. Para quem vê, tudo é encontro. Só para os cegos há caminho. Para quem vê, tudo é já haver chegado. Só para os cegos há quem vê.
Não há caminho maior do que não haver caminho, para quem há caminho. Porque, para quem não há caminho, não há caminho maior do que o haver.
Não há sofrimento nem felicidade. Há experiências. Uma delas é a de imaginar haver delas um sujeito. Outra a de imaginar que são boas e más.
A subjectividade é um deserto na virginal exuberância do real que a esta tem por deserto e a si como oásis.
É impossível existir. Por mais que se tente. O constante fracasso dessa tentativa é a nossa eterna libertação.
A fruição de nada acontecer. O fascínio de habitar os espaços vazios da vida. A esmagadora e insípida intensidade do nada.
E os olhos que choram são cegos ou videntes? Pode o choro ser a afirmação do nada, do nada que somos e devimos? Serão as lágrimas a "dizibilidade", possível e impossível do nada? E chorar é ainda pensar? Lacrimejamos, logo existimos ou ...?
ResponderEliminarHá um texto bonito sobre lágrimas, bastões, cegos e beleza em Derrida...
gostaria de saber em que dia é a "conferência ilusão ... teixeira de pascoaes e pessoa..." às 18h30, para me pôr a caminho de lá.
ResponderEliminaragradeço.
...de(x)istimos?...
ResponderEliminarnão nos convidaram ! Mas soubemos que era no dia 21 de Fevereiro... ninguém irá confirmar !
ResponderEliminarConfirmo !
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCom o desaparecimento do sujeito desaparece também o caminho. Já que o caminho exige uma continuidade no tempo de algo que permanece constante enquanto viaja de A para B. Não quer dizer que não continuem a haver coisas a ir de A para B, simplesmente não existe um sujeito que sobreviva à viagem, em cada momento do caminho surge um intemporal I/eye/fonte da consciência... Para essa fonte cada momento da viagem é já o fim e o início e tudo... "não há caminho maior" do que o momento, da perspectiva da pura consciência, a memória, os conceitos de futuro e passado revelam-se como meros instrumentos da mente para dar estrutura ao ser social, cuja realidade é semelhante à do dinheiro: uma convenção/criação em que dá jeito acreditar.
ResponderEliminarMas quanto ao não haver sofrimento ou felicidade, sinceramente escapa-me esta experiência... a mim parece-me que há um crescendo de felicidade: à medida que encontramos mais e mais sentido. Na dissolução de todos os caminhos, mais que a felicidade, penso que encontraríamos um eterno orgasmo, a eterna felicidade de estar na Companhia do/a Amado/a, ainda mais, ser Uno com Ele/a. Maior felicidade que essa... já essa me parece impossível de imaginar...
Outra maneira de dizer é esta: o que é estar apaixonado? É dar, em cada momento, tudo o que somos. dizer tudo, mostrar tudo, acarinhar tudo, amar tudo. Em tudo entrar e tudo abençoar. Ou seja, é exprimirmos sem limites a nossa Liberdade. Num mundo absoluta e radicalmente dissoluto só restaria essa espampanante Liberdade, a Suma Felicidade. Pois nós, deixados a nós próprios, somos felicidade pura, Alegria pura, mais que isso: ÊXTASE. São as máscaras que nos deformam as feições.
Pelo menos foram estas paisagens que encontrei até agora no caminho, mas, como dizem que Sócrates dizia: só sei que nada sei, e estou sôfrego de Aprender!
(é pá ando-me a repetir!!! ^_^)
E Lili fechou por fim o livro e inspirou o ar tão profundamente como um recém-nascido, emitiu um bocejo, fechou os olhos e adormeceu tranquila como um gato ao sol.
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